[REPORTAGEM] UM ABORTO A CADA QUATRO GRÁVIDAS: A cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu

Titulo: Um aborto a cada quatro grávidas: a cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu

Autores: Plataforma THE INTERCEPT.COM – BRASIL

Ano: 2018.

O FILHO DE MARIA Félix, de 21 anos, resistiu pouco mais de seis meses de gestação. Morreu ainda no ventre, com apenas 322 gramas. A causa do aborto, que aconteceu com 25 semanas de gravidez, foi má formação: o bebê tinha o intestino para fora do abdômen e também problemas no coração. Não é incomum que as mães da região percam seus filhos precocemente. O bebê de Maria, ao que tudo indica, foi mais uma vítima precoce do agrotóxico glifosato, usado em grandes plantações de soja e de milho em Uruçuí, a 459 km de Teresina, no Piauí.

O mesmo veneno que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.

que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.

O mesmo veneno que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.

Link : UM ABORTO A CADA QUATRO GRÁVIDAS. A cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu

https://theintercept.com/2018/09/17/agrotoxico-aborto-leite/

[REPORTAGEM] – 5 verdades sobre os agrotóxicos. O que você precisa saber para não cair na conversa dos “defensivos agrícolas”

Titulo: 5 verdades sobre os agrotóxicos

Autora: Rafaella Dotta

Ano: 2018

O que você precisa saber para não cair na conversa dos “defensivos agrícolas”. Os deputados federais tentam aprovar mais um projeto que é contra os interesses da população. No dia 25 de junho, uma comissão de parlamentares aprovou o Projeto de Lei 6299, conhecido como “Pacote de Venenos”, que libera ainda mais o uso dos agrotóxicos no país. Desde então, o tema passou a ser muito debatido nas redes sociais e na mídia. Você lê aqui cinco argumentos levantados por movimentos populares e estudiosos sobre os perigos desses venenos na agricultura.

 

Projeto de lei sobre os agrotóxicos prejudicará alimentação saudável

Projeto de lei sobre os agrotóxicos prejudicará alimentação saudável – Fernando Frasão/Agência Brasil

1 – Lavar os alimentos com bicarbonato não limpa os agrotóxicos

Muitos vídeos na internet “ensinam” como se livrar do veneno lavando a comida com bicarbonato de sódio, iodo e até água sanitária. Segundo especialistas, isso pode limpar os agrotóxicos que estão nas cascas, mas nossos alimentos estão contaminados também “por dentro”. Os venenos são usados desde a preparação da terra e se entranham na composição do alimento. Não há detergente que limpe!

2 – Maioria dos brasileiros é contra os agrotóxicos

Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (IBOPE), em 2016, mostrou que 81% dos brasileiros acham a quantidade de agrotóxicos “muito alta” ou “alta”. Na mesma pesquisa, 82% considerava “muito importante” que políticos façam projetos para que a merenda escolar não tenha venenos.

3 – Plantações sem venenos conseguiriam, sim, alimentar todo o país 

Pequenos e médios agricultores demonstram cada vez mais que alimentação saudável é possível. Eles colocam em prática inúmeras técnicas denominadas “agroecológicas” e “orgânicas” para produzir alimentos sem agrotóxicos. Em 2017 a venda de produtos sem agrotóxicos cresceu 20%, mesmo sem o estímulo dos governos.

4 – AgroTÓXICOS eProjeto de lei sobre os agrotóxicos prejudicará alimentação saudável – Fernando Frasão/Agência Brasil: uma dupla inseparável

As terras do Brasil são umas das mais concentradas do planeta. Pouquíssimas pessoas são donas de muitas terras. Esse problema é uma das raízes do agronegócio, que são as enormes plantações de apenas um alimento (monocultura) e com sementes modificadas. O segundo grande problema é que essas culturas não sobrevivem sem os agrotóxicos. Por isso os deputados ruralistas defendem tanto o Pacote de Venenos.

5 – Maior uso de agrotóxico é para o estrangeiro, mas a contaminação é no Brasil

Você sabia que a maior parte dos campeões de uso de venenos não é consumida no Brasil? Eles são produzidos aqui, contaminam o solo, a água e os trabalhadores daqui, mas são vendidos no exterior. É o caso do algodão, da soja e do café, que têm 65% da produção para exportação. Isso contradiz os defensores do Pacote, já que a maior parte dos agrotóxicos não é para alimentar a população.

MINI ENTREVISTA | Camuflagem e mais liberação de agrotóxicos

A engenheira agrônoma Marilda Quintino Magalhães fala ao Brasil de Fato sobre as principais mudanças que o Projeto de Lei 6299 quer implantar. Ela representa a Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, que trabalha na promoção da agroecologia.

Brasil de Fato – O Pacote de Venenos tenta “disfarçar” os agrotóxicos?

Marilda Magalhães – Eles estão propondo mudar o nome de “agrotóxico” para “defensivo agrossanitário”. Com isso, os ruralistas querem passar para a população que aquele produto está defendendo a saúde. O que não é verdade. Todos os defensivos são tóxicos.

Quem vai escolher quais agrotóxicos podem ser usados no Brasil?

Atualmente a aprovação é feita pelo Ministério da Saúde (através da Anvisa), Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Agricultura. O PL deixa só o Ministério da Agricultura, onde a influência dos ruralistas é muito grande. Querem diminuir também o tempo de avaliação do agrotóxico, os estudos para saber as consequências na saúde e no meio ambiente.

É verdade que vão liberar vários agrotóxicos que hoje são proibidos?

Se o projeto for aprovado, sim. Vários países estão tornando suas leis mais rígidas, inclusive começando a proibir completamente os agrotóxicos, e os deputados ruralistas estão indo na contramão. Isso vai contaminar as atuais gerações e também as gerações futuras.

De olho nos partidos!

No dia 25 de junho, o PL de Venenos foi votado por uma comissão da Câmara de Deputados. Este grupo de parlamentares foi encarregado de estudar o projeto e propor alterações. O PL foi aprovado por 18 votos a favor e 9 votos contra. Anote aí:

Partidos que votaram a FAVOR do Pacote de Venenos: PSDB, MDB, DEM, PSL, PRB, SD, PSD, PRB, PR, PP

Partidos que votaram CONTRA o Pacote de Venenos: PT, PSOL, PCdoB, PSB

Os deputados federais tentam aprovar mais um projeto que é contra os interesses da população. No dia 25 de junho, uma comissão de parlamentares aprovou o Projeto de Lei 6299, conhecido como “Pacote de Venenos”, que libera ainda mais o uso dos agrotóxicos no país. Desde então, o tema passou a ser muito debatido nas redes sociais e na mídia. Você lê aqui cinco argumentos levantados por movimentos populares e estudiosos sobre os perigos desses venenos na agricultura.

LinK : 5 verdades sobre os agrotóxicos. O que você precisa saber para não cair na conversa dos “defensivos agrícolas”

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