(ARTIGO) – Quem é quem no organograma agrário e ambiental do novo governo –

Titulo:  Quem é quem no organograma agrário e ambiental do novo governo

Autores: Por Luiza Dulci e Nilton Tubino

Ano: 2019

Introdução: Não existe mais a disputa interna entre agronegócio e agricultura familiar que teve lugar nos governos Lula e Dilma, ou até antes. A agenda da produção agrícola em larga escala é um dos carros-chefes do governo Bolsonaro e está assegurada por aliados em outras pastas ministeriais. Medidas tomadas nestes primeiros dias de janeiro dão o tom e a direção do novo governo nas áreas socioambiental e agrária. Apesar das mudanças drásticas, há que se registrar que não há espanto, afinal todas ou quase todas as medidas haviam sido anunciadas na campanha eleitoral e no período de transição. A medida provisória (MP) 870, publicada em 2 de janeiro de 2019, e os posteriores decretos sobre pastas específicas, definiram nova estrutura governamental com 22 ministérios e 19 secretarias especiais. A fusão de ministérios e a criação dos chamados superministérios – Economia, Agricultura, Cidadania – não resulta propriamente em redução da máquina e da burocracia. Vale mencionar, por exemplo, que o Ministério da Cidadania, antigo Ministério do Desenvolvimento Social, que anexou Cultura e Esportes, prevê em sua estrutura até 19 secretarias. Da mesma forma, o novo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que anexou a antiga secretaria especial da Pesca, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), por sua vez ex-Ministério do Desenvolvimento Agrário, conta agora com sete secretarias.

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(OPINIAO PUBLICA) Política agrária e Incra: questão de (dês)ordem ou de (dês)igualdade? –

Titulo: Política agrária e Incra: questão de (dês)ordem ou de (dês)igualdade?

Autor: Por Carlos M.Guedes de Guedes

Ano: 2019

Das repercussões sobre a nomeação do general João Carlos de Jesus Corrêa para a presidência do Incra acompanhei particularmente os elogios a respeito da decisão presidencial. Os argumentos enfatizam a “necessária colocação de ordem” na questão agrária e na gestão da autarquia. O motivo, dizem, se deve ao fato do Incra ter se tornado um órgão que, ao fim e ao cabo, se notabilizou por recepcionar demandas democráticas sobre a desconcentração da terra e reparações históricas como a regularização dos territórios quilombolas, previstas na Constituição Brasileira. Um problema na visão de alguns. Fala-se em “pente-fino” na autarquia e uso da autoridade militar para resolver os conflitos fundiários no Brasil.

Vale lembrar que os movimentos sociais rurais de luta pela terra (re)nascem exatamente durante a ditadura militar[1]. Ou seja, não é novidade sentarem à mesa com militares sobre conflitos agrários e possíveis soluções. A novidade do próximo período talvez esteja no desafio de compreender como a questão da propriedade da terra se relacionar mais intensamente com o capital financeiro, e de que forma essa conexão provoca mais concentração e riqueza para poucos. Para o órgão fundiário, o desafio está em reconhecer a questão e enfrentá-la, ou assistir passivamente. Esse é um problema real que se acumula a outras medidas do atual governo, como o enxugamento fiscal da política agrícola, as perdas de mercados externos por postura ideológica, e retirada de mecanismos de proteção para produção interna. O MST é mesmo o problema? E as dívidas dos agricultores nos bancos, e a enxurrada de leite importado que liquidará a produção nacional[2]?

Por meio da Lei de Acesso à Informação[3] é possível conhecer não apenas o que está acontecendo no rural brasileiro, mas também quem está se apropriando dos ganhos no campo. Dados do cadastro do Incra e da certificação de imóveis rurais sobrepostos ao Cadastro Ambiental Rural e dados do IBGE nos mostram a expansão das commodities agrícolas sempre demandando mais terras. Nessas mesmas regiões, entretanto, vivem comunidades que cultivam comida e praticam agricultura ou pecuária de economia familiar. A partir da retirada negociada ou de forma violenta das ocupações tradicionais, inicia-se um processo em que os ganhos produtivos se combinam com os ganhos especulativos; há um salto exponencial em lucratividade, etapas são abreviadas em função do baixo preço da terra com vegetação nativa a ser suprimida e mão-de-obra disponível e barata. O progresso técnico consolida o ciclo. O desmatamento aumenta o PIB. O território é transformado.

A partir do momento em que foi atingido o teto de ganhos nos territórios conquistados, novas áreas são necessárias. Em vez de recuperar terras degradadas em latifúndios, buscam Unidades de Conservação e Terras Indígenas, porque expandir sobre essas áreas é mais barato do que recuperar solos exauridos. O número de empresas donas de terras no Brasil cresce a cada ano, cada vez mais associadas a fundos de investimento internacionais[4]. Tais empresas acessam os limitados recursos do crédito rural e novos mecanismos de financiamento porque oferecem menor “risco” aos bancos. E assim, o círculo vicioso da exclusão impede que pequenos e médios consigam competir. Está aberta a fábrica de sem-terra, pois não resta outra alternativa a não ser abandonar a atividade e vender o patrimônio, já que, fruto da especulação, a propriedade adquire um preço muito superior ao retorno que os cultivos alimentares conseguem obter. Quando interesses externos definem a continuidade ou não de famílias produtoras no campo do Brasil, estamos falando, sim, de perda de soberania territorial e alimentar. Estamos falando de terras que param de produzir arroz e feijão para atender aos interesses de fora do país.

Soberania continua sendo palavra de ordem nos concorrentes internacionais do Brasil no mundo do “agro”. Aqui, sempre tivemos setores da sociedade atentos a esse tema, nos quais se incluíam os militares. É do período militar a criação da Lei 5.709/71, que trata da limitação da aquisição de terras por estrangeiros. Assim voltamos à questão de ordem para a nova gestão do Incra: ceder aos interesses internacionais a partir de seus prepostos fora e dentro do governo, ou impor limites à expansão especulativa a fim de não ampliar desigualdades no campo e, consequentemente, não aumentar o número de sem-terra para se preocupar.

Link: https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2019/02/politica-agraria-e-incra-questao-de-desordem-ou-de-desigualdade-por-carlos-m-guedes-de-guedes/

(ARTIGO) Brasil, o País das injustiças socioambientais nas tragédias anunciadas.

Titulo: Brasil, o País das injustiças socioambientais nas tragédias anunciadas.

Autor: Anderson Kazuo Nakano

Ano: 2019

No Brasil, quando acontece alguma tragédia impactante que mobiliza todos os meios de comunicação e comove a opinião pública nacional e internacional, é comum ouvir a frase “é uma tragédia anunciada”! Uma vez ocorrida a tragédia, essa frase passa a ser repetida e propagada tanto nas denúncias quanto nas matérias e noticiários elaborados pelos profissionais do jornalismo, bem como nos comentários de especialistas convocados para dar as suas declarações que são inseridas em reportagens transmitidas pelos jornais, rádios, computadores, telefones celulares e televisões. Com os rompimentos recentes da barragem do Fundão da SAMARCO/Vale/BHP Billiton, em 2015, e da barragem do Córrego do Feijão da Vale, em 2019, ambas no estado de Minas Gerais, voltamos a ouvir a frase trágica: tragédia anunciada. Ela evidencia, no Brasil, a falta de prevenção mesmo diante de avisos prévios emitidos por vozes técnicas e políticas que alertam com insistência para perigos iminentes. Por que não aprendemos com o rompimento da barragem da SAMARCO/Vale/BHP Billiton em Mariana e não adotamos medidas preventivas para evitar o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho?

O fracasso no estabelecimento de legislações mais rígidas para evitar a recorrência de tragédias anunciadas mostram com contundência que, no Brasil, recusamos gerir preventivamente as causas das tragédias e preferimos gerir emergencialmente as consequências dessas tragédias. Essa inversão antiética prioriza os lucros econômicos em detrimento de vidas humanas, dos ecossistemas e das biodiversidades. No caso do rompimento da barragem do Córrego do Feijão da Vale, a recusa em relação à gestão preventiva das causas dessa tragédia anunciada reflete o desprezo que a lógica corporativa-empresarial, dominado pelo sistema globalizado das finanças, tem pelas vidas humanas e pelo meio ambiente locais. Esse desprezo contrasta com a prioridade dada aos esforços voltados para a redução dos custos de produção e para a obtenção de lucros e ganhos financeiros.

ENROLAÇÃO E A FALTA DE DIÁLOGO COM A COMUNIDADE

Na carta divulgada pelo Movimento Águas e Serras de Casa Branca (“Nossa Terra Sangra, Nosso Povo Chora, Nossa Luta Continua”), surgido em 2010, “na comunidade de Jangada, vizinha do complexo minerário Paraopebas e do Córrego do Feijão”, mostra com clareza o desprezo pela gestão preventiva e participativa na eliminação e redução das causas de tragédias anunciadas. Esse desprezo aparece na desonestidade e na recusa da Vale em dialogar com a sociedade civil que vive nas áreas impactadas por suas atividades. Na carta ainda se lê que o Movimento Águas e Serras de Casa Branca exigiu, “na ocasião da votação da renovação da licença de operação da mina de Córrego do Feijão, que a companhia se relacionasse com a população diretamente atingida para informar suas atividades e pretensões no território e considerar a opinião dos moradores a respeito”.

A exigência de uma relação da empresa com a comunidade deu origem ao “Fórum de Relacionamento com as Comunidades da Jangada/Casa Branca e Córrego do Feijão”. Depois de “um ano e maio de reuniões bimestrais nas dependências da Vale S.A.”, continua a carta, os membros do Movimento abandonaram “o espaço devido às regras e métodos definidos pela empresa, à omissão e à manipulação de informações”. Segundo a carta, os membros daquele Movimento não podiam “fotografar, filmar e (…) ter acesso às apresentações ali realizadas pelo corpo técnico da mineradora. Além disso, as atas não refletiam tudo o que havia sido debatido”. Os membros do Movimento Águas e Serras de Casa Branca chegaram a levar, sem sucesso, suas denúncias para assembleias anuais de acionistas da Vale realizadas no Rio de Janeiro. Além de “enrolar” os membros da sociedade civil organizada preocupados com sua segurança e com o futuro dos seus territórios, a Vale também atua junto a diferentes órgãos e instâncias governamentais a fim de evitar a adoção de medidas preventivas capazes de evitar as causas de tragédias anunciadas provocadas por suas atividades, visando obter vantagens indevidas. É de conhecimento público o trânsito de pessoas entre cargos de direção na Vale e em órgãos governamentais responsáveis pela regulação das atividades da mineração. Essas pessoas atuam e influenciam a elaboração, instituição e implementação das normas que regulam as atividades da mineração no país, bem como os aparatos e procedimentos de fiscalização na aplicação dessas normas. Além da “porta giratória” entre a Vale e diferentes instâncias governamentais, há financiamentos de campanha e lobbies constantes em favor dos interesses privados dessa empresa.

GESTÃO DAS CONSEQUÊNCIAS EM VEZ DE PREVENÇÃO DAS CAUSAS

Ainda em relação ao mesmo crime presente no rompimento da barragem do Córrego do Feijão da Vale, a preferência pela gestão das consequências dessa tragédia anunciada (em detrimento da prevenção das suas causas), além de refletir aquele desprezo pelas vidas humanas e pelo meio ambiente, reflete também a injustiça presente na disseminação dos riscos e perigos gerados pela busca gananciosa por lucros e ganhos financeiros destinados aos executivos e acionistas da Vale. Trata-se de uma injustiça porque, após a ocorrência da tragédia anunciada, as vítimas acabam lidando individualmente com boa parte das consequências, muitas vezes por conta própria, com o auxílio inexistente e insuficiente tanto da Vale quanto do poder público. A preferência pela gestão emergencial das consequências da tragédia anunciada reflete também a certeza de impunidade dos responsáveis da Vale e do governo pelas tragédias que causam, bem como a garantia de redução e minimização das perdas e prejuízos provocados pelo pagamento de multas, indenizações e pela realização de ações compensatórias relativas às consequências dessa tragédia. As “Observações Preliminares da Missão da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale em Brumadinho”, realizada entre 29 de janeiro e 5 de fevereiro de 2019, mostram a veracidade dessas afirmações. Essa Articulação reúne, desde 2009, grupos do “Brasil, Argentina, Chile, Peru, Canadá, Moçambique, com o objetivo central de contribuir no fortalecimento das comunidades em rede, promovendo estratégias de enfrentamento aos danos ambientais e às violações de direitos humanos relacionados à indústria extrativa da mineração, sobretudo decorrentes da atuação da Vale em diversos Estados do Brasil e em outras partes do mundo”. O Movimento Águas e Serras de Casa Branca mencionado antes participa da Articulação.

Após a ocorrência da tragédia anunciada, as “Observações Preliminares da Missão da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale em Brumadinho” denunciam o controle e manipulação da Vale sobre as informações e seus canais, os postos de atendimento, os movimentos sociais, as associações comunitárias, os meios de comunicação, equipes de atendimento de órgãos públicos, voluntários, demandas sociais, dentre outros elementos. Denunciam também a desassistência por parte da Vale em relação às condições de alojamento e de moradia das vítimas atingidas pela tragédia anunciada, bem como a falta de transparência em relação a planos emergenciais e laudos técnicos. As Observações Preliminares também levantam suspeição em relação às doações em dinheiro para as famílias. Essas doações foram feitas pela Vale mediante assinatura de um suspeito termo de doação que não foi disponibilizado publicamente. Essas denúncias e suspeições dão motivos para preocupações e suspeitas em relação às responsabilizações criminais que devem recair com a carga devida sobre a Vale e autoridades públicas culpadas pelos crimes envolvidos na tragédia anunciada. Tais preocupações e suspeitas se estendem para possíveis injustiças socioambientais no pagamento de multas, indenizações e realização de ações compensatórias. Essas suspeitas não são nem um pouco infundadas se pensarmos na maneira como foram tratadas as consequências socioambientais do rompimento recente da barragem do Fundão da SAMARCO/Vale/BHP Billiton.

Um país de tragédias anunciadas não é somente o país que despreza e ignora a prevenção. É também o país que não aprende com as tragédias ocorridas ao longo de sua história e, por isso mesmo, é um país que está condenado a repetir eternamente tais tragédias. Isso vale também para as tragédias eleitorais.

*Professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (IC-Unifesp)

Brasil, o país das injustiças socioambientais nas tragédias anunciadas

(ARTIGO) – Mudança climática em curso pode alterar interação ecológica entre espécies

Titulo: Mudança Climática em curso pode alterar interação ecologica entre espécieis.

Autor: Peter Moon (Agencia FAPESP)

Ano: 2019.

Herbívoros, onívoros, carnívoros, insetívoros, frugívoros, carniceiros e decompositores. Os ecossistemas da Terra funcionam em uma formidável teia de interações entre plantas, animais, insetos, fungos e microrganismos. Uma parte fundamental dessas interações reside no equilíbrio da cadeia alimentar entre predadores e herbívoros, que regula a produção vegetal do planeta.

Esse equilíbrio entre predadores e presas que se alimentam de plantas pode ser alterado em decorrência das futuras mudanças climáticas. A conclusão é de uma pesquisa apoiada pela FAPESP e publicada na revista Nature Climate Change. “No estudo, traçamos as causas dessas mudanças e demonstramos que elas são explicadas por componentes do clima, especialmente da temperatura, que serão alterados no futuro”, disse Gustavo Quevedo Romero, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor principal do artigo.

Segundo pesquisador, as mudanças climáticas podem redistribuir a força das interações ecológicas entre as espécies de presas e predadores. Os resultados mostram que temperaturas mais altas e um clima mais estável e menos sazonal levam a uma maior pressão de predação. Porém, a maior instabilidade no clima que acompanha as mudanças climáticas em curso, especialmente nas regiões tropicais, levará a uma diminuição geral na pressão de predação nos trópicos. Em contraste, algumas regiões de zonas temperadas sofrerão aumento da pressão de predação.

“Essa reorganização das forças de interação entre espécies poderá ter consequências desastrosas para o funcionamento dos ecossistemas terrestres e afetar os serviços ecossistêmicos que eles oferecem, como o controle biológico e o ciclo de nutrientes”, disse Romero. Os agricultores orgânicos nos trópicos, por exemplo, dependem do controle biológico exercido pelos inimigos naturais das pragas de lavoura. No entanto, as mudanças climáticas previstas poderão diminuir a efetividade desses predadores no controle de pragas.

O novo estudo se baseou em dados previamente coletados em uma pesquisa publicada na revista Science em 2017, sob a coordenação de Tomas Roslin, da Universidade Sueca de Ciências da Agricultura, de Uppsala, na Suécia, e também da Universidade de Helsinque, na Finlândia.

Nesse trabalho anterior, os pesquisadores avaliaram a impressão de mordidas em lagartas artificiais para mostrar que, quanto mais aumenta o gradiente latitudinal dos ecossistemas (em direção às regiões temperadas e polares), a probabilidade de um herbívoro ser comido por um predador é apenas uma fração do que ocorre nas regiões equatoriais.

O estudo foi feito a partir da mensuração do risco de predação de 2.879 lagartas artificiais moldadas com massa de modelar verde. Elas foram monitoradas em 31 locais do planeta ao longo de um gradiente latitudinal que se estendeu desde o paralelo 30,4° sul, na altura do Rio Grande do Sul, da África do Sul e do centro da Austrália, até o paralelo 74,3° norte, na altura do Ártico canadense, da Groenlândia e do extremo norte da Sibéria. Os 31 locais estavam distribuídos em um gradiente de elevação que ia desde o nível do mar até 2.100 metros de altitude, ou seja, pouco abaixo da altitude da Cidade do México (2.240 metros).

As lagartas artificiais foram coladas na parte superior de folhas inteiras em plântulas ou arbustos com no máximo 1 metro de altura. Com base na análise das marcas de dentadas e bicadas preservadas na massa de modelar, os pesquisadores avaliaram que seis grupos de predadores foram afetados: aves, lagartos, mamíferos, artrópodes e gastrópodes (caracóis ou lesmas).

Ajuste climático

No artigo da Science, os autores confirmaram a hipótese de que a pressão de interação biótica aumenta em direção ao Equador e diminui em direção aos polos. No trabalho agora publicado na Nature Climate Change, o que se fez foi confrontar os dados de predação das lagartas e suas localizações com dados bioclimáticos do presente e do futuro, com base em diversos modelos climáticos que preveem as alterações no clima a partir das emissões de dióxido de carbono.

“Utilizamos modelagem de nicho para estudar interações bióticas, método originalmente desenvolvido para prever a distribuição espacial de espécies”, disse.

Para o novo estudo, os autores usaram a WorldClim 2, uma base de dados de 19 variáveis bioclimáticas aplicadas globalmente em uma grade com resolução espacial de 1 quilômetro quadrado.

Em seguida, foi aplicado o método de modelagem de equações estruturais para determinar a importância relativa dos efeitos diretos e indiretos da latitude absoluta, elevação e do clima local subjacente (incluindo componentes climáticos da precipitação e temperatura) na pressão de predação. Segundo Romero, esses modelos revelaram que os dados de predação foram mais explicados pelas variações nos componentes da temperatura.

Projeções futuras

Os pesquisadores foram capazes de prever a redistribuição da pressão de predação em todo o globo, projetada para o cenário climático de 2070. “De maneira geral, o que pudemos constatar foi que, para 2070, a pressão de predação poderá ser sensivelmente afetada pela variação de temperatura, mas possivelmente não será afetada pelas mudanças na precipitação”, disse Romero.

Segundo ele, a pressão de predação será afetada tanto pelo aumento quanto pela instabilidade da temperatura (elevações e reduções bruscas) em determinados ecossistemas.

“A instabilidade de temperatura, mais do que o seu aumento, diminuirá a pressão de predação. E esse impacto será exacerbado em regiões tropicais, onde se prevê que o clima se tornará mais instável”, disse Romero.

Os dados sugerem que, com a elevação das temperaturas, o nível de pressão de predação se elevará moderadamente nas regiões temperadas, que se espalham por América do Norte e Ásia. Nos países escandinavos, no Reino Unido e no Alasca, o aumento da pressão de predação entre artrópodes será maior.

A pressão de predação será reduzida justamente nas regiões equatoriais, que concentram os ecossistemas mais biodiversos do planeta, ou seja, a África equatorial, o Sudeste Asiático, a Indonésia e as regiões tropicais da América do Sul, América Central e Caribe.

Os dados sugerem que, juntamente com a Colômbia, o Brasil será particularmente afetado. Talvez o Brasil seja o país mais afetado, devido à sua posição nos trópicos e à grande extensão da Floresta Amazônica.

“A mudança climática não se reflete apenas nas mudanças de distribuição das espécies, mas também nas mudanças de interação entre elas”, disse Romero. “Nos trópicos poderá surtir efeitos sobre o rendimento da agricultura tropical, com o consequente aumento das ameaças à segurança alimentar, devido a uma diminuição na eficiência do controle biológico em áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas”, disse.

Além de Romero e de Roslin, também participaram do trabalho o biólogo Thadeu Sobral-Souza, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro; Thiago Gonçalves-Souza, da Universidade Federal Rural de Pernambuco; Nicholas Marino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Pavel Kratina, da Queen Mary University of London, no Reino Unido, e William Petry, do Institute of Integrative Biology, na Suíça.

O estudo também contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep).

Link: O artigo Global predation pressure redistribution under future climate change (doi: https://doi.org/10.1038/s41558-018-0347-y) pode ser lido em www.nature.com/articles/s41558-018-0347-y.

(ARTIGO) Em Defesa dos Trabalhadores Rurais

Titulo: Em Defesa dos Trabalhadores Rurais

Autor: Jean Prates

Ano: 2019

Sob a alegação de combater fraudes em benefícios previdenciários, o presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória, a MP 871/2019, alterando regras de concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão e aposentadoria rural. A estimativa do governo é economizar R$ 9,8 bilhões apenas no primeiro ano de vigência da medida. Na prática, a MP vai inviabilizar o acesso aos direitos previdenciários de milhões de trabalhadores rurais, penalizando aqueles que mais precisam da Previdência. O trabalhador rural considerado segurado especial pela Previdência é aquele que trabalha no regime de economia familiar em pequena propriedade (de até 4 módulos fiscais). A MP determina que não serão mais aceitas as declarações dos sindicatos rurais como prova dessa atividade rural. Também deixarão de ter validade as declarações de colônias de pescadores.

Por enquanto, a autodeclaração do segurado especial será válida, mas apenas se ratificada por entidades credenciadas no Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (PRONATER), ligado ao Ministério da Agricultura, ou por outros órgãos públicos. A partir de 2020, somente serão aceitas as informações registradas junto ao Ministério da Economia, por meio de um cadastro próprio vinculado ao Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Esta será a única forma de comprovar o tempo de trabalho rural sem contribuição. Se a malfadada medida provisória não for rejeitada ou, no mínimo, alterada – e a regra que penaliza os segurados especiais for mantida – a partir de janeiro de 2020 haverá a exclusão da maioria dos pequenos produtores rurais do acesso à proteção previdenciária. Tomando como exemplo o número de segurados especiais cadastrados no CNIS-Rural, que não alcança 10% do montante total, constataremos que os poucos cadastros existentes foram realizados pelos sindicatos que representam os trabalhadores rurais, mediante acordo de cooperação técnica firmado com o INSS para esta finalidade específica.

É bom lembrar que nos pequenos municípios do país, mesmo nos órgãos públicos, não há estrutura organizada para comportar a alimentação desse sistema, atendendo os segurados especiais em sua integralidade. Muitos dos órgãos e instituições vinculadas à União e aos Estados sequer estão presentes em todos os municípios. Nos próprios municípios, sobra carência de recursos financeiros e humanos para a realização do atendimento à população,

Preocupado com esta situação, e em consonância com o que defende a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), apresentei 13 emendas à MP 871 propondo a manutenção dos acordos de cooperação com as entidades sindicais. Defendo que os sindicatos continuem com a incumbência de ratificar a autodeclaração do segurado sobre sua condição de segurado especial e o exercício da atividade rural. Esse trabalho dos sindicatos, ao contrário do que talvez possa especular o governo por meio da medida provisória, contribui de forma significativa para evitar fraudes na Previdência. Entre as emendas que propus, uma delas adia para janeiro de 2029 a decisão de o CNIS Rural ser usado como prova exclusiva. Também mantém os acordos de cooperação com os sindicatos e colônias de pescadores. Outra mantém o prazo quinquenal para o requerimento do salário-maternidade.

Também emendei a MP para estabelecer que o INSS deve firmar acordo de cooperação com sindicatos para atendimento dos segurados, além de impedir que o governo firme acordo de cooperação com instituições financeiras para este mesmo objetivo. Trabalharei em conjunto com a bancada do PT e outras forças progressivas no Congresso para evitar que esta desumanidade seja efetivada contra os trabalhadores rurais.

Jean Paul Prates é economista e advogado. Senador pelo Rio Grande do Norte/Brasil

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(ARTIGO) O Prelúdio do Desenvolvimento Sustentável

Titulo: O Prelúdio do Desenvolvimento Sustentável

Autor: José Eli da Veiga

Ano: 

Introdução: Examinadas as circunstâncias concretas em que ocorreu o acréscimo do adjetivo “sustentável” – de uso extremamente restrito até o início dos anos 1980 – ao substantivo “desenvolvimento”, sobressai imenso contraste entre os antecedentes de cada uma dessas duas idéias. Antes de ser usada para questionar a qualidade do desenvolvimento alcançado pelas duas dezenas de países avançados, a noção de “sustentabilidade” pertencia à Biologia, e se referia tão somente às condições em que a extração de recursos naturais renováveis pode ocorrer sem impedimento à reprodução dos respectivos ecossistemas. Evidentemente, foi bem mais complexa, além de muito mais longa, a evolução das idéias sobre o desenvolvimento das sociedades humanas, ao qual vem sendo colado, desde 1987, o adjetivo sustentável. A ambição deste texto é justamente a de sintetizar essa evolução da idéia de desenvolvimento da sociedade desde que ela deixou de ser um simples sinônimo de progresso material, ou enriquecimento. Principalmente porque é o conhecimento dessa pré-história da expressão “desenvolvimento sustentável” que pode evitar que seu uso seja um simples modismo. E isso exige reflexão cuidadosa sobre três diferentes ordens de problemas, ligados respectivamente a três antecedentes: “desenvolvimento econômico”, “crescimento com distribuição de renda”, e “desenvolvimento humano”.

Desenvolvimento Econômico.

Até meados dos anos 1970, o desenvolvimento era sempre identificado apenas com progresso material. Para alguns autores, o enriquecimento levaria espontaneamente à melhoria dos padrões sociais. Para outros, a relação parecia mais complexa, pois o jogo político intervinha, fazendo com que o crescimento tomasse rumos diferenciados, com efeitos heterogêneos na estrutura social. Mas todos ainda viam o desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico. Quinze anos depois, quando surgiu o primeiro Relatório sobre o Desenvolvimento Humano (1990), opanorama já era completamente diferente. O crescimento da economia passara a ser entendido por muitos analistas como elemento de um processo maior, já que seus resultados não se traduzem automaticamente em benefícios. Percebera-se a importância de refletir sobre a natureza do desenvolvimento que se almejava. Ficara patente, enfim, que as políticas de desenvolvimento deveriam ser estruturadas por valores que não são apenas os da dinâmica econômica.

Um crucial momento de inflexão nessa trajetória foi o livro de Celso Furtado. – O Mito do Desenvolvimento Econômico, lançado em 1974.  – Em obras anteriores ele não havia rompido com a abordagem fundadora da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), como assinalou Fernando Henrique Cardoso no texto “O desenvolvimento na berlinda”, de 1979. E uma boa ilustração dessa mudança foi apresentada um quarto de século depois, pelo então presidente da República, em conferência pronunciada em Washington cujo título que dificilmente poderia ser mais incisivo para os propósitos desta coletânea: “Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos”. Lembra que “nas ciências sociais os conceitos são historicamente densos.
Quer dizer: eles precisam redefinir-se sempre que ocorram alterações de alcance estrutural nas relações sociais. Assim, as novas dimensões – ecológicas e até éticas, por exemplo – enriqueceram as noções do desenvolvimento” (Cardoso, 1995). A idéia de desenvolvimento econômico é um simples mito, proclamara Celso Furtado em 1974.

Graças a ela foi possível desviar as atenções da tarefa básica de identificação das necessidades fundamentais da coletividade e das possibilidades que abre ao homem o avanço da ciência, para concentrá-las em outros objetivos abstratos. “Como negar que essa idéia tem sido de grande utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de cultura arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o caráter predatório do sistema produtivo?” (Furtado, 1974:75-6).

Os mitos têm exercido uma inegável influência sobre a mente dos homens que se empenham em compreender a realidade social. Os cientistas sociais têm sempre buscado apoio em algum postulado enraizado num sistema de valores que raramente chegam a explicitar. Enfim, o mito congrega uma série de hipóteses que não podem ser testadas. Contudo, essa não é uma dificuldade maior, pois o trabalho analítico se realiza em nível muito mais próximo da realidade. A função principal do mito é orientar, em um plano intuitivo, a construção daquilo que o grande economista Joseph Alois Schumpeter (1883- 1950) chamou de visão do processo social, sem a qual o trabalho analítico não teria qualquer sentido. Uma visão pré-analítica. Assim, os mitos operam como faróis que iluminam o campo de percepção do cientista social, permitindo-lhe ter uma visão clara de certos problemas e nada ver de outros, ao mesmo tempo em que lhe proporciona conforto intelectual, pois as discriminações valorativas que realiza surgem ao seu espírito como um reflexo da realidade objetiva.

Sempre segundo Furtado, a literatura sobre o desenvolvimento econômico nos dá um exemplo meridiano desse papel diretor dos mitos nas ciências sociais: pelo menos noventa por cento de seu conteúdo se funda na idéia, que se dá por evidente, segundo a qual pode ser universalizado o desenvolvimento econômico, tal qual vem sendo praticado pelos países que lideraram a revolução industrial. Os padrões de consumo da minoria da humanidade que atualmente vive nos países altamente industrializados poderão ser acessíveis às grandes massas de população em rápida expansão que formam a periferia. Essa idéia constitui, seguramente, um prolongamento do mito do progresso, elemento essencial na ideologia diretora da revolução burguesa, na qual se criou a atual sociedade industrial (Furtado, 1974:15-16). O mais importante é que a idéia de desenvolvimento está no cerne da visão de mundo que prevalece em nossa época. Nela se funda o processo de invenção cultural que permite ver o homem como um agente transformador do mundo. Foi o que disse bem mais tarde o mesmo Furtado na apresentação da terceira edição revista de uma de suas obras primas: “Introdução ao Desenvolvimento”. A humanidade interage com o meio no empenho de efetivar suas potencialidades.

Por isso, na base da reflexão sobre esse tema existe implicitamente uma teoria geral do homem, uma antropologia filosófica. E é a insuficiência dessa teoria que permite entender o freqüente deslizamento para o reducionismo econômico e sociológico. Todavia, o tema central do estudo do desenvolvimento é a criatividade cultural e a morfogênese social, assuntos que permanecem praticamente intocados. “Por que uma sociedade apresenta em determinado período de sua história uma grande capacidade criadora é algo que nos escapa. Menos sabemos ainda por que a criatividade se orienta nesta ou naquela direção” (Furtado, 2000:7). Existe evidência de que a invenção cultural tende a ocorrer em torno de dois eixos: a busca da eficácia na ação e a busca de propósito para a própria vida. A primeira tem sido chamada de racionalidade instrumental ou formal e a segunda de racionalidade substantiva, ou dos fins. A invenção diretamente ligada à ação supõe a existência de objetivos previamente definidos. Ela gera a técnica. Já a invenção ligada aos desígnios últimos gera valores, que podem ser morais, religiosos, estéticos, etc. O que não se sabe ao certo é a razão pela qual, neste ou naquele momento de sua história, uma sociedade favorece a criação de técnicas e não de valores substantivos. Menos conhecidos ainda são os determinantes que orientam a criatividade de valores substantivos para o plano estético, religioso, político ou do saber puro.

Contudo, insiste Furtado (2000:8): “não temos dúvida de que a inovação, no que respeita aos meios, vale dizer, o progresso técnico, possui um poder de difusão muito maior do que a criação de valores substantivos”. O gênio inventivo do homem foi canalizado nos últimos duzentos anos para a criação técnica, o que explica sua extraordinária capacidade expansiva. E é a esse quadro histórico que se deve atribuir o fato de que a teoria do desenvolvimento tenha ficado circunscrita à lógica dos meios, tendendo a se confundir com a explicação do sistema produtivo que emergiu com a civilização industrial. No entanto, o desenvolvimento deve ser entendido como processo de transformação da sociedade não só em relação aos meios, mas também aos fins (Furtado, 2000:8). O crescimento econômico só se metamorfoseia em desenvolvimento quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida da população. Essa talvez tenha sido a fórmula mais sintética de Celso Furtado para dizer o que é desenvolvimento.

Faz parte de conciso texto publicado no final de 2004 pela Revista de Economia Política: “o crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos  privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento” (Furtado, 2004:484). Crescimento com distribuição Quando se admite que é errado reduzir o desenvolvimento ao aumento da renda per capita, é muito comum que imediatamente surja a idéia de que o desafio fundamental, então, seria o da distribuição de renda. Isto é, que o desenvolvimento poderia ser facilmente definido pela combinação do crescimento com a distribuição de renda. Infelizmente o problema não é tão simples, e a melhor maneira de apresentá-la é fazer um breve retrospecto do debate científico sobre o tema.

A primeira contribuição significativa sobre essa relação surgiu em célebre conferência presidencial proferida por Simon Kuznets (1901-1985) ao congresso da associação dos economistas americanos de 1954, e publicada no ano seguinte na American Economic Review. Bem mais tarde, em 1971, ele recebeu o Prêmio Nobel, o que certamente ajudou muito na aceitação e difusão daquilo que ficou conhecido como “curva de Kuznets”, ou “curva do ‘U’ invertido”, sobre a relação entre crescimento e distribuição. Na citada conferência, Kuznets procurou mostrar que as evidências disponíveis faziam pensar que a desigualdade de renda tendia a aumentar na fase inicial da industrialização de um país, ocorrendo o inverso em fase posterior, quando esse país estivesse industrializado (e, portanto, desenvolvido, como se pensava na época). Foi essa a base científica daquela famosa parábola que insistia na necessidade de que o primeiro o bolo
crescesse para que depois fosse repartido. Sua principal intenção foi a de formular a hipótese que as evidências disponíveis apontavam como a mais plausível. Infelizmente, o problema estava justamente na precariedade das evidências disponíveis em 1954 sobre a evolução da distribuição de renda, mesmo no restrito grupo dos países industrializados.

Quem se der ao trabalho de ler o texto, publicado na American Economic Review de março de 1955, não poderá deixar de se perguntar como é possível que tal hipótese tenha gerado um consenso tão largo e tão duradouro na comunidade dos pesquisadores em economia. As únicas razoáveis bases de dados se referiam aos Estados Unidos e ao Reino Unido. Além delas, Kuznets dispunha de boas estatísticas sobre a Prússia e a Saxônia, mas elas não confirmavam as tendências americanas e britânicas, pois tinha havido reconcentração de renda na Alemanha no período posterior à Primeira Guerra Mundial. E para fazer a comparação com os países periféricos, só dispunha de bons dados para a Índia (1949-50), Ceilão (1950) e Porto Rico (1948). Apesar da hipótese de Kuznets sobre uma tendência de longo prazo na forma de “U” invertido” ter se apoiado em base empírica tão modesta, ela foi transmitida a várias  gerações de economistas como se fosse uma lei tão séria quanto a da gravidade. Talvez devido a razões políticas e ideológicas que fizessem as pessoas se apegar a essa idéia, mas também porque quase todos os testes feitos para casos isolados pareciam confirmar a hipótese de Kuznets.

Ela só foi realmente colocada em xeque quarenta anos depois, quando o Banco Mundial terminou a montagem de uma base de dados envolvendo 108 economias nacionais durante quatro décadas. Essencialmente porque mostrou a inexistência de um único padrão histórico de evolução da distribuição de renda. A partir da divulgação dessa base de dados nas páginas da The World Bank Economic Review pelos pesquisadores Klaus Deininger & Lyn Squire (1996), o velho consenso apoiado na hipótese de Kuznets parece estar sendo substituído por outro: de que a estrutura da distribuição de renda é extremamente persistente, seja qual for o crescimento econômico. Isto é, que não resta nada a fazer para atenuar a concentração de renda, independente do que se possa fazer pelo crescimento. Desde a Segunda Guerra Mundial, o crescimento variou muito entre os países, ao passo que a distribuição de renda quase não mudou em termos comparativos. Isto não quer dizer que tenha desaparecido a controvérsia sobre as possíveis vantagens ou desvantagens que poderiam ser proporcionadas ao próprio crescimento por uma melhor distribuição da riqueza e da renda. Há modelos que sugerem, por exemplo, que o crescimento impulsionado por um determinado setor da economia só pode ser durável se os benefícios do surto inicial forem distribuídos de maneira suficientemente homogênea para que permita a expansão e o aprofundamento dos mercados. Tanto mais favorável ao crescimento seria o perfil da demanda quanto menos desigual fosse a distribuição de renda. Outros modelos sugerem que o crescimento será tanto menor quanto maior for a desigualdade de renda e de riqueza no país. Mas as evidências empíricas que poderiam confirmar tais conclusões ainda são insuficientes para que seja abalado o consenso sobre a enorme rigidez das estruturas de distribuição de renda herdadas do passado prémoderno de crescimento. Importante literatura sobre o tema tornou-se bem acessível no Brasil graças aos artigos traduzidos e publicados por Teófilo (2000).

Mesmo assim, o Fundo Monetário Internacional (FMI) promoveu dois importantes encontros sobre o tema (em 1995 e em 1998), cujos trabalhos foram editados por Vito Tanzi e colegas (1998, 2000). A principal intenção dos dois eventos era discutir a relação entre distribuição de renda e crescimento com o objetivo de avaliar se, e como, ela poderia ser melhorada pelas políticas econômicas. Mas essa nobre preocupação foi subvertida pelo principal conferencista do segundo desses encontros: o indiano Amartya Sen. Ele começou perguntando se distribuições de renda e de riqueza seriam mesmo temas centrais para as questões de justiça e eqüidade nos países em desenvolvimento. E ilustrou essa pergunta com uma comparação entre a China e a Índia. Em 1997, os 10% mais pobres da China recebiam apenas 2,2% da renda, enquanto na Índia sua parte era dois terços maior: 3,7%. No extremo oposto, na China, os 10% mais ricos recebiam 30,9% da  renda, enquanto na Índia só lhes cabia 28,4%. Ou seja, haveria mais eqüidade na Índia do que na China se avaliada pela distribuição de renda. Todavia, quase metade a população adulta da Índia continuava analfabeta, enquanto na China não chegava a um quinto. Pior, entre as mulheres o analfabetismo atingia 62% na Índia e 27% na China. É claro que a Índia tinha muito mais habitantes com educação superior, mas isso só realçava a maior desigualdade das oportunidades educacionais na Índia quando comparada à China. O contraste entre os dois países era ainda mais evidente na área da saúde. Sofriam de subnutrição 63% das crianças indianas de menos de 5 anos, contra 17% das chinesas. E a taxa de mortalidade infantil era exatamente o dobro na Índia: 68 por mil contra 34 na China. Em síntese: o papel da renda e da riqueza – ainda que seja importantíssimo – tem de ser integrado a um quadro mais amplo e completo de êxito e privação. A pobreza deve
ser vista como uma privação de capacidades básicas, e não apenas como baixa renda.

Desenvolvimento Humano

Apesar de pobreza ser uma idéia essencialmente econômica, não há como entendê-la sem sua dimensão cultural. Foi Adam Smith quem estabeleceu essa estreita ligação entre privação cultural e pobreza econômica. Não disse apenas que a pobreza assume a forma bruta de fome e privação física, mas também que ela pode surgir nas dificuldades que alguns segmentos encontram para participar da vida social e cultural da comunidade. A lista de mercadorias que contam como “necessidades” não é independente, segundo Smith, das exigências da cultura local. Para ele, os chamados “bens de primeira necessidade” não são apenas aqueles indispensáveis para o sustento, mas todos os que o país considera indigno que alguém não possua. Quando o hábito fez com que, na Inglaterra, os sapatos de couro se tornassem uma necessidade, qualquer pessoa digna passou a ter vergonha de aparecer sem eles em público. A cultura estabelece uma
importante relação entre rendimentos relativos e capacidades humanas absolutas, afirma o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2004.

Aí está uma mudança fundamental no modo de se entender o desenvolvimento. E ela certamente não foi exposta de forma mais sistemática e cristalina do que na série de conferências proferidas entre 1996 e 1997 por Amartya Sen, como membro da presidência do Banco Mundial. Em 1998 ele recebeu o Prêmio Nobel de Economia, e no ano seguinte editou essa série de conferências sob o título “Desenvolvimento como liberdade”. Todavia, é fundamental lembrar que o tratamento que deu à idéia de desenvolvimento na passagem para o século XXI foi um aperfeiçoamento da contribuição que já havia oferecido ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no final dos anos 1980. Ele foi um dos dez consultores internacionais convocados pelo saudoso paquistanês Mahbud ul Haq. Depois de ter trabalhado por muitos anos no Banco Mundial, Mahbud havia formado a convicção de que uma das piores pragas contra o desenvolvimento era a falta de uma alternativa à renda per capita sempre que o problema fosse o de avaliá-lo, ou medi-lo. Como arquiteto do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, que o PNUD publica anualmente desde 1990, seu maior desejo foi o de criar  um indicador sintético capaz de fornecer aos seus usuários uma espécie de hodômetro do desenvolvimento.

Nem seria necessário conhecer profundamente o pensamento de Amartya Sen para prever que ele se oporia a esse tipo de ambição. Se, ao final das contas, desenvolvimento é a expansão das liberdades substantivas, como imaginar a possibilidade de captar tal fenômeno mediante um indicador sintético? E não deu outra. O indiano manifestou ao querido colega e amigopaquistanês seu profundo ceticismo com respeito à idéia de que algum índice pudesse sintetizar a realidade complexa do processo de desenvolvimento. Um breve relato desse diálogo foi feito pelo próprio Sen numa contribuição especial que enviou ao Relatório sobre o Desenvolvimento Humano de 1999. Mahbud concordava com a precariedade inevitável de qualquer indicador sintético do desenvolvimento, mas
insistia que a tirania da renda per capita nunca seria colocada em xeque por um kit de tabelas, por melhores que elas pudessem ser. Os leitores poderiam até admirá-las, mas assim que precisassem utilizar uma medida sintética, voltariam à renda per capita em razão de sua simplicidade e comodidade. Sen recorda que, enquanto ouvia os argumentos de Mahbud, pensava num poema de T.S. Eliot sobre a incapacidade do gênero humano de agüentar realidade em demasia… “Nós precisamos de uma medida, dizia Mahbud, tão simples quanto o PIB – uma única cifra –
mas que não seja tão cega em relação aos aspectos sociais da vida humana”.

Ele esperava que um índice desse tipo, além de complementar o uso do PIB, suscitaria mais interesse pelas demais variáveis que seriam apresentadas nas longas tabelas do relatório. Na citada contribuição especial, o Prêmio Nobel de Economia de 1998 deu sua mão à palmatória. “Devo admitir que Mahbud tinha inteira razão nesse aspecto, e me felicito pelo fato de não o termos impedido de procurar uma medida sumária.” Ou seja, o emprego mais razoável do poder de atração do IDH – o Índice de Desenvolvimento Humano – é aquele que estimula seus usuários a consultarem também o amplo sortimento de tabelas estatísticas e análises críticas detalhadas fornecidas anualmente pelos relatórios. Na concepção de Sen e de Mahbud, só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento servem à ampliação das capacidades humanas, entendidas como o conjunto das coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. E são quatro as mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno e ser capaz de participar da vida da comunidade. Na ausência destas quatro, estarão indisponíveis todas as outras possíveis escolhas. E muitas oportunidades na vida permanecerão inacessíveis. Além disso, há um fundamental pré-requisito que precisa ser mais explicitado: as pessoas têm que ser livres para que suas escolhas possam ser exercidas. Para que garantam seus direitos e se envolvam nas decisões que afetarão suas vidas. Na verdade, o objetivo básico do desenvolvimento é alargar as liberdades humanas. O processo de desenvolvimento pode expandir as capacidades humanas, expandindo as  escolhas que as pessoas têm para viver vidas plenas e criativas. E as pessoas são tanto beneficiárias desse desenvolvimento, como agentes do progresso e da mudança que provocam. Este processo deve beneficiar todos os indivíduos eqüitativamente e basear-se na participação de cada um deles. Esta é a abordagem do desenvolvimento que tem sido defendida por todos os Relatórios sobre o Desenvolvimento Humano, desde o primeiro, em 1990.

A gama de capacidades que os indivíduos podem ter e as escolhas que podem ajudar a expandir essas capacidades é potencialmente infinita, embora varie muito conforme a pessoa. Porém, a política pública trata de fixar prioridades e há dois critérios úteis na identificação das capacidades mais importantes para avaliar o progresso mundial na realização do bem-estar humano, objetivos dos Relatórios. Em primeiro lugar, essas capacidades devem ser universalmente valorizadas. Em segundo, devem ser básicas para a vida, no sentido de que sua ausência impediria muitas outras escolhas. Por essas razões, os Relatórios incidem nas quatro capacidades mencionadas acima: vida longa e saudável, conhecimento, acesso aos recursos necessários para um padrão de vida digno e participação na vida da comunidade. O Relatório de 2004 enfatiza que o desenvolvimento depende da maneira como osrecursos gerados pelo crescimento econômico são utilizados: se para fabricar armas ou para produzir alimentos; se para construir palácios ou para fornecer água potável. E resultados humanos como a participação democrática na tomada de decisão, ou igualdade de direitos para homens e mulheres, não dependem dos rendimentos. Por isso, o PNUD admite que o IDH é um ponto de partida. Recorda que o processo de desenvolvimento é muito mais amplo e mais complexo do que qualquer medida sumária conseguiria captar, mesmo quando completada com outros índices. Ou seja, o IDH não é uma medida compreensiva, pois não inclui, por exemplo, a capacidade de participar nas decisões que afetam a vida das pessoas e de gozar o respeito dos outros na comunidade. Como diz o Relatório de 2004, uma pessoa pode ser rica, saudável e muito instruída, mas sem essa capacidade o desenvolvimento é retardado. A omissão dessa dimensão cívica tem sido realçada desde os primeiros Relatórios, e levou o PNUD a criar um índice da liberdade humana, em 1991, e de um índice da liberdade política, em 1992. Nenhuma dessas medidas sobreviveu ao seu primeiro ano, o que testemunha a dificuldade de quantificar adequadamente aspectos tão complexos do
desenvolvimento.

A saída foi tratar extensivamente desses temas, mas de forma mais qualitativa. Em 2002, o tema foi a democracia, por exemplo, e em 2004 o Relatório foi dedicado à liberdade cultural expansão da liberdade é vista por Amartya Sen como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. Consiste na eliminação de tudo o que limita as escolhas e as oportunidades das pessoas. O crescimento econômico obviamente pode ser muito importante como um meio de expandir as liberdades desfrutadas pelos membros de uma sociedade. Mas as liberdades também dependem de muitos outros determinantes, como os serviços de educação e saúde, ou os direitos civis. A industrialização, o progresso tecnológico ou a modernização social podem contribuir substancialmente para a expansão da liberdade humana, mas esta depende também de outras influências. Se a liberdade é o que o desenvolvimento promove, então existe um argumento fundamental em favor da concentração dos esforços de análise nesse objetivo abrangente, e não em algum meio específico ou alguma lista de instrumentos especialmente escolhida. O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência de Estados repressivos.

O âmago da questão.

O âmago da questão reside, portanto, na dificuldade de preservar e expandir as liberdades substantivas de que as pessoas hoje desfrutam sem comprometer a capacidade das futuras gerações desfrutarem de liberdade semelhante ou maior. Por isso, o desgaste da camada de ozônio, o aumento do efeito estufa, e as perdas de biodiversidade, são três dos problemas globais que explicitam a natureza dos grandes conflitos sociais contemporâneos. Mesmo que se atribua absoluta supremacia ao antropocentrismo, ainda assim a questão central é a de garantir condições para que as futuras gerações possam desfrutar de liberdade bem maior que a atual. Não poderia ter sido mais oportuna, então, a exposição dessa tese pelo próprio Amartya Sen. São transcendentes duas de suas observações em curto artigo de 2004. A primeira é a crítica ao que muitos supõem ser o “conceito” de desenvolvimento sustentável. A versão original, do Relatório Brundtland, comparava as “necessidades” desta e das próximas gerações. Na forma ampliada por Robert Solow, a comparação passou a ser entre “padrões de vida”. Mas está ausente das duas versões a liberdade dos humanos para salvaguardarem aquilo que valorizam e aquilo a que atribuem importância. Nossa razão para valorizar determinadas oportunidades não precisa sempre derivar da contribuição que elas oferecem ao nosso padrão de vida. A segunda observação se refere ao senso de responsabilidade quanto ao futuro das espécies. É justamente pelo fato de a espécie humana ter conseguido se tornar a mais poderosa, que ela deve ter responsabilidade para com as outras, em generoso e altruísta esforço por minorar tal assimetria. Se uma comunidade humana demonstra preferência pela conservação de determinado ecossistema, em vez da implantação de um parque de diversões, por exemplo, isto só pode ser sinal de que interesses estreitamente paroquiais se subordinaram a uma bem mais vasta atenção global a valores morais e estéticos. Mas estas são considerações que já pertencem à história, e não à pré-história, do ideal de “desenvolvimento sustentável”, assunto tratado de forma mais ampla em Veiga (2005).

Leituras mais recomendadas

Para lastrear e aprofundar uma compreensão do fenômeno do desenvolvimento deve-se dar muita atenção a tudo o que foi escrito pelo magnífico trio formado por Celso Furtado, Amartya Sen e Ignacy Sachs. Como quase toda a vastíssima obra de Furtado é dedicada a este tema, uma maneira de ir direto ao ponto é ler as quatro referências deste texto em ordem inversa à cronológica. Isto é, começar pelo conciso e recente artigo publicado no número 96 da Revista de Economia Política, que pode até ser entendido como seu testamento. Passar em seguida ao estudo da terceira edição revista da Introdução, de 2000, acompanhado do fácil desfrute da pequena pérola O Capitalismo Global, de 1998. E só depois encarar a leitura um pouco mais árdua, que faz a ponte para o tema da sustentabilidade: O Mito do desenvolvimento econômico, de 1974. Não é necessário ir muito além da leitura de Desenvolvimento como liberdade para se apropriar da contribuição de Amartya Sen. É uma obra de síntese, que remete o leitor aos inúmeros trabalhos anteriores sobre temas mais específicos. Mas também seria ilusório recomendar a imediata leitura do livro inteiro a um estudante de graduação. Por isso, a sugestão é que leia e releia, com muita atenção, pelo menos os três primeiros capítulos, onde são esmiuçados os fins e os meios do desenvolvimento. Depois de Furtado e Sen, o leitor certamente vibrará com os dois pequenos livros de Ignacy Sachs lançados pela Garamond. O conselho é que comece pelo mais recente – Desenvolvimento – seguido da perspectiva de futuro proposta em Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. E é claro que esta lista estaria imperdoavelmente incompleta sem enfática recomendação de consultas aos Relatórios sobre o Desenvolvimento Humano, publicados anualmente pelo PNUD desde 1990.

REFERÊNCIAS

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(AUDIOVISUAL) Cinco curtas – videos documentários Brasileiros – Tematicas: Indigenas, Ambiental e Historia

Apresentação: Cnco curta – metragem. Videos – documenatrios que abordam os principais problemas e controversas da atualidade do ambiente e desmanche da floresta. O esforço  titânico dos defensores da terra mãe, indígenas sem armas mais guerreiros da terra brasileira.

1.- Titulo: À Sombra de um Delírio Verde

Sinopse: Na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território. Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto.

Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo. Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros.

Ficha Técnica

Tempo: 29 min

Países: Argentina, Bélgica e Brasil

Narração: Fabiana Cozza

Direção: An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Mu

Ano: 2011

Link: http://www.ecodebate.com.br – http://www.funai.gov.br/index.php/ascom/475-filmes-sugeridos/165-segundo-exemplo-de-video

https://www.youtube.com/watch?v=c2_JXcD97DI

 

2.- Titulo: Povos indígenas e práticas de ensino no Brasil

Sinopse: Programa da disciplina D21, Conteúdos e Didática da História, do Curso de Pedagogia Unesp/Univesp: De que maneira a história dos povos indígenas é tratada na História da civilização? O programa debate essa questão ao mesmo tempo em que mostra como o artigo 210 da Constituição de 1988 obriga a discussão sobre a diversidade étnico-cultural do país, ajudou na criação de escolas indígenas. A experiência da aldeia indígena Tenondeporã , onde em 2001 foi implantada a Escola Estadual Indígena Gwyra Pepó é exemplo e fio condutor do programa. Bloco 2 – Didatica dos Conteudos – Disciplina 21: Conteudos e Didatica da Historia.

Ficha Tecnica:

Duração: 15 minutos.

Direção/Produção: Tereza Malatiam – TV – Cultura.

Pais: São Paulo/Brasil.

Ano: 2012

Link: https://tvcultura.com.br/videos/36868_d-21-povos-indigenas-e-praticas-de-ensino-no-brasil.html

https://www.youtube.com/watch?v=VNanwYCDEsY

 

3.- Titulo: “A Lei da Água (Novo Código Florestal)

Sinopse “A Lei da Água – Novo Código Florestal” esclarece as mudanças promovidas pelo novo Código Florestal e a polêmica sobre a sua elaboração e implantação. O documentário mostra como a lei impacta diretamente a floresta e, assim, a água, o ar, a fertilidade do solo, a produção de alimentos e a vida de cada cidadão. Produzida ao longo de 16 meses, a obra baseia-se em pesquisa e 37 entrevistas com ambientalistas, ruralistas, cientistas e agricultores. Retrata ainda casos concretos de degradação ambiental e técnicas agrícolas sustentáveis que podem conciliar os
interesses de conservação e produção da sociedade.

Ficha Técnica:

Duração: 75 min

Direção: André D’Elia e Fernando Meirelles.

Montagem: Raoni Reis.

Direção de Som: Diego Depane.

Cinematografia: Federico Dueñas

Direção de Arte: Vital Pasquale

Ano:

Link:  https://vimeo.com/123222594 –  https://vimeo.com/146848768

https://www.youtube.com/watch?v=jgq_SXU1qzc

 

4.- Titulo: A Batalha de Belo Monte

Sinopse: A Batalha de Belo Monte”, reportagem de fôlego que explica a maior e mais controversa obra de infraestrutura dos governos Lula e Dilma. No dia 12 de janeiro de 2014, o programa TV Folha levou ao ar o especial “A Batalha de Belo Monte”, reportagem de fôlego que explica a maior e mais controversa obra de infra estrutura dos governos Lula e Dilma. Este vídeo é uma compilação no formato curta metragem dos três blocos do programa: “O Canteiro” (http://youtu.be/sR0rTLLsRtY); “Altamira” (http://youtu.be/oNU0s-DK2Tw) e “Os Impactados” (http://youtu.be/9zU5_-HlaBA). Em dezembro de 2013 foi ao ar um especial multimídia com fotos, vídeos, e mais de 20 páginas de texto que ajudam a compreender as polêmicas que envolvem a obra. Para saber mais acesse: www.folha.com/belomonte

Ficha tecnica:

Direção: Douglas Lambert, Marcelo Leite e Lalo de Almeida

Reportagem: Marcelo Leite, Dimmi Amora e Morris Kachani

Fotografia: Lalo de Almeida e Rodrigo Machado

Arte: Demétrius Daffara Edição: Douglas Lambert

Link: https://www.youtube.com/watch?v=CUqGWNYzSIQ – www.folha.com/belomonte

 

5.- Baré, Povo do Rio

Sinopse:  O documentário Baré, povo do rio retrata o cotidiano, costumes e lendas da etnia. Os Baré vivem ao longo do Rio Xié e alto curso do Rio Negro, na Amazônia. Oriundos da família linguística aruak, hoje falam o nheengatu, língua difundida pelos carmelitas no período colonial, e integram a área cultural conhecida como Noroeste Amazônico. O documentário acompanha os principais usos e costumes do grupo, e seus ritos ancestrais, como o dabucuri, ritual de troca, e o kariamã, ritual de iniciação para a vida adulta, no qual são repassados aos mais jovens conselhos e ensinamentos sobre como viver na floresta.

Ficha Tecnica: 

Direção: Tatiana Toffoli

Produção: Tatiana ToffoliDainara Toffoli

Duração: 63 minutos:

Ano: 2015

Link: https://www.youtube.com/watch?v=nd69jnE35uA

(LIVRO) Plantando sonhos. Experiências em Agroecologia no Estado de São Paulo

Titulo: Plantando sonhos. Experiências em Agroecologia no Estado de São Paulo

Autora: Marcia Tait Lima

Ano: 2018

Apresentação

Eis aqui um livro construído por múltiplos autores. Os diversos grupos que existem e resistem em cada canto do estado de São Paulo relataram suas experiências, práticas, desafios, evidenciando a realidade de diversos atores e o dia-a-dia de quem luta por uma agricultura de base ecológica, justa, que trás benefícios socioambientais, valoriza cultura local e equidade de gênero e idade. Este livro surgiu como resultado do projeto “Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Horticultura Orgânica (CVT) de São Paulo”, desenvolvido pelo Grupo de Agroecologia Timbó, situado
na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP campus Botucatu. O CVT surgiu do edital 81 proposto pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, e outros, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico-CNPq. Como resultado temos uma série de articulações, associações e manifestações, estudantis, populares, de incentivo a outros eixos dentro do contexto agrário.

O CVT-SP propôs atividades como cursos voltados para estudantes, técnicos extensionistas e agricultores, participação nos assentamentos da região com trabalhos de extensão e pesquisas com as temáticas de tecnologias aplicáveis a agricultura familiar e desenvolvimento de biondicadores da eficiência ecológica de Sistemas Agroflorestais. Outra proposta do CVT foi a articulação com outros núcleos de agroecologia, criando uma rede de trocas de experiências e fortalecimento dentro do estado de São Paulo. Boa parte dessas atividades estão relatadas neste livro. Para facilitar a sua leitura, dividimos os capítulos em algumas seções, a saber: técnicas e pesquisas, extensão rural e universitária, articulação e comunicação, processos educativos e agroecologia e economia solidária e comércio justo.

Dentro do tema “economia solidária e comércio justo” o leitor poderá conhecer experiências como o CSA e outras iniciativas. Iniciativas estas que tem por objetivo aproximar o consumidor do produtor, fazer a ligação campo-cidade, evitar atravessadores, garantir alimentos saudáveis para a população, incentivar feiras, entre outros. Encontrará também relatos dos intensos e desafiadores trabalhos de extensão rural e universitária. Os leitores poderão conhecer interessantes e ousadas pesquisas, que trabalham com visão holística dos agroecossistemas. Elas fortalecem a agroecologia cientificamente, trazendo comprovações da forma de produção e inovações para o campo.Dentro do tema “processos educativos” experiências de grupos de permacultura do interior do  estado estão presentes e contam um pouco do trabalho coletivo e da importância do empoderamento  dos diversos atores para o enfrentamento da agricultura convencional destrutiva, através de metodologias participativas.

As experiências diversas no âmbito da articulação e comunicação permitirão o(a) leitor(a) viajar com os(as) caravaneiros(as) do comboio agroecológico pelo sudeste e com as caravanas regionais realizadas no interior de São Paulo entre os anos de 2015 e 2016, conhecendo as metodologias inovadoras, participativas e de incrível vivência. Nesta seção também estão relatadas as experiências de alguns NEAs (Núcleos de Estudos em Agroecologia), suas atividades dentro da Universidade e fora  dela e os esforços dos mesmos para criação de uma rede agroecológica no estado. Além, é claro, das  experiências de articulação como a APA (articulação paulista de agroecologia) e Rede Leste Paulista de agroecologia, contando os desafios para a construção de uma sólida rede. Por fim, temos como objetivo aqui contar histórias, ou sistematizar as atividades, a fim de  empoderar e encorajar novas experiências em outros territórios, com intuito de fortalecer a articulação dentro do estado, e dar sinergia nas ações.

Link: https://www.academia.edu/36787986/Plantando_Sonhos_-_Experi%C3%AAncias_em_Agroecologia_no_Estado_de_S%C3%A3o_Paulo_2018_

(ARTIGO) Qual é a importância do Brasil no Acordo do clima de Paris

Titulo:  Qual é a importância do Brasil no Acordo do clima de Paris

Autor: Alexandre Kossoy.  (Grupo de Mudanças Climáticas do Banco Mundial).

Ano: 2018

Introdução:  À primeira vista, para quem conhece pouco sobre mudanças climáticas, a expressão Contribuição Nacionalmente Determinada e sua sigla em inglês, NDC, parecem misteriosas. Mas não são. Para compreendê-las, vamos começar com o princípio de que cada país precisa fazer sua parte – dar sua contribuição – para diminuir as emissões de carbono, reduzir o aquecimento global e a probabilidade de ocorrência de eventos extremos, como secas, inundações e furacões.

Brasil no Acordo do clima de Paris.

Esse compromisso foi firmado em dezembro de 2015 durante a COP21 (a 21ª Convenção das Partes sobre Mudança do Clima) da  Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. À época, assinou-se o Acordo de Paris, que busca manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2ºC (em relação aos níveis pré-industriais). O acordo entrou em vigor em 4 de novembro de 2016 e até hoje, dos 197 países que fazem parte da Convenção, 180 ratificaram o acordo. Com o acordo, cada país estabeleceu sua NDC e a contribuição prometida pelo Brasil é considerada uma das mais ambiciosas.

O país comprometeu-se a implementar ações para, até 2030, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% em relação ao nível registrado em 2005. A fim de alcançar a meta, o Brasil pretende adotar medidas que incluem, entre outras:

  1. ​Aumentar a participação de fontes renováveis no mix de energia do país para 45%. Para isso, o país planeja aumentar a participação de fontes renováveis e não hidráulicas (eólica e luz solar) em seu mix energético de 28 para 33%; aumentar a participação da bioenergia sustentável (biocombustíveis e biomassa) para 18%; e expandir o uso de combustíveis não fósseis e de fontes de energia renováveis (excluindo a energia hídrica) para pelo menos 23% do mix energético do país;
  2. Aumentar a eficiência energética no setor elétrico em 10% e promover tecnologia limpa e eficiência energética nos setores industrial e de transporte;
  3. Alcançar, na Amazônia brasileira, zero desmatamento ilegal até 2030 e compensar as emissões de gases de efeito estufa da supressão legal de vegetação até 2030;
  4. Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas;
  5. Restaurar mais 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 e a melhoria de 5 milhões de hectares de sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ICLFS) até 2030.

Os projetos do Banco Mundial contribuem para apoiar o Brasil no cumprimento das NDCs. Impulsionam setores como energias limpas, agricultura de baixo carbono e redução do desmatamento, prioritários na contribuição nacionalmente determinada pelo país.

Exemplo desses projetos é o FIP CAR, de US$ 32,5 milhões, que está sendo executado pelo Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente. O projeto tem por objetivo a implementação do Cadastro Ambiental Rural em municípios selecionados no Cerrado como estratégia para promover a redução do desmatamento e da degradação florestal e a melhoria da gestão sustentável das florestas.

Há também o projeto FIP ABC Cerrado, de US$ 10,6 milhões, desenvolvido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a Embrapa e o Serviço Nacional de Aprendizado Rural. Com assistência técnica e gerencial, o projeto estimula fazendeiros a adotar e investir em práticas sustentáveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em suas propriedades, visando também aumentar a produtividade com sustentabilidade.

Já o FinBRAZEEC, de US$ 200 milhões, oferece um veículo financeiro inovador para ajudar a superar alguns dos principais obstáculos ao financiamento da infraestrutura energética no Brasil, em particular no segmento de eficiência energética. O objetivo é mobilizar mais de US$ 1,1 bilhão para criar novos mercados nas áreas de modernização da iluminação pública e eficiência energética industrial.

Paisagens Sustentáveis da Amazônia, com a concessão de US$ 60 milhões do Fundo Mundial para o Meio Ambiente e um cofinanciamento de US$ 370 milhões, ajudará a aumentar a área florestal sob proteção, restauração e manejo sustentável na Amazônia brasileira pelos próximos seis anos, por meio da criação de áreas protegidas, da consolidação das já existentes no âmbito do programa Áreas Protegidas da Amazônia e de mecanismos de suporte à sustentabilidade financeira de longo prazo do sistema de áreas protegidas da Amazônia brasileira. Ao todo, 63 milhões de hectares serão preservados pelo programa ARPA, a maior iniciativa de conservação de floresta tropical na história.

Mais ambição

Nem todos os países impuseram-se metas tão ousadas quanto as do Brasil, o que preocupa especialistas no tema. Segundo algumas projeções internacionais, todas as NDCs que formam a base do Acordo de Paris cobrem somente em torno de um terço das reduções de emissões necessárias para alcançar os objetivos de contenção da temperatura global.

Para inspirar o aumento do nível de ambição das ações promovidas pelas partes do Acordo, estão sendo realizados os Diálogos Talanoa. Lançado durante a COP23, em novembro de 2017, liderada pela presidência de Fiji, o diálogo tem o objetivo de coletar contribuições, histórias e ideias das partes e dos atores envolvidos no processo, sobre os esforços coletivos e desafios para atingir os objetivos de longo prazo e informar a preparação das NDCs. Essas contribuições serão apresentadas durante a COP24, em Katowice (Polônia), em dezembro de 2018. Os Diálogos Talanoa se baseiam em três perguntas relacionadas a ações climáticas: onde estamos? Aonde queremos chegar? Como chegar lá?

Além de apoiar uma série de projetos que fortalecem as NDCs brasileiras, o Banco Mundial apoiou recentemente o Diálogo Talanoa Brasil, cuja história contamos no vídeo do evento. Foram convidados alguns representantes do setor público e privado e líderes da sociedade civil para um diálogo participativo, inclusivo e transparente sobre o que deve ser considerado na implementação das contribuições brasileiras. Outros diálogos mais amplos com sociedade civil, setor privado e ONGs já estão sendo programados.

Clima e pobreza

Como responsáveis diretos pelo aquecimento global, nós temos a missão de reduzir emissões para evitar as catástrofes climáticas que representam riscos iminentes à manutenção dos ecossistemas e de novas gerações. Hoje somos 7,6 bilhões de pessoas, somando 0,01% de todas as formas de vida na Terra. Porém, nós já causamos a extinção de 83% de todos os mamíferos e 50% de todas as plantas do planeta, em especial nos últimos 50 anos, que muitos cientistas definem como a sexta extinção em massa de vida nos 4 bilhões de anos de história da Terra.

Hoje, a temperatura global está 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais e sem ações urgentes para reduzir vulnerabilidade, mudanças climáticas podem levar 100 milhões de pessoas à pobreza em dez anos. Na verdade, os impactos climáticos sobre a pobreza são muito maiores do que imaginávamos até poucos anos atrás. Um novo relatório do Banco Mundial indica que o impacto anual de desastres naturais extremos já é equivalente a US$ 520 bilhões em perda na capacidade de consumo. Por isso, todas as ações direcionadas à redução das mudanças do clima, incluindo as NDCs, estão intrinsecamente associadas à missão do Banco Mundial de erradicar a pobreza extrema.

O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, faz um alerta sobre isso: “Choques climáticos severos podem reverter décadas de progresso contra pobreza. Tempestades, enchentes e secas têm graves consequências econômicas e sociais, sendo que os mais pobres comumente pagando os preços mais altos. Criar resiliência a esses desastres não só faz sentido econômico, mas é moralmente imperativo”.

Agora que as NDCs não são mais um mistério, fica mais fácil saber como o Brasil está agindo para enfrentar as mudanças climáticas e contribuir para um futuro mais sustentável.

*Publicado originalmente no Nexo Jornal, em 4 de novembro de 2018.

 

(REVISTA – RAF) Agricultura Familiar: Pesquisa, Formação e Desenvolvimento – RAF. v.13 , nº 2 / jul-dez 2019, ISSN 1414-0810

Titulo: Gestao em Sistemas Agroextrativistas para Territorios de uso comum na Amazônia – DOSSIÊ

Autores: Carlos V. A. Gomes. Angela M. Steward, Luis M.S. Silva (Orgs)

Ano: 2019 – Universidade Federal do Pará – UFPA – Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares – INEAF

Paginas: 283

A Revista Agricultura Familiar: Pesquisa, Formação e Desenvolvimento é um periódico científico vinculado ao Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares da Universidade Federal do Pará. Criada em 1996, funciona como meio de comunicação científica voltado para a comunidade acadêmica nacional e internacional e também se dirige aos atores que se interessam pelos debates e reflexões em torno da Agricultura Familiar em suas mais diversas dimensões. Os próprios agricultores familiares, suas organizações, movimentos sociais, gestores públicos, povos e comunidades tradicionais, pesquisadores, formuladores de políticas públicas, dentre outros sujeitos, são estimulados a apreciar este empreendimento científico-pedagógico elaborado com todo esmero por nossa equipe. Com efeito, nossa revista pretende alcançar a maior diversidade de público com vistas a dar a conhecer as experiências, conhecimentos, abordagens teóricas e metodológicas e resultados de pesquisa. Muito embora o foco sejam os estudos levados a cabo no território amazônico, nos últimos volumes observamos o crescente interesse de pesquisadores e autores em socializar experiências do campesinato em outros biomas e contextos regionais brasileiros e internacionais. Como ressaltamos, a origem da Revista se confunde com a história de nossa unidade acadêmica dentro da UFPA. Ela nasce como um periódico impresso, funcionando assim até o ano de 2009. Até esse período, os processos avaliativos não exigiam com tanto rigor a
periodicidade dos números. Quem buscar a memória do periódico em sua página web, irá perceber as descontinuidades ocorridas nessa primeira fase. Os desafios naquela altura eram outros. Em termos editoriais, necessitávamos de recursos para impressão dos números físicos e sua distribuição ocorria via correspondência enviada para as Instituições Brasil afora. Contudo, seu foco sempre foi o mesmo: a Agricultura Familiar. Apesar desses pormenores, comuns à época, a RAF (Revista Agricultura Familiar), como hoje apelidamos carinhosamente este periódico, sempre foi pulsante e dinâmica.

Hoje ela integra o sistema periódicos da UFPA, estando vinculada a diversas bases de indexação. Pelo fato de ter inaugurado, desde 2014, sua versão eletrônica, ganhou outro ISSN (International Standard Serial Number, em português “Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas”), o chamado ISSN-e (menção a versão eletrônica), passando a ser publicada na página da UFPA, portanto, expandindo seu raio de inserção.  Dessa nova fase de vida para cá, a equipe editorial vem trabalhando para ampliar o quadro de avaliadores ad hoc, aperfeiçoando seu projeto editorial, aumentando a capacidade de acolhimento de contribuições e renovando o conselho científico. Além de William Santos de Assis, Flávio Barros e Gutemberg Guerra, contamos agora com a colaboração da Professora Angela May Steward que, juntos, constituem os editores-chefes. Moacir José Moraes Pereira, na condição de editor-gerente, tem sido fundamental para a dinamização
da revista, pois é dele a função de normatização, editoração e secretariado. Outra novidade é a geração do DOI (Digital Object Identifier, em português Identificador Digital de Objetos) de cada artigo, um avanço importante, pois tem como finalidade auxiliar a localização e o acesso de materiais na web, facilitando a autenticação de documentos. A periodicidade é semestral, contudo, o conselho editorial estimula a publicação de números especiais e dossiês temáticos.

Outra informação importante é que, desde que fora implantado o sistema webqualis, da Capes, a RAF vem integrando a plataforma, sendo avaliada nas áreas de Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo; Ciências Agrárias I; Ciências Ambientais; Interdisciplinar e Linguística e Literatura. Na medida em que nossa revista vai crescendo, esperamos que ela possa integrar mais áreas de conhecimento para que, então, possa atrair ainda mais profissionais que valorizam o foco da Agricultura Familiar nas suas mais diversificadas abordagens. Nosso periódico é, por natureza, interdisciplinar e tem forte apreço pelas epistemologias heterodoxas.

A RAF publica em suas edições artigos de pesquisa e de revisão que sejam inéditos, resenhas de livros, entrevistas, relatos de experiências, e resumos de teses e dissertações. Neste número especial temos contribuições oriundas das pesquisas e intervenções dos pesquisadores e estudantes vinculados ao INEAF/UFPA por meio do Curso de Especialização em Gestão em Sistemas Agroextrativistas para Territórios de Uso Comum da Amazônia (GESAM), pós-graduação Lato Sensu que vem atraindo público de diversas áreas do conhecimento, como Ciências Agrárias, Ciências Sociais e Humanas, Ciências Ambientais e Ciências Naturais. Os manuscritos versam sobre temas diversos. Partindo do eixo central “Sistemas agroextrativistas e territórios de uso comum na Amazônia: Reflexões sobre transformações e continuidades”, discutem questões sobre trabalho, gênero, territorialidade, sistemas agroflorestais, afetações por grandes projetos de desenvolvimento, parentesco, políticas públicas, segurança alimentar, práticas de manejo, dentre outros. Agradecemos vivamente a cada autor e cada autora que confiou seu manuscrito a este periódico. Esperamos que a leitura estimule o pensamento crítico, a aprendizagem e o contato com as várias faces do mundo rural amazônico, cujas tramas entre natureza e  sociedade acontecem nos rios, nas florestas, nos assentamentos rurais, nas unidades de conservação, nas aldeias, nos projetos de assentamentos agroextrativistas, nos territórios quilombolas, no litoral, nos mangues, e também nas cidades. Que estas páginas sejam luz e possam chegar aos confins da Hileia. Excelente leitura!

Angela May Steward
Flávio Bezerra Barros
Gutemberg Armando Diniz Guerra
William Santos de Assis

 

Link: https://periodicos.ufpa.br/index.php/agriculturafamiliar

https://periodicos.ufpa.br/index.php/agriculturafamiliar/issue/viewIssue/419/124

( ARTIGO) Saberes tecnocientíficos e populares: a pesquisa, o ensino e o pilar manco da extensão

Titulo: Saberes tecnocientíficos e populares: a pesquisa, o ensino e o pilar manco da extensão

Autor: Marcia Tait

Ano:

Introdução: Num país de dimensões continentais, de tradição agrária, em que uma memória de posse violenta da terra fica latente sob os discursos lineares e universalizantes do agronegócio, alvo das tecnologias das mais diversas sortes produzidas junto às pesquisas nas ciências agrárias, vale ponderar sobre a existência e a prática de uma ciência que, muitas vezes, se pretende “neutra”. O tradicional tripé “ensino, pesquisa e extensão”, mote de universidades públicas, confere a essas três categorias o mesmo estatuto de valor ao concebê-las separadamente, mas fadadas ao que seria um “ponto de encontro”. Algo, contudo, acontece durante essa possibilidade de encontro, que faz com que o pilar da extensão nas universidades encontre-se frequentemente “manco”.

Link; sementeia.org

 

[DIVULGAÇÃO) Programa – Disciplina e Curso de Extensâo – Questões Agrárias, Ambiente e Multimeios

Titulo:  Disciplina e Curso de Extensão – Questões Agrárias, Ambiente e Multimeios.
1o Semestre / 2019
Professor Responsável:  Profa. Dra. Sonia Bergamasco
Professores Convidados:  Profa. Dra. Aline Vieira de Carvalho e Prof. Dr. Gilberto Sobrinho
Colaboradores/Pesquisadores:  Dr. Diego Riquelme, Dra. Kellen Junqueira, Dr. Marcelo Pupo, Doutoranda. Janaína Welle, Dra. Jennifer Jane Serra, Dra. Márcia Maria Tait, Alesandro Poeta e Luciana Henrique da Silva
Local:  Nepam/UNICAMP

Resumo/Objetivos: Proporcionar métodos e recursos técnicos e teóricos para a análise crítica da linguagem audiovisual e para a construção de narrativas audiovisuais. O programa privilegia questões relativas às narrativas e linguagem cinematográfica sobre o filme documentário, por meio da abordagem de conteúdos, realização de análises fílmicas e de exercícios práticos. As análises fílmicas e discussões realizadas durante o curso/disciplina serão baseadas em estratégias voltadas à produção coletiva sobre temas como movimentos sociais, cultura e política, meio ambiente e questões agrárias, promovendo também uma reflexão mais abrangente em torno de identidades coletivas populares e práticas audiovisuais engajadas.

A abordagem adotada parte de uma concepção da práxis como fundamento para os processos pedagógicos, o que implica na incorporação das expectativas e trajetórias pessoais dos participantes. Por isto, propõem-se momentos de reflexão-ação durante todo curso/disciplina e a divisão em grupos para definição e o desenvolvimento de projetos de realização audiovisual. Os projetos deverão estar alinhados com o formato e temas abordados durante o período e as condições objetivas de tempo-realização, ou seja, serão esperadas propostas de projeto de documentário em curta-metragem, com foco nas relações entre meio ambiente e sociedade, questões agrárias, movimentos sociais do campo e da cidade e outras temáticas levantadas durante o curso/disciplina.

Participação convidada Especial:
Apresentação de Alunos da Pós- Graduação: Experiências de produção e realização
Palestra aberta a Universidade em forma de Seminário.

 

PROGRAMAÇÃO – 1° Semestre 2019

Aulas Conteúdo Responsável
Aula 1

27/02/20192

 

 

Aula de Apresentação

Histórico e proposta curso

Apresentação da disciplina

Apresentação participante

Apresentação dos temas específicos que integram a temática da disciplina:

Multimeios e Sementeia: Márcia Tait

 

Kellen Junqueira

Diego Riquelme

Márcia Tait

 

Aula 2

06/03/2018

Introdução à linguagem audiovisual: na pesquisa e Extensão.

 

Janaína Welle

 

 

Aula 3

13/03/2019

 

Apresentação dos temas específicos que integram a temática da disciplina:

Questão Agrária: Profa. Sonia Bermasco

 

Sonia Bergamasco

 

Aula 4

20/03/2019

Apresentação dos temas específicos que integram a temática da disciplina: Profa. Aline

Tarefa 1 : Tema/Criar/Pensar uma imagem (individual)

Aline Carvalho

 

 

Aula 5

27/03/2019

Apresentação Tarefa N° 1. Escolha dos temas e divisão dos grupos Informar recursos materiais e humanos da disciplina.

Tarefa N° 2: Pesquisa sobre o tema com base na aula de produção

Tarefa N° 3: Argumento em grupo

Kellen Junqueira

Diego Riquelme

 

Aula 6

03/04/2019

Documentário, sub-representações e formas de empoderamento- como se dá a apropriação do audiovisual pelos movimentos sociais. Gilberto Sobrinho
Aula 7

10/04/2019

Introdução e Conceitos Básicos dos Processos de Produção do Audiovisual

 

Janaína Welle

 

Aula 8

17/04/2019

Introdução e Conceitos da Fotografia e Som

 

 

Diego Riquelme

Alessandro Poeta

 

 

 

Aula 9

24/04/2019

 

Metodologias do documentário

1.- Teoria da Montagem

2.- Apresentação tarefa: 05 minutos cada grupo.

3.- Discussão em grupo 10 minutos.

4.-Tarefa : Planejamento por grupo para os dias de gravação

 

 

Jennifer Serra

Kellen Junqueira

 

 

Aula

08/05/2019

 

Edição I – Teórica – Pratica

Aula prática-Software de edição:

– Proprietário (Premiere e Final Cut)

– Livre (Blender)

 

Alessandro Poeta

Diego Riquelme

 

Aula 11

15/05/2019

 

Gravações – Externas Estudantes com apoio professores
Aula 12

22/05/2019

 

Edição II – Pratica

Roteiro técnico de edição

Transcrição, decupagem e roteiro de edição.

 

Diego Riquelme

Alessandro Poeta

Aula 13

29/05/21019

Edição – Estudantes com apoio professores
Aula 14

05/06/2019

Edição Estudantes com apoio professores
Aula 15

12/06/2019

 

Pendências e questões sobre a edição/montagem

Avaliação do curso.

 

 

 

Apresentação Relato de processo dos grupos

Tarefa 5: Postagem na Sementeia.org do Vídeo e do relato de processo.

 

Todos
Aula 16

19/06/2019

 

Apresentação final: dos vídeos pela

Sementeia.org

 

Todos

[PROJETO DE LEI] Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018

Titulo: Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018.

Autor: Presidência da República (Titan de Lima – Assessor Técnico para as áreas de políticas ambientais, recursos hídricos e saneamento básico, Gestor Ambiental, CRA-DF 6-00716).

Ano: 2018

A Constituição Federal (1988), ao estabelecer como competência do Sistema Único de Saúde (SUS) participar na formulação da política e da execução das ações de saneamento, criou a condição para a integração das duas áreas: saneamento  básico e saúde. Não há dúvida que a decisão do Constituinte em considerar o saneamento básico no âmbito da política de saúde buscou colocar o problema sanitário do País para além dos estreitos limites da assistência médica curativa (área de saúde) e das grandes obras de infraestrutura (área de saneamento). Para um País com elevada prevalência de doenças infecciosas e parasitárias, sabidamente causadas pela carência de água e ambiente adequados. Essa via intersetorial na abordagem da questão constitui um importante caminho a ser perseguido para uma ação mais racional e eficaz das referidas áreas. Entretanto, essa integração ainda não contempla a complexidade higiênico-sanitária que o tema requer. O conceito elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) concebe uma melhor integração entre as áreas afetas ao tema. A OMS trabalha com o conceito “Saneamento Ambiental” sendo este entendido como: “O controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito prejudicial ao seu bem-estar físico, mental ou social. ” Dentro deste enfoque, podemos alinhar 5 funções básicas da administração pública nos campos sanitário e ambiental.

PROJETO DE LEI COMPLETO: Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018

[TESE] Eucalipto e Mata Atlântida: analise do uso e cobertura da terra e suas conexões biofísicas, políticas e socioeconômicas

Tipo: Tese

Nível: Doutorado

Titulo: Eucalipto e Mata Atlântida: analise do uso e cobertura da terra e suas conexões biofísicas, políticas e socioeconômicas.

 Autor(a): Ramon Felipe Bicudo da Silva

Orientador(a): Mateus Batistella

Resumo : O Vale do Paraíba Paulista é uma região de importância econômica para o Estado de São Paulo. Com população superior a dois milhões de habitantes, concentrada em áreas urbanas (95%), sobretudo nos municípios do eixo rodoviário Presidente Dutra, foi elevada à categoria de Região Metropolitana em 2012. Eixo conector entre São Paulo e Rio de Janeiro, foi uma das primeiras regiões brasileiras a enfrentar profundas mudanças em suas paisagens, resultado dos séculos de colonização. Representante do bioma Mata Atlântica, a região apresentava, em 1962, aproximadamente 225 mil hectares de vegetação florestal nativa, cerca de 16% de sua extensão territorial. Mudanças profundas na economia brasileira, especialmente após os anos 1950, com o Plano Nacional de Metas, o processo de descentralização da indústria em São Paulo e com o projeto nacional de modernização da agricultura, iniciado na década de 1960, trouxeram para a região novos determinantes para as trajetórias futuras do uso e cobertura da terra. O objetivo desta pesquisa foi entender as conexões socioeconômicas e biofísicas do Vale do Paraíba Paulista com o processo de transição florestal. A metodologia para desenvolver a pesquisa incluiu o mapeamento do uso e cobertura da terra (anos de 1985, 1995, 2005 e 2011) por meio de imagens Landsat-5 ThematicMapper, modelos de análise de mudanças por regressão logística e redes neurais, entrevistas estruturadas e semiestruturadas com stakeholders e aplicação de questionários em noventa propriedades rurais. Foi observado que a cobertura florestal em 2011 alcançou aproximadamente 446 mil hectares, crescimento de 98% em relação a 1962. Esse processo ocorreu majoritariamente sobre áreas de pastagens degradadas (74%) e nas regiões com declividades superiores a 20%. Essa pesquisa indica um processo de transição florestal decorrente do mercado internacional de commodities (polpa de celulose de eucalipto), das políticas públicas para conservação, da diminuição das atividades agropecuárias, do desenvolvimento econômico industrial na região, da participação da sociedade no controle do desmatamento e do estado de escassez florestal no bioma Mata Atlântica.

TESE COMPLETA: Eucalipto e Mata Atlântida: analise do uso e cobertura da terra e suas conexões biofísicas, políticas e socioeconômicas

[TESE DIGITAL] Tomada de decisão e motivação para conservação de ecossistemas : estudo de caso do “Conservador das Águas”

Tipo: TESE DIGITAL

Nível: Doutorado

Título: Tomada de decisão e motivação para conservação de ecossistemas : estudo de caso do “Conservador das Águas”

Autor(es): Rodrigues, Marjorie Delgado Alves, 1984-

Orientador: Vieira, Simone Aparecida, 1967-

Resumo: O projeto Conservador das Águas localizado em Extrema, Minas Gerais, é o primeiro projeto de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no país a ser implementado por um governo local e tem sido usado como um modelo para outras experiências. O projeto paga os agricultores para cumprir a legislação ambiental federal, por meio do reflorestamento de áreas de proteção permanente das nascentes e rios, e para ir além desta legislação. Este estudo de caso analisou se projetos de PSA podem promover uma mudança de comportamento dos stakeholders, internalizando a necessidade provisão dos serviços ambientais na tomada de decisão da gestão da paisagem e uso dos recursos naturais. Esta pesquisa caracterizou o projeto de PSA e seus stakeholders, bem como as suas responsabilidades, e compreensão do projeto Conservador das Águas; identificou as motivações e os fatores que direcionam os tomadores de decisão para estimular, financiar e participar do projeto; investigou como a presença do Conservador das Água influenciou a dinâmica local do uso da terra; analisou se o PSA pode ajudar os produtores rurais a cumprirem a legislação ambiental e como esta ferramenta pode ser usada na governança ambiental. Os dados da pesquisa foram coletados entre julho e agosto de 2014 e em julho de 2015 através de entrevistas com os stakeholders do projeto. O nível de educação e o acesso à informação, bem como a experiência pessoal e os laços sociais foram importantes para o entendimento do projeto e para o processo de tomada de decisões relacionadas ao uso da terra e ao meio ambiente. Os resultados da pesquisa indicam que o projeto melhorou os meios de subsistência, criou oportunidades para aqueles que querem ficar na área rural, e aumentou a consciência sobre a legislação ambiental e as questões ambientais. O Conservador das Águas mudou o comportamento de alguns dos agricultores mostrando que é possível ter uma produção agrícola e conservar as matas ciliares reflorestadas. Além disso, o projeto também influenciou o cumprimento da legislação ambiental.

TESE COMPLETA: Tomada de decisão e motivação para conservação de ecossistemas : estudo de caso do “Conservador das Águas”

[TESE] A Restauração Ecológica e a Ditadura da Floresta

Tipo: Tese

Nível : Doutorado

Titulo: A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E A DITADURA DA FLORESTA

Autor(a): Rolf Bateman

Orientador(a): Thomas Michael Lewinsohn

Resumo: Embora o conhecimento para a restauração ecológica tenha se ampliado consideravelmente nos últimos 30 anos, a ciência e as práticas relacionadas ainda são bastante incipientes. No Brasil a restauração se iniciou em ecossistemas florestais na Mata Atlântica, há cerca de 150 anos. A atividade se estendeu a outros biomas conforme cresceram o interesse social, as exigências legais e os estudos científicos relacionados. A fim de identificar diferenças entre projetos de restauração de ecossistemas florestais e não-florestais desenvolvidos na atualidade, examinamos 75 projetos de restauração ecológica. Métodos aplicados por diferentes instituições (empresas, ONGs, entidades governamentais e proprietários de terra) e com diferentes motivações (pesquisa, exigências legais e voluntariado) foram examinados nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Campos Sulinos através de entrevistas, atividades de campo e análise documental. De forma geral, os métodos usados por restauradores de ecossistemas nos três biomas são semelhantes, apesar das diferentes características ecológicas entre seus ambientes. Diferentes motivações também não determinaram a aplicação de métodos de restauração distintos. Quanto às instituições, no entanto, a diversidade e inovação das técnicas aplicadas são maiores quando universidades e centros de pesquisa estão envolvidos. O plantio de mudas arbóreas, embora mais oneroso do que outras técnicas aplicáveis e nem sempre o mais adequado, é o método mais utilizado e recomendado. A preferência pelas árvores em detrimento a outros organismos impõe o estabelecimento das florestas mesmo nos biomas onde os ecossistemas de vegetação aberta prevalecem. Sugerimos que a repetição de procedimentos em circunstâncias distintas é fruto de problemas no fluxo de informações entre instituições, da força das tradições e tem origens históricas e econômicas.

TESE COMPLETA: A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E A DITADURA DA FLORESTA

[TESE DIGITAL] Uso dos recursos hídricos na expansão sucro energética em áreas de bioma cerrado

Tipo: TESE DIGITAL

Nível: Doutorado

Título: Uso dos recursos hídricos na expansão sucro energética em áreas de bioma cerrado

Autor (es): Moura, Erika Ferreira.

Orientador: Zullo Junior, Jurandir.

Resumo: A pesquisa identificou impactos sobre os recursos hídricos ocorridos devido à expansão da cultura de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol no bioma Cerrado, onde a prática de irrigação se faz necessária em períodos de déficit hídrico. Essa expansão ocorre devido à maior demanda mundial por etanol, que hoje assume posição de alternativa aos combustíveis fósseis, um dos possíveis responsáveis pelo aquecimento global. Como os critérios relacionados ao uso da água e pressões sobre recursos hídricos são incipientes, sobretudo na fase agrícola da produção de etanol, e cenários futuros sobre mudanças climáticas para a região já apontam aumento de temperatura e variação no regime de chuvas na região, há uma grande necessidade de mensurar e discutir a questão do uso da água na expansão do setor sucroalcooleiro. Para isso, utilizou-se a metodologia da “Pegada Hídrica”, tendo como estudo de caso dois municípios do estado de Goiás: Jataí e Quirinópolis. Esses dois municípios, por serem bastante representativos na dinâmica da expansão da cana, fornecem informações importantes sobre a pressão que esta cultura agrícola vem exercendo no uso da água. Os resultados demonstram que o uso da água para irrigação ainda não compromete os recursos hídricos da região. Porém a expansão da área de cultivo, de acordo com os cenários de mudanças climáticas, afetará esse recurso nos próximos 20 anos devido ao aumento expressivo da demanda.Tais informações podem contribuir para a avaliação de critérios de gestão ambiental relacionados ao uso da água na produção de biocombustíveis, na avaliação da pressão da produção de etanol de cana-de-açúcar sobre os recursos hídricos e na proposição de medidas para redução de impactos sobre esses recursos

TESE COMPLETA: Uso dos recursos hídricos na expansão sucro energética em áreas de bioma cerrado

[ARTIGO] Alternativas na mesa: adoção de tecnologias baseadas na agricultura 4.0 é o caminho para reduzir o consumo de pesticidas nas lavouras nacionais

Titulo: Alternativas na mesa: adoção de tecnologias baseadas na agricultura 4.0 é o caminho para reduzir o consumo de pesticidas nas lavouras nacionais

Autor: Yuri Vasconcelos

Ano: 2018

Um dos setores mais robustos da economia, o agronegócio é responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), responde por 20% dos postos de trabalho e se destaca na pauta de exportações do país, com soja, açúcar, celulose e carne bovina e de frango, ocupando os primeiros lugares da lista. A alta produtividade do setor depende, em boa medida, do uso intensivo de agrotóxicos, principalmente nas grandes plantações de soja, cana-de-açúcar e milho, que juntas respondem por 75% dos defensivos consumidos no Brasil (ver infográfico). Não por acaso, essas monoculturas ocupam extensas regiões de cultivo. As lavouras de soja e milho, por exemplo, correspondem a quase 70% do total da área semeada no país em 2018, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 61,7 milhões de hectares, equivalente a 7% do território nacional.

O emprego de elevados volumes de agroquímicos nessas plantações gera impactos diretos no ambiente, com a contaminação do solo e de fontes de água superficiais e subterrâneas, como rios, lagos e lençóis freáticos. A redução desses danos, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, passa pela adoção de novas tecnologias pelos grandes produtores agrícolas.

“Soluções baseadas na chamada agricultura 4.0, como sensores, máquinas inteligentes que ‘conversam entre si’, internet das coisas e robotização, podem auxiliar no uso mais adequado de diversos insumos, entre eles agroquímicos”, diz o engenheiro eletricista Fernando Martins, conselheiro da empresa Máquinas Agrícolas Jacto, uma das líderes mundiais em fabricação de pulverizadores (ver reportagem).

O emprego dessas tecnologias de ponta nos próximos anos, diz Martins, permitirá que os produtores rurais apliquem os insumos (pesticidas, adubo, sementes, água, entre outros) em taxas variáveis – e não de maneira uniforme como ocorre atualmente. Dosar a quantidade ideal de defensivos aplicados nas lavouras é um dos grandes desafios do setor. “O agricultor vai colocar mais defensivos em um talhão [pedaço da plantação] e menos em outro, de acordo com a necessidade, gerando economia e elevando a eficiência da pulverização”, explica. “Hoje, já há uma força contrária ao emprego excessivo de agroquímicos porque eles são caros.”

Além da Jacto, com sede em Pompeia (SP), outra empresa paulista que investe na agricultura digital é a Solinftec, de Araçatuba. Sua linha de máquinas e equipamentos agrícolas conectados está presente em cerca de 65% da lavoura canavieira de São Paulo. A pulverização de grandes extensões de áreas destinadas à produção de commodities, como soja, cana-de-açúcar, algodão, milho e eucalipto, para fabricação de celulose, é feita por aviões ou tratores, enquanto plantações menores, focadas no cultivo de alimentos que vão para a mesa dos brasileiros, são muitas vezes pulverizadas pelos próprios agricultores, que utilizam aparelhos chamados costais (por serem presos às costas do aplicador).

“A pulverização aérea é um problema ambiental e de saúde pública. Os agrotóxicos lançados pelo avião avançam sobre mananciais, outras plantações, áreas de preservação ambiental e regiões habitadas. Quando se faz a aplicação aérea, a dispersão pelo ar é muito maior, impactando o ambiente e colocando em risco a saúde de quem mora na vizinhança, dos trabalhadores e de pessoas que consomem os alimentos”, ressalta Adelaide Cassia Nardocci, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

Em parceria com o Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a FSP-USP criou o portal Sistema de Busca de Informações sobre Agrotóxicos. Batizado de Ariadne, ele apresenta dados sobre o uso e as aplicações de agrotóxicos em São Paulo, com destaque para o comportamento da substância no ambiente e sua toxicidade para a saúde humana. “O Ariadne tem a função de auxiliar as pessoas não familiarizadas com o tema a encontrar informações sobre agrotóxicos”, diz Nardocci.

                                                                                                                                                                         Funcionário da Solinftec opera computador durante a colheita de cana-de-açúcarSolinftec

A necessidade de desenvolver soluções e sistemas inteligentes para conter a deriva – o volume de agroquímicos que não atinge a cultura-alvo – e que tornem mais eficiente a aplicação de defensivos e o controle de pragas levou à criação da Rede de Pesquisa Redagro montada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com 10 universidades e o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Durante quatro anos, os pesquisadores trabalharam no projeto “Desenvolvimento da aplicação aérea de agrotóxicos como estratégia de controle de pragas agrícolas de interesse nacional”, encerrado no início do ano.

“A utilização de tecnologias, ferramentas da agricultura 4.0 e sistemas inteligentes de auxílio à tomada de decisão para o controle de pragas na agricultura tropical tem proporcionado caminhos para a segurança alimentar e energética”, pontua o engenheiro de controle e automação Paulo Cruvinel, pesquisador da Embrapa Instrumentação, de São Carlos, e coordenador da Redagro. De acordo com ele, o resultado desse esforço foi a criação de novos métodos, a adaptação de tecnologias e o desenvolvimento de estratégias para pulverizações mais eficientes.

Um dos estudos mostrou que a adoção de atomizadores rotativos – um tipo de bico pulverizador – em culturas de soja pode reduzir em torno de 80%, em média, a deriva nas aplicações aéreas na comparação com os bicos hidráulicos ajustáveis, os mais usados em aviões. Outra pesquisa, voltada à aplicação de defensivos por tratores-pulverizadores, estabeleceu níveis adequados de automação para adequar os bicos de pulverização e a pressão na barra pulverizadora conforme a trajetória do trator, em linha reta ou em curva.

Se a adoção de inovações tecnológicas é um meio de racionalizar o uso de agrotóxicos nas terras dedicadas à produção de commodities, nas lavouras de alimentos que abastecem as feiras do país, cultivadas principalmente por pequenos produtores, um caminho é estimular o cultivo orgânico, isento de defensivos agrícolas. Além de minimizar o risco de contaminação, a redução de agroquímicos pode diminuir a intoxicação entre pequenos produtores rurais. Responsáveis por 70% dos alimentos consumidos no país, eles somam 4,4 milhões de trabalhadores.

Estímulo à agroecologia

Em discussão na Câmara dos Deputados desde 2016, o Projeto de Lei nº 6.670/16, que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), prevê medidas para fortalecer a produção de orgânicos, a agricultura agroecológica e o controle biológico, técnica que utiliza insetos, fungos, vírus e bactérias no combate às pragas agrícolas. “O PNaRA é o contraponto ao PL nº 6.299/02”, afirma o biólogo Fernando Carneiro, membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará. “Ele tramita lentamente na Câmara. Só recentemente foi instalada uma comissão especial para analisá-lo.”

Outro ponto do PNaRA determina a eliminação de isenções tributárias e estímulos financeiros à importação, produção e comercialização de agrotóxicos. Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) estimou que a renúncia fiscal com agrotóxicos entre 2010 e 2017 alcançou R$ 9 bilhões. Como esses produtos são considerados insumos agrícolas, as despesas dos produtores rurais relativas a eles são passíveis de dedução.

                                                                                                                              Avião pulveriza pesticidas em plantio de cana-de-açúcar no interior de São PauloCaetano Barreira / Olhar Imagem

A agroecologia, explica Carneiro, defende um manejo sustentável das lavouras, incorporando na produção questões sociais, políticas, culturais, ambientais e éticas. “Esse tipo de prática leva em conta as condições de trabalho dos agricultores, a compatibilidade das culturas em relação ao ecossistema e o nível de industrialização de todo o processo”, diz o pesquisador. Ao mesmo tempo, evita o emprego de defensivos agrícolas e fertilizantes químicos, e estimula o plantio de orgânicos.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a área destinada ao cultivo de orgânicos deve bater recorde este ano, ultrapassando os 750 mil hectares de 2016. Essa prática é impulsionada em boa medida pela agricultura familiar. Apesar do crescimento, os orgânicos representam apenas 1,2% da área plantada do país, o que coloca o Brasil como o 13º maior produtor do mundo.

“Entendemos que formas alternativas de produção são importantes. Tanto a produção convencional quanto a orgânica, desde que bem conduzidas, produzem alimentos seguros para o consumo. Não somos contra a agroecologia ou a produção orgânica, mas precisamos ser realistas. Os orgânicos são mais caros e a produtividade é mais baixa”, destaca o engenheiro-agrônomo Mario Von Zuben, diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). “A diferença entre os dois modelos é de escala. Para produzir a mesma quantidade de orgânicos é preciso um aumento significativo da área cultivada – e essa não é uma alternativa por causa do impacto ambiental e da degradação das florestas.” Para Fernando Carneiro, da Abrasco, é um mito que a agroecologia é cara e sem escala. Publicações recentes da Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) recomendam que se estimule o sistema, por favorecer a economia solidária, priorizar mercados locais e apoiar o desenvolvimento regional.

Além disso, uma das formas de reduzir as intoxicações nas pequenas propriedades é investir na capacitação da mão de obra, de forma que os agrotóxicos sejam aplicados com cuidado. “Por falta de informação, muitos produtores rurais aplicam a substância em doses acima do recomendado e de maneira inadequada para as pragas que pretendem controlar. Daí a importância de receberem treinamento adequado”, afirma o engenheiro-agrônomo Hamilton Humberto Ramos, pesquisador do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), em Campinas, e coordenador do programa Aplique Bem, que oferece aos agricultores treinamento para uso de agroquímicos. Além do risco à saúde, a aplicação incorreta de agrotóxicos gera perdas na lavoura e compromete a sustentabilidade da agricultura.

Link: https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/09/18/alternativas-na-mesa/

[REVISTA – FAPESP] Agrotóxicos na Berlinda

Titulo: Agrotóxicos na Berlinda – Proposta sobre nova regulamentação de pesticidas acirra debate acerca desses produtos, que permitem agricultura em larga escala mas apresentam riscos ao ambiente e à saúde da população rural.

Autor: Yury Vasconcelos

Ano: 2018

Uma das maiores potências agrícolas do planeta, o Brasil também se destaca por ser um dos grandes consumidores de agrotóxicos, substâncias químicas ou biológicas que conferem proteção às lavouras contra o ataque e a proliferação de pragas, como insetos, fungos, bactérias, vírus, ácaros, nematoides (parasitas que atacam as raízes das plantas) e ervas daninhas. A venda desses produtos no país movimenta em torno de US$ 10 bilhões por ano, o que representa 20% do mercado global, estimado em US$ 50 bilhões. Em 2017, os agricultores brasileiros usaram 540 mil toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos, cerca de 50% a mais do que em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Ingrediente ativo é a substância responsável pela atividade do produto.

Relatório divulgado no ano passado por especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que cerca de 200 mil pessoas morrem anualmente no mundo vítimas de envenenamento agudo por pesticidas – basicamente trabalhadores rurais e moradores do campo. No Brasil, 84,2 mil pessoas sofreram intoxicação após exposição a defensivos agrícolas entre 2007 e 2015, uma média de 25 intoxicações por dia, conforme dados do Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos 2018, elaborado pelo Ministério da Saúde. Pesquisas sugerem que a exposição de trabalhadores rurais a defensivos agrícolas aumenta o risco do surgimento de diversas formas de câncer, além de distúrbios hormonais e malformações gestacionais. Já estudos associando o consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos ao câncer e a outras doenças são menos conclusivos.

Link: Agrotóxicos na berlinda

www.revistapesquisa.fapesp.br

 

[REPORTAGEM] UM ABORTO A CADA QUATRO GRÁVIDAS: A cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu

Titulo: Um aborto a cada quatro grávidas: a cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu

Autores: Plataforma THE INTERCEPT.COM – BRASIL

Ano: 2018.

O FILHO DE MARIA Félix, de 21 anos, resistiu pouco mais de seis meses de gestação. Morreu ainda no ventre, com apenas 322 gramas. A causa do aborto, que aconteceu com 25 semanas de gravidez, foi má formação: o bebê tinha o intestino para fora do abdômen e também problemas no coração. Não é incomum que as mães da região percam seus filhos precocemente. O bebê de Maria, ao que tudo indica, foi mais uma vítima precoce do agrotóxico glifosato, usado em grandes plantações de soja e de milho em Uruçuí, a 459 km de Teresina, no Piauí.

O mesmo veneno que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.

que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.

O mesmo veneno que garante a riqueza dos fazendeiros da cidade, no sul do estado, está provocando uma epidemia de intoxicação com reflexo severo em mães e bebês. Estima-se que uma em cada quatro grávidas da cidade tenha sofrido aborto, que 14% dos bebês nasçam com baixo peso (quase do dobro da média nacional) e que 83% das mães tenham o leite materno contaminado. Os dados são de um levantamento do sanitarista Inácio Pereira Lima, que investigou as intoxicações em Uruçuí na sua tese de mestrado em saúde da mulher pela Universidade Federal do Piauí.

Link : UM ABORTO A CADA QUATRO GRÁVIDAS. A cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu

https://theintercept.com/2018/09/17/agrotoxico-aborto-leite/

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