[LIVRO] Capitulo: Gêneros e formatos na televisão brasileira

Titulo: Gêneros e formatos na televisão brasileira

Autor: Jose Carlos Aronchi de Souza

Ano: 2004

Paginas: 196 – 16

Introdução: Baseado numa pesquisa de mais de dez anos, o autor, experiente profissional de televisão, professor de produção e diretor de programas educativos, identifica as características técnicas e de produção dos diferentes gêneros de programa de televisão. Em linguagem clara e acessível, oferece-nos um manual prático para estruturação de programas.

Prefacio: As informações sobre a programação da TV brasileira publicadas neste trabalho foram coletadas durante dez anos, de 1994 a 2003. Este longo caminho até a publicação foi acompanhado de muitas contribuições de colegas que me incentivaram a tornar este livro realidade. Em vários congressos e encontros profissionais, fui indagado sobre a futura publicação do trabalho e informado sobre a carência de estudos sobre gêneros na TV no Brasil. Essas in- formações vieram de profissionais e pesquisadores respeitáveis da área de televisão de locais distantes da minha área de convívio, como Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de várias cidades de São Pau- lo. Cada vez que me informavam sobre o uso de partes do trabalho que estavam disponíveis parcialmente em outros ensaios, minha reação era a de quem assume que deve a publicação completa, mas vai pagar quando puder. Na verdade, eu não acreditava que, depois de tanto tempo, este trabalho apresentado em partes em vários eventos ainda tivesse alguma importância para publicação, ainda que citado na bibliografia de importantes publicações sobre televisão, como Telejornalismo no Brasil, entre outras.

Em 2003, dez anos após o início da pesquisa, participei de dois debates sobre televisão no XXVI Congresso da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), na PUC-Minas. Em ambos os debates, os expositores reconheceram a dificuldade com o tema, pela falta de bibliografia sobre os gêneros na TV. Porém, numa discussão sobre critérios editoriais no telejornalismo, fui surpreendido por uma pesquisadora da Faesa, que, sem conhecer este autor e sem saber que eu me encontrava na platéia, citou minha dissertação de mestrado como uma das poucas referências que tinha sobre gêneros na televisão e por isso aguardava a publicação. Ao ouvir que fiquei famoso por nunca ter publicado a dissertação, resolvi retomar a pesquisa, elaborar a atualização e concluí-la neste livro, visto que os conceitos essenciais sobre a programação da TV não mudaram desde a sua invenção. Portanto, este trabalho deve continuar atual por muito tempo…

O tema gêneros na televisão é, sem dúvida, apaixonante. Para ser sincero, adquiri essa paixão porque, ao me aprofundar nele, cheguei a descobertas fascinantes sobre planejamento, produção, comercialização, transmissão e recepção dos programas de tele- visão. Desenvolvi o trabalho a partir da minha experiência pro- fissional e acadêmica em diversas produtoras de vídeo no Brasil e no exterior e nas redes de TV Globo e Cultura, além de aulas de televisão que ministrei nos cursos de Comunicação Social, nas habilitações em Jornalismo e Radialismo, nas Universidades Es- tadual de São Paulo (Unesp-Bauru), Metodista (Umesp), de Mo- gi das Cruzes (UMC) e Católica de Santos (UniSantos).

Nesses cursos, antes de desenvolver as atividades práticas, fazia com os alunos um reconhecimento de campo dos progra- mas de televisão. Abordava as principais características de cada programa e tentava associá-las a outros de emissoras diferentes. Se não houvesse similares, buscava referência histórica que pu- desse explicar a idéia e o objetivo de cada produção. Isso trazia vários elementos semelhantes entre os programas e dava unifor- midade às linguagens da produção de TV, facilitando a identifi- cação das técnicas e dos recursos utilizados pelos produtores.

Esse foi o caminho didático utilizado para classificar os gêneros de cada programa sem uma reflexão mais aprofundada e rigorosa. Tal dinâmica facilitava a organização e o planejamento de projetos de produção de programas experimentais, pois os alunos tentavam perseguir um gênero e um formato até desenvolverem fórmulas próprias. Mas ainda sentia falta de uma teoria de apoio para a classificação dos gêneros e formatos de toda a pro- gramação da TV.

A ausência de estudos específicos que permitissem classificar os gêneros, bem como suas variações, estimulou este estudo so- bre as categorias, os gêneros e formatos da televisão brasileira, a fim de que servisse como ponto inicial para o ensino de produ- ção de programas para televisão. O objetivo é oferecer subsídios para que estudantes interessados na análise dos conceitos da pro- gramação e os professores das disciplinas técnicas, juntamente com seus alunos, desenvolvam programas de TV com objetivida- de sobre os princípios básicos, obtidos após a identificação das características de cada programa.

Esta pesquisa permitiu identificar 31 formatos aplicados em 37 gêneros distribuídos em cinco categorias. Mesmo com esses números, não tenho a pretensão de fazer um histórico de cada gênero. Assim, muitos programas importantes que fizeram histó- ria no gênero não são citados, porque o objetivo não é esse. O presente estudo justifica-se pela necessidade de organizar os con- ceitos sobre televisão para contribuir com o desenvolvimento do veículo de comunicação de massa mais influente e cada vez mais presente na vida do brasileiro.

O livro permite a leitura utilizando o zapping, pulando trechos, indo direto aos programas ou visualizando os quadros e gráficos que ilustram a pesquisa. Na Abertura, faço algumas considerações sobre o tema central e a importância do ensino de televisão nos cursos de Comunicação e as especificidades das habilitações em Jornalismo e Radialismo. Valorizo o ensino de categorias, gêneros e formatos com a opinião de pesquisadores nacionais e internacionais e dou a receita do tempero da salada de gêneros. Nessa parte, explico a estruturação da pesquisa, com- posta pelo tripé teórico da teoria dos gêneros, da classificação dos programas pelas emissoras e pela análise da programação das sete redes de televisão brasileiras: Cultura, SBT, Globo, Record, Rede TV! (ex-Rede Manchete), Gazeta e Bandeirantes.

O leitor verá retratada uma época da TV brasileira em fase de mudança significativa. Acompanho o período de 1994 a 2003 e faço uma análise mais profunda sobre o ano de 1996, que serviu  de base para a aplicação do método de pesquisa. Durante esses   dez anos, todas as emissoras passaram por momentos que mar- caram sua programação: a Cultura sofreu declínio em razão da forte crise financeira que ainda perdura; o SBT conseguiu, em momentos raros porém em horários importantes, alcançar o primeiro lugar de audiência com programas populares; a Globo diminuiu sua margem na liderança da programação; a Record reformulou a programação sob a direção de um grupo evangéli-  co; o Grupo Bloch vendeu a concessão da Manchete para a nova Rede TV!; a Gazeta encerrou seu contrato com o grupo CNT; e a Bandeirantes deixou de lado seu slogan “o canal do esporte” para investir em outros gêneros.

Para ajudar a entender essa indústria que é a televisão brasileira, no primeiro capítulo apresento as definições teóricas e as relações entre a arte e a comunicação. Surgem aí as primeiras definições dos objetos de estudo, as categorias, os gêneros e o for- mato dos programas. No segundo capítulo, enfoco a sistemática de programação de uma emissora, desvendando o ponto-chave que é a grade horária. Como a televisão se insere num mercado global, no terceiro capítulo traço um panorama dos gêneros de sucesso nas TVs mundiais, abordando a programação da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina.

Finalizado esse primeiro bloco teórico, faço um rápido inter- valo e passo para o segundo bloco, no qual se encontra a classificação de categorias, gêneros e formatos, que compõe o último capítulo dessa grande novela sobre os programas da TV brasileira. A pesquisa sobre 1996 gerou alguns gráficos que ajudam a compreender as opções de cada emissora no desenvolvimento da sua programação, segundo o perfil adotado por cada rede. Os gráficos e tabelas estão no quarto capítulo, juntamente com a análise das porcentagens de distribuição de cada gênero na grade de pro- gramação das TVs.

Após 1996, acompanhei pela imprensa o desenrolar das programações. Isso serviu de base para a formação de um arquivo de cerca de dois mil artigos que possibilitaram a identificação daqueles 37 gêneros e 31 formatos que compõem os quadros, separados em cinco categorias: entretenimento, informação, educação, publicidade e outros.

O encerramento não poderia ser outro senão as conclusões, que permitem abrir caminho para o estudo dos formatos da TV, assunto cada vez mais importante quando se pensa em produções criativas e inéditas. Espero que o leitor não durma antes de ler o fim. Zap!

Palavras Chaves: Formatos e Generos de TV, Educação e TV, Televisaão e Linguagem.

Link: Generos e Formatos de TV

https://books.google.com.br/books/about/G%C3%AAneros_e_formatos_na_televis%C3%A3o_brasil.html?id=R1lXD47mUCQC&redir_esc=y

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