(REVISTA – RAF) Agricultura Familiar: Pesquisa, Formação e Desenvolvimento – RAF. v.13 , nº 2 / jul-dez 2019, ISSN 1414-0810

Titulo: Gestao em Sistemas Agroextrativistas para Territorios de uso comum na Amazônia – DOSSIÊ

Autores: Carlos V. A. Gomes. Angela M. Steward, Luis M.S. Silva (Orgs)

Ano: 2019 – Universidade Federal do Pará – UFPA – Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares – INEAF

Paginas: 283

A Revista Agricultura Familiar: Pesquisa, Formação e Desenvolvimento é um periódico científico vinculado ao Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares da Universidade Federal do Pará. Criada em 1996, funciona como meio de comunicação científica voltado para a comunidade acadêmica nacional e internacional e também se dirige aos atores que se interessam pelos debates e reflexões em torno da Agricultura Familiar em suas mais diversas dimensões. Os próprios agricultores familiares, suas organizações, movimentos sociais, gestores públicos, povos e comunidades tradicionais, pesquisadores, formuladores de políticas públicas, dentre outros sujeitos, são estimulados a apreciar este empreendimento científico-pedagógico elaborado com todo esmero por nossa equipe. Com efeito, nossa revista pretende alcançar a maior diversidade de público com vistas a dar a conhecer as experiências, conhecimentos, abordagens teóricas e metodológicas e resultados de pesquisa. Muito embora o foco sejam os estudos levados a cabo no território amazônico, nos últimos volumes observamos o crescente interesse de pesquisadores e autores em socializar experiências do campesinato em outros biomas e contextos regionais brasileiros e internacionais. Como ressaltamos, a origem da Revista se confunde com a história de nossa unidade acadêmica dentro da UFPA. Ela nasce como um periódico impresso, funcionando assim até o ano de 2009. Até esse período, os processos avaliativos não exigiam com tanto rigor a
periodicidade dos números. Quem buscar a memória do periódico em sua página web, irá perceber as descontinuidades ocorridas nessa primeira fase. Os desafios naquela altura eram outros. Em termos editoriais, necessitávamos de recursos para impressão dos números físicos e sua distribuição ocorria via correspondência enviada para as Instituições Brasil afora. Contudo, seu foco sempre foi o mesmo: a Agricultura Familiar. Apesar desses pormenores, comuns à época, a RAF (Revista Agricultura Familiar), como hoje apelidamos carinhosamente este periódico, sempre foi pulsante e dinâmica.

Hoje ela integra o sistema periódicos da UFPA, estando vinculada a diversas bases de indexação. Pelo fato de ter inaugurado, desde 2014, sua versão eletrônica, ganhou outro ISSN (International Standard Serial Number, em português “Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas”), o chamado ISSN-e (menção a versão eletrônica), passando a ser publicada na página da UFPA, portanto, expandindo seu raio de inserção.  Dessa nova fase de vida para cá, a equipe editorial vem trabalhando para ampliar o quadro de avaliadores ad hoc, aperfeiçoando seu projeto editorial, aumentando a capacidade de acolhimento de contribuições e renovando o conselho científico. Além de William Santos de Assis, Flávio Barros e Gutemberg Guerra, contamos agora com a colaboração da Professora Angela May Steward que, juntos, constituem os editores-chefes. Moacir José Moraes Pereira, na condição de editor-gerente, tem sido fundamental para a dinamização
da revista, pois é dele a função de normatização, editoração e secretariado. Outra novidade é a geração do DOI (Digital Object Identifier, em português Identificador Digital de Objetos) de cada artigo, um avanço importante, pois tem como finalidade auxiliar a localização e o acesso de materiais na web, facilitando a autenticação de documentos. A periodicidade é semestral, contudo, o conselho editorial estimula a publicação de números especiais e dossiês temáticos.

Outra informação importante é que, desde que fora implantado o sistema webqualis, da Capes, a RAF vem integrando a plataforma, sendo avaliada nas áreas de Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo; Ciências Agrárias I; Ciências Ambientais; Interdisciplinar e Linguística e Literatura. Na medida em que nossa revista vai crescendo, esperamos que ela possa integrar mais áreas de conhecimento para que, então, possa atrair ainda mais profissionais que valorizam o foco da Agricultura Familiar nas suas mais diversificadas abordagens. Nosso periódico é, por natureza, interdisciplinar e tem forte apreço pelas epistemologias heterodoxas.

A RAF publica em suas edições artigos de pesquisa e de revisão que sejam inéditos, resenhas de livros, entrevistas, relatos de experiências, e resumos de teses e dissertações. Neste número especial temos contribuições oriundas das pesquisas e intervenções dos pesquisadores e estudantes vinculados ao INEAF/UFPA por meio do Curso de Especialização em Gestão em Sistemas Agroextrativistas para Territórios de Uso Comum da Amazônia (GESAM), pós-graduação Lato Sensu que vem atraindo público de diversas áreas do conhecimento, como Ciências Agrárias, Ciências Sociais e Humanas, Ciências Ambientais e Ciências Naturais. Os manuscritos versam sobre temas diversos. Partindo do eixo central “Sistemas agroextrativistas e territórios de uso comum na Amazônia: Reflexões sobre transformações e continuidades”, discutem questões sobre trabalho, gênero, territorialidade, sistemas agroflorestais, afetações por grandes projetos de desenvolvimento, parentesco, políticas públicas, segurança alimentar, práticas de manejo, dentre outros. Agradecemos vivamente a cada autor e cada autora que confiou seu manuscrito a este periódico. Esperamos que a leitura estimule o pensamento crítico, a aprendizagem e o contato com as várias faces do mundo rural amazônico, cujas tramas entre natureza e  sociedade acontecem nos rios, nas florestas, nos assentamentos rurais, nas unidades de conservação, nas aldeias, nos projetos de assentamentos agroextrativistas, nos territórios quilombolas, no litoral, nos mangues, e também nas cidades. Que estas páginas sejam luz e possam chegar aos confins da Hileia. Excelente leitura!

Angela May Steward
Flávio Bezerra Barros
Gutemberg Armando Diniz Guerra
William Santos de Assis

 

Link: https://periodicos.ufpa.br/index.php/agriculturafamiliar

https://periodicos.ufpa.br/index.php/agriculturafamiliar/issue/viewIssue/419/124

[ARTIGO] Formatos de Programas de TV – Utopia ou Realidade?

Titulo: FORMATOS DE PROGRAMAS DE TV: utopia ou Realidade

Autor: Gustavo H. Piva Luiz de Andrade

Ano: 2005

Paginas: 30

Introdução: A indústria da televisão nos dias atuais é extremamente competitiva. Na  intensa disputa pela preferência do telespectador, reality shows, quiz shows, game shows e talent shows têm assumido um papel cada vez mais relevante na programação das emissoras. Seguindo esta tendência, empresas de todo o mundo vêm buscando inserir programas do gênero em suas grades e optam muitas vezes pelo licenciamento de formatos de programas já testados em outros países. O licenciamento de formatos de programas televisivos é uma indústria que atualmente movimenta muitos milhões de dólares. Programas como Who Wants to Be a Millionaire?1, da inglesa Celador Productions, Survivor, da também inglesa Castaway Television Productions, e Big Brother2, da  holandesa Endemol, já tiveram seus formatos licenciados para emissoras de dezenas de países, transformando-se em extraordinárias fontes de renda para seus respectivos idealizadores. E a receita auferida não se limita ao licenciamento em si. Atualmente, muitos destes programas são acompanhados de forte carga de merchandising e são decididos pelo público por meio de ligações, o que maximiza ainda mais o enorme valor comercial dos seus formatos. Um mercado de tal magnitude, claro, atrai a atenção de concorrentes que, muitas vezes, ao invés de optarem pelo licenciamento dos formatos e pagarem os royalties correspondentes, desenvolvem programas semelhantes que passam a concorrer diretamente com os programas originais.

Tal conduta naturalmente colide com os interesses das empresas produtoras dos formatos e dos seus licenciados, sendo precisamente nesse contexto que surge um dos temas mais atuais e controversos da área de propriedade intelectual: a proteção dos formatos de programas de televisão. Com efeito, até onde vai a idéia e começa a expressão? Até que ponto um programa baseado nos mesmos elementos do programa de um concorrente é uma infração e, como tal, deve ser reprimida pelos aplicadores do direito?

O objetivo do presente trabalho é examinar a questão da proteção dos formatos de programas de TV e de todas as dificuldades a ela inerentes. Como veremos, tribunais de diversos países têm hesitado em reconhecer que formatos de programas estão inseridos no rol das obras intelectuais legalmente protegidas. Outros tribunais, contudo, recentemente se posicionaram de maneira distinta, aquecendo ainda mais a já grande discussão sobre a matéria.

Palavras Chaves: TV-Competitiva, Discussão e Conflito, Merchandising, Formatos licenciados

Artigo Completo: Artigo. – Formatos de Programas de TV – Utopia ou Realidade – Gustavo H.P. Luiz de Andrade

https://www.facebook.com/pg/IDS-Instituto-Dannemann-Siemsen-927891870613992/posts/

[DISSERTAÇÃO] O CINEMA AMBIENTAL CONTEMPORÂNEO EM QUESTÃO: CRÔNICA DA LUTA POR RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS DE TERCEIRA GERAÇÃO

Titulo: O CINEMA AMBIENTAL CONTEMPORÂNEO EM QUESTÃO: CRÔNICA DA LUTA POR RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS DE TERCEIRA GERAÇÃO

Autor: Paulo César Da Costa Heméritas

Ano: 2011

RESUMO

Defesa de dissertação apresentada ao Centro de Ciências do Homem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como requisito parcial à obtenção do título de mestre em
Cognição e Linguagem A presente dissertação versa sobre a trajetória das produções de cinema sob viés ambiental realizadas a partir dos anos 60, gênese dos movimentos sociais “verdes”. O trabalho apresenta o diálogo entre as produções fílmicas e os conceitos de luta por reconhecimento e direitos humanos de terceira geração, reivindicações relativas à integridade do Ambiente.

Dissertação Completa: Dissertação – O Cinema Ambiental Contemporaneo em Questão – Autor Paulo C. da Costa Hêmeritas

UENF – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO – Campos dos Goytacazes – RJ

[DIVULGAÇÃO) Programa – Disciplina e Curso de Extensâo – Questões Agrárias, Ambiente e Multimeios

Titulo:  Disciplina e Curso de Extensão – Questões Agrárias, Ambiente e Multimeios.
1o Semestre / 2019
Professor Responsável:  Profa. Dra. Sonia Bergamasco
Professores Convidados:  Profa. Dra. Aline Vieira de Carvalho e Prof. Dr. Gilberto Sobrinho
Colaboradores/Pesquisadores:  Dr. Diego Riquelme, Dra. Kellen Junqueira, Dr. Marcelo Pupo, Doutoranda. Janaína Welle, Dra. Jennifer Jane Serra, Dra. Márcia Maria Tait, Alesandro Poeta e Luciana Henrique da Silva
Local:  Nepam/UNICAMP

Resumo/Objetivos: Proporcionar métodos e recursos técnicos e teóricos para a análise crítica da linguagem audiovisual e para a construção de narrativas audiovisuais. O programa privilegia questões relativas às narrativas e linguagem cinematográfica sobre o filme documentário, por meio da abordagem de conteúdos, realização de análises fílmicas e de exercícios práticos. As análises fílmicas e discussões realizadas durante o curso/disciplina serão baseadas em estratégias voltadas à produção coletiva sobre temas como movimentos sociais, cultura e política, meio ambiente e questões agrárias, promovendo também uma reflexão mais abrangente em torno de identidades coletivas populares e práticas audiovisuais engajadas.

A abordagem adotada parte de uma concepção da práxis como fundamento para os processos pedagógicos, o que implica na incorporação das expectativas e trajetórias pessoais dos participantes. Por isto, propõem-se momentos de reflexão-ação durante todo curso/disciplina e a divisão em grupos para definição e o desenvolvimento de projetos de realização audiovisual. Os projetos deverão estar alinhados com o formato e temas abordados durante o período e as condições objetivas de tempo-realização, ou seja, serão esperadas propostas de projeto de documentário em curta-metragem, com foco nas relações entre meio ambiente e sociedade, questões agrárias, movimentos sociais do campo e da cidade e outras temáticas levantadas durante o curso/disciplina.

Participação convidada Especial:
Apresentação de Alunos da Pós- Graduação: Experiências de produção e realização
Palestra aberta a Universidade em forma de Seminário.

 

PROGRAMAÇÃO – 1° Semestre 2019

Aulas Conteúdo Responsável
Aula 1

27/02/20192

 

 

Aula de Apresentação

Histórico e proposta curso

Apresentação da disciplina

Apresentação participante

Apresentação dos temas específicos que integram a temática da disciplina:

Multimeios e Sementeia: Márcia Tait

 

Kellen Junqueira

Diego Riquelme

Márcia Tait

 

Aula 2

06/03/2018

Introdução à linguagem audiovisual: na pesquisa e Extensão.

 

Janaína Welle

 

 

Aula 3

13/03/2019

 

Apresentação dos temas específicos que integram a temática da disciplina:

Questão Agrária: Profa. Sonia Bermasco

 

Sonia Bergamasco

 

Aula 4

20/03/2019

Apresentação dos temas específicos que integram a temática da disciplina: Profa. Aline

Tarefa 1 : Tema/Criar/Pensar uma imagem (individual)

Aline Carvalho

 

 

Aula 5

27/03/2019

Apresentação Tarefa N° 1. Escolha dos temas e divisão dos grupos Informar recursos materiais e humanos da disciplina.

Tarefa N° 2: Pesquisa sobre o tema com base na aula de produção

Tarefa N° 3: Argumento em grupo

Kellen Junqueira

Diego Riquelme

 

Aula 6

03/04/2019

Documentário, sub-representações e formas de empoderamento- como se dá a apropriação do audiovisual pelos movimentos sociais. Gilberto Sobrinho
Aula 7

10/04/2019

Introdução e Conceitos Básicos dos Processos de Produção do Audiovisual

 

Janaína Welle

 

Aula 8

17/04/2019

Introdução e Conceitos da Fotografia e Som

 

 

Diego Riquelme

Alessandro Poeta

 

 

 

Aula 9

24/04/2019

 

Metodologias do documentário

1.- Teoria da Montagem

2.- Apresentação tarefa: 05 minutos cada grupo.

3.- Discussão em grupo 10 minutos.

4.-Tarefa : Planejamento por grupo para os dias de gravação

 

 

Jennifer Serra

Kellen Junqueira

 

 

Aula

08/05/2019

 

Edição I – Teórica – Pratica

Aula prática-Software de edição:

– Proprietário (Premiere e Final Cut)

– Livre (Blender)

 

Alessandro Poeta

Diego Riquelme

 

Aula 11

15/05/2019

 

Gravações – Externas Estudantes com apoio professores
Aula 12

22/05/2019

 

Edição II – Pratica

Roteiro técnico de edição

Transcrição, decupagem e roteiro de edição.

 

Diego Riquelme

Alessandro Poeta

Aula 13

29/05/21019

Edição – Estudantes com apoio professores
Aula 14

05/06/2019

Edição Estudantes com apoio professores
Aula 15

12/06/2019

 

Pendências e questões sobre a edição/montagem

Avaliação do curso.

 

 

 

Apresentação Relato de processo dos grupos

Tarefa 5: Postagem na Sementeia.org do Vídeo e do relato de processo.

 

Todos
Aula 16

19/06/2019

 

Apresentação final: dos vídeos pela

Sementeia.org

 

Todos

(ARTIGO) A formação de Pesquisadores e Profissionais do audiovisual: o papel da universidade e do mercado.

Titulo: A Formação de Pesquisadores e Profissionais do Audiovisual: o papel da universidade e do mercado.

Autora: Doris Fagundes Haussen*

Ano: 

A discussão sobre o perfil do profissional de audiovisual a ser preparado pelas Escolas de Comunicação passa, inevitavelmente, pela discussão sobre o mercado em que estes profissionais irão se inserir. Neste sentido, faz-se necessário uma avaliação sobre o contexto cultural mais amplo, a população, a indústria cultural instalada, as escolas de comunicação existentes, as diretrizes curriculares, entre outros fatores.

No caso brasileiro, a população é de cerca de 160 milhões de habitantes, sendo que 85,1% dos lares possuem TV. Das seis grandes redes de televisão do país, a Globo cobre 99,99% do território, o SBT, 97,46%, a Bandeirantes, 91,66%, a Manchete, 72,80%, a Record, 69,02% e a CNT, 41,00% (Fonte: Revista da Mídia, 1997). A Globo possui 104 repetidoras próprias, 832 retransmissoras próprias, 1474 retransmissoras de prefeituras, 266 de outros em geral, 502 por satélite. No total, possui 3178 pontos de retransmissão (Fonte: Simon.P.(rel.)(1998).

Por seu lado, a TV segmentada conta com a MTV, de música jovem, que alcança mais de 250 municípios brasileiros; a Rede Mulher, destinada ao público feminino, adulto, que retransmite para todo o país por TV a Cabo e canal aberto por satélite; a Rede Vida, dirigida à família, atingindo mais de 150 municípios e 600 localidades com retransmissoras secundárias; o Canal 21, de prestação de serviços, dirigido ao interior de São Paulo, e a CBI, também de serviços, cobrindo 26 municípios do interior de São Paulo, entre outras.(Fonte: Revista da Mídia,1997). Os canais de TV por assinatura têm a sua penetração maior no sudeste (39,95%) e sul do país (13,16%), havendo 55 cidades com TV a Cabo e nove cobertas pelo sistema MMDS (a TVA conta com 270 mil assinantes) (Fonte: Simon, P.(1998)). Neste setor, atualmente os grupos regionais estão vencendo a maioria das licitações devido ao recuo dos grandes grupos operadores – Abril e Globo.

Segundo análise da EPCOM/Internet(1998), com as crises internacional e brasileira, o mercado nacional de TV por assinatura, que chegou a ser considerado o melhor do mundo, pelas possibilidades de expansão, entrou em recesso, com inadimplência e perda de assinantes. Também contribuiu para a retração a dificuldade de obtenção de financiamentos no mercado internacional, e a privatização da Telebrás que, além de absorver investimentos, terá as novas empresas privadas atuando fortemente no mercado de transmissão de dados e provimento de serviços de acesso à Internet, segmento em que as operadoras de TV por assinatura pretendiam entrar. No entanto, os grupos Globo e Abril continuam dominando o mercado de programação e controlando os pacotes que as operadoras terão no Brasil para oferecer. “Ocorre assim no país, uma tendência internacional: as empresas regionais e independentes bancam os investimentos iniciais, desbravam os mercados para, depois, sem possibilidade de resistir, serem adquiridas pelos grandes conglomerados” (idem).

Os canais comunitários, por sua vez, encontram-se em fase de expansão. Uma experiência interessante está sendo realizada na região do ABC paulista. A Canbras, empresa do grupo Bell Canadá, que é a operadora de TV por assinatura da região, lançou no último mês de junho, o Canal ABC 3, que está sendo operado pelos próprios moradores da região que fazem a cobertura dos acontecimentos de interesse geral da população. O investimento foi de 500 mil reais.(Fonte: Epcom/Internet). Quanto ao Rádio, 89,3% dos domicílios brasileiros possuem receptores. O número total de emissoras é de 2.961, sendo 1574 em ondas médias, 1275 em FM, 80 em ondas tropicais e 32 em ondas curtas. Há em torno de 10 grandes redes em AM e FM que operam de 12 a 44 emissoras por grupo, além de redes menores e de emissoras isoladas (Revista da Mídia). Em relação ao cinema, há cerca de 1500 salas de exibição no país com aproximadamente 200 filmes estreando por ano. Destes, 93% são estrangeiros, sendo 63% provenientes dos Estados Unidos e 7% nacionais (Reis e Silva, 1998).

Com referência à indústria fonográfica brasileira, trata-se da sexta no contexto mundial sendo que a produção nacional é de cerca de 70% (sem incluir a “pirataria”). Com a crise atual, no entanto, há tendência destes dados serem reduzidos em cerca de 30% (Maya Ricardo, 1998). Neste sentido, há também uma preocupação por parte das companhias fonográficas devido à fragmentação do gosto dos consumidores, decorrente das novas formas de acesso aos produtos. Conforme a Federação Internacional das Indústrias Fonográficas (IFPI), diariamente são baixadas pelas Internet três milhões de trilhas sonoras, na maior parte pirateadas. Esta prática tende a se disseminar com a iminente comercialização de pequenas máquinas portáteis que permitem aos consumidores armazenar músicas obtidas via rede. E, para enfrentar estes novos produtos, as empresas já estão desenvolvendo equipamentos similares. A tecnologia, portanto, está alterando todo o panorama desta indústria e, também, do mercado.

Outro setor que atua com o audiovisual, o da Publicidade e Propaganda, no caso brasileiro, possui um levantamento das agências efetuado pelo Sindicato da área. No entanto, estes dados referem-se apenas às agências filiadas. Por outro lado, segundo a publicitária Maria da Graça Celente (1998), é praticamente impossível indicar um número correto uma vez que, diariamente, são criadas – e também fecham – agências no país. No caso do Rio Grande do Sul, um dos Estados brasileiros, este número está em torno de 400. Trata-se, portanto, de um mercado expressivo.

Em relação às Escolas de Comunicação brasileiras, segundo dados da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (1998), há 152 Instituições que oferecem cursos de Comunicação, com 266 habilitações, sendo 93 de Jornalismo, 81 de Publicidade/Propaganda, 23 de Radialismo, 5 de Cinema, 3 de Editoração e 55 de Relações Públicas. Assim, os programas de audiovisual são trabalhados, na maioria das vezes, dentro dos cursos de Jornalismo e de Publicidade/Propaganda.

Brevemente, este é o panorama. No entanto, o fundamental, no caso específico, é a reflexão sobre o papel das escolas enquanto formadoras de profissionais e pesquisadores para esta realidade. A discussão não é nova. O atual, é a rapidez com que a tecnologia evolui e praticamente atropela a academia, num contexto em que a convergência das tecnologias tradicionais associada às inovações do setor exige um novo produtor (e um novo decodificador) destas linguagens. Por outro lado, da década de 70 em diante e, particularmente nos anos 90, houve uma explosão de abertura de novos cursos de Comunicação no país, com uma crescente procura pelos mesmos, embora ocorra uma saturação do mercado tradicional.

Sobre os pedidos de abertura de novos cursos no Brasil, Faro(1998) refere-se à proliferação descontrolada: “das regiões mais distantes do país, algumas com carências materiais formidáveis, brotam processos mal-articulados e precariamente fundamentados que acenam com centenas de vagas”, a maior parte dirigida às habilitações de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. Ainda conforme o autor, na maioria dos casos trata-se de cursos mal-aparelhados do ponto de vista de suas estruturas laboratoriais , bem como da qualificação e do regime de trabalho do corpo docente. Uma das causas estaria na expansão do ensino privado que, com as exceções à regra, visaria mais o lucro do que o aprimoramento e a prática das respectivas áreas.

Outra crítica apontada por Faro refere-se à superficialidade da definição do perfil (e do número) dos profissionais que se pretende formar e que tem pouca relação com as características quantitativas e qualitativas do mercado das regiões em que os cursos se encontram instalados. Há referência, ainda, às raras inovações no campo didático-pedagógico e às lacunas teórico-conceituais “inter, multi e transdisciplinares que o ensino universitário cobra hoje de todas as áreas do conhecimento”.

O objetivo deste trabalho não é analisar apenas esta vertente do fenômeno, já abordada por outros autores (Marques de Melo, 1991; Andion, 1991;Navarro, 1991, entre outros). O objetivo aqui é o de refletir sobre o profissional – multimídia – que deverá atender às novas demandas e sobre o pesquisador que irá estudá-las, bem como a sua preparação pela Universidade no atual contexto. Afinal, quem é este novo personagem?

A multimídia é considerada como um conjunto de possibilidades de produção e utilização integrada de todos os meios da expressão e da comunicação, como desenhos, esquemas, fotografias, filmes, animação de textos, gráficos, sons, animados e coordenados por programas de computador. Por outro lado, estas novas tecnologias provocam profundas mudanças em padrões da sociedade, na medida em que aceleram o ritmo de vida das pessoas que dispõem, cada vez mais, de possibilidades de se informar. As noções de tempo e espaço deixam de ser barreiras, alterando a vida cotidiana de todos. A multiplicidade dos meios de comunicação, sua disponibilidade e a quantidade de informações geradas trazem, assim, a necessidade de um novo perfil para o profissional da área que, além do domínio técnico, necessita compreender este fenômeno como uma estrutura interligada. Um profissional multimídia, enfim.

Neste sentido, é preciso entender este universo não apenas como uma conexão entre computadores e suas possibilidades mas como um processo de interação entre mídias múltiplas, com diferentes linguagens. Assim como há necessidade deste novo profissional, as Escolas de Comunicação precisam alterar a sua visão e tornarem-se aptas a formar este novo perfil. Neste sentido, além da competência necessária a cada área profissional há a necessidade da compreensão desta realidade mais ampla e múltipla.

O profissional multimídia, por estar envolvido com uma atuação conjunta nos diversos meios de comunicação, que unem as características de cada veículo em uma só linguagem, precisa, assim, ter a noção de todo o processo da comunicação. Ao mesmo tempo, além desta necessidade de ser abrangente, precisa ser um especialista em determinados temas e habilidades uma vez que o mercado é cada vez mais segmentado, exigindo, portanto, profissionais profundamente qualificados.

Este novo perfil profissional, por outro lado, também deverá alterar, no caso brasileiro, a própria legislação da área. Uma legislação muito rígida e corporativa, condizente com outros tempos. Esta necessidade do profissional de transitar por diversas áreas, uma possibilidade alavancada pela própria tecnologia, vai necessariamente provocar alterações. Principalmente no caso do Jornalismo e do Radialismo, por exemplo, em que um locutor de rádio não podia ser redator ou que um repórter de televisão não podia apresentar um telejornal. Embora a legislação continue vigente, ela já está sendo ignorada.

É neste sentido que as Escolas de Comunicação necessitam reavaliar as suas diretrizes curriculares e uma nova legislação deve ser elaborada. Levando em conta não mais a necessidade de “amarrar” mas apenas de nortear o setor da área. Considerando, assim, que este novo profissional multimídia, além de dominar o sentido mais amplo das tecnologias deve transitar pelas diversas áreas, seja de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Radialismo, Cinema, Editoração, ou Relações Públicas, seja de novos cursos que deverão ser criados.

Os professores do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade de Comunicação Social da PUC do Rio Grande do Sul, por exemplo, discutem atualmente as alterações que deverão ser feitas. E  têm por objetivo desenvolver um curso que forme especialistas na área, mas com  uma visão generalista, “que perceba as mudanças no mercado mas que conjugue a cultura da academia com a mercadológica, podendo agir de forma crítica e transformadora”.

Uma proposta concreta foi apresentada pelo cineasta e professor Carlos Gerbase (1998:41). Para ele,” a imagem não pode ser assunto apenas dos profissionais que as fabricam nos estúdios e dos intelectuais que as dissecam nas academias”. Segundo o cineasta, o estudo da imagem deveria constar no currículo mínimo do ensino de primeiro grau. Para que desde a infância se iniciasse esta “pedagogia da imagem” já que na sociedade tecnológica atual o processo do conhecimento passa, inevitavelmente, por ela.

Neste sentido, Gerbase (p.44) propõe algumas “lições básicas”: desconfiar da imagem – ela é manipulável; aprender os truques de edição; perceber a integração das tecnologias e quem as domina; identificar o texto escrito da Comunicação que aproxima o Jornalismo e a Publicidade, tornando a ideologia mais opaca – mas isto não vale para a imagem, em que a ideologia é transparente. Por fim, e o mais importante, segundo o cineasta, é de que há esperança. Existem jornalistas, publicitários, jornais e agências de publicidade, no seu entender, que se importam com a verdade. “Ainda é possível ler versões diferentes da mesmas notícia, ou ver anúncios que educam ao mesmo tempo que vendem. Ainda dá para ir ao cinema, ligar a TV e ver um bom programa. Ainda não estamos condenados ao império da imagem telecomandada”

 NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDIÓN, Maurício. La Formación de Profesionales en Comunicación. In Revista Dia-logos de la Comunicación (1991), Lima, Felafacs.

APPEL, Ellen (1997). O Novo Profissional para todas as Mídias. Porto Alegre, Famecos/PUCRS, monografia de conclusão do Curso de Jornalismo.

EPCOM/Internet. Porto Alegre, Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação, 18/11/98, acesso@acessocom.com.br

FARO, J.S.(1998). Cursos de Comunicação vivem impasse delicado.In Observatório da Imprensa, 05/11/98, http://www2.uol.com.br/observatorio/

GERBASE, Carlos . Por uma Pedagogia da Imagem. In Levacov, M… et al.(1998) Tendências na Comunicação. Porto Alegre, L/PM.

MELO, J. Marques de. Modernidad o Anacronismo? El dilema de las Escuelas en Brasil. In Revista Dia-logos de la Comunicación (1991), Lima, Felafacs.

MAYA RICARDO, M. Indústria fonográfica: “Mim gosta ganhar dinheiro”. In Revista Famecos, n.8, 1998, Porto Alegre, Edipucrs.

MEC – Ministério de Educação(1998). Dados de 1996 dos cursos de Comunicação Social no Brasil. Brasília, Sesu/MEC.

NAVARRO, Raul Fuentes. Practicas Profesionales y Utopia Universitaria: notas para los comunicadores sociales: entre la crítica y el mercado? In Revista Dia-logos de la Comunicación (1991), Lima, Felafacs.

REIS E SILVA, J.G.B. (1998) El sector Audiovisual en Porto Alegre. Análisis introductorio de sus agentes y estructuras. La Rábida, I Maestria en Comunicación e Industria Audiovisual.

Revista  Mídia Dados 97. (1997), São Paulo, Grupo de Mídia.

SIMON, Pedro, senador (relator) (1998). Rádio e TV no Brasil. Diagnósticos e Perspectivas. Brasília, Senado Federal.

ENTREVISTA

CELENTE, Maria da Graça. Publicitária. Depoimento à autora em Porto Alegre, 19/11/98.

————————————————-

*Jornalista, professora de Radiojornalismo das Faculdades de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.

 

[REVISTA – DIALOGO EDUCACIONAL] – O cinema como componente didático da educação ambiental

Titulo: O cinema como componente didático da educação ambiental – ARTIGO

Autores: Fernando Zan Vieira e Ademir José Rosso

Ano:

Resumo: O artigo analisa a utilização do cinema na educação ambiental (EA). Discute-se a adequação dos filmes aos alunos e o papel mediador do professor ao propor atividades associadas a exibição de filmes na sala de aula. São apontados princípios para a utilização do cinema de impacto ambiental na promoção da EA, avaliação da recepção dos filmes, o aprendizado, a aquisição de novos valores ambientais e a mudança de atitudes. As informações obtidas e analisadas com os alunos participantes indicam o efeito positivo do cinema na aquisição de conhecimento, mudança de atitudes e valores diante do meio ambiente.

Link: Artigo – O cinema como componente didático

DOI: http://dx.doi.org/10.7213/rde.v11i33.4432

[LIVRO) – PROCESSOS CRIATIVOS EM MULTIMEIOS [recursos eletronicos]: tendências contemporâneas no audiovisual e na fotografia.

Titulo: PROCESSOS CRIATIVOS EM MULTIMEIOS [recursos eletronicos]: tendências contemporâneas no audiovisual e na fotografia.

Autores: Carla C. da Silva Paiva, Juliano J. Araújo, Rodrigo R. Barreto – (Orgs.)

Ano: 2012

Resumo: Esta publicação traz análises da produção imagética em diferentes espaços de realização, interpretação e recepção. Tais projetos criativos – guiados por  diferentes sentimentos, origens socioculturais, vinculações políticas e ideologias – são terreno fértil para a pesquisa desenvolvida segundo as diretrizes interdisciplinares da linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas, cujo horizonte teórico e metodológico busca discutir as relações artísticas, sociológicas, históricas, antropológicas, pedagógicas e políticas na produção ficcional, documental e experimental. Nesta coletânea, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos do programa contribuem para sublinhar a consistência alcançada pelo referido programa, que, em 2013, completa vinte e seis anos de existência. A obra em questão se trata de uma compilação de artigos de variados autores

Link: Compilação de Artigos – Processos_criativos_em_Multimeios

https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/book/978-85-8578-32-80

(LIVRO) – Desastres Naturais : conhecer para prevenir

Titulo: Desastres Naturais : conhecer para Prevenir
Autores: Lidia K. Tominaga, Jair Santoro, Rosangela do Amaral
Ano: 2019 – Instituto Geologico – SMA
APRESENTAÇÃO: Os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, independentemente destas residirem ou não em áreas de risco. Ainda que em
um primeiro momento o termo nos leve a associá-lo com terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, ciclones e furacões, os Desastres Naturais contemplam, também, processos e fenômenos mais localizados tais como deslizamentos, inundações, subsidências e erosão, que podem ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem. Responsáveis por expressivos danos e perdas, de caráter social, econômico e ambiental, os desastres naturais têm tido uma recorrência e impactos cada vez mais intensos, o que os cientistas sugerem já ser resultado das mudanças climáticas globais.
No Estado de São Paulo, e no Brasil de uma forma geral, embora estejamos livres dos fenômenos de grande porte e magnitude como terremotos e vulcões, são expressivos o registro de acidentes e mesmo de desastres associados principalmente a escorregamentos e inundações, acarretando prejuízos e perdas significativas, inclusive de vidas humanas. Embora o tema seja objeto de diversas publicações em várias partes do mundo, no Brasil ainda carecemos de uma obra que reúna a questão de desastres em um mesmo material. A presente publicação constitui, assim, uma primeira contribuição no sentido de reunir, em um único volume, os diversos aspectos que balizam as ações de prevenção de desastres naturais. Para tanto, procurou-se reunir conceitos, terminologias, métodos de análise, e aplicações que possibilitam um entendimento dos cenários potencialmente favoráveis à ocorrência de acidentes e desastres, bem como que sirva para subsidiar os agentes envolvidos na análise, gerenciamento e intervenções de áreas de risco ou potencialmente perigosas.
Além disso, foi dada ênfase aos processos e fenômenos típicos do Estado de São Paulo e do Brasil. A publicação, em seu capitulo inicial, aborda a conceituação e classificação dos desastres naturais e apresenta um panorama geral da ocorrência de desastres naturais no mundo, no Brasil e no Estado de São Paulo. Na sequência, nos capítulos 2 a 8, são apresentados os principais fenômenos geoambientais relacionados aos desastres naturais, seus mecanismos e as medidas de prevenção. No capítulo 9, discorre-se sobre os conceitos básicos de perigo e risco e os métodos empregados na análise e mapeamento de risco, instrumentos técnicos fundamentais na prevenção e na gestão de desastres naturais. Finalizando, no último capítulo, são tratadas as ações de gerenciamento de desastres naturais adotadas em âmbito municipal, estadual e nacional, apresentando as diversas experiências de prevenção e mitigação de desastres no Brasil com destaque aos planosdesenvolvidos e adotados no Estado de São Paulo.
O Livro – Desastres Naturais: conhecer para prevenir – é resultado da experiência de técnicos e pesquisadores do Instituto Geológico, da SMA, que a cerca de vinte anos tem desenvolvido pesquisas e atividades sobre o tema. A atuação do IG no assunto tem se ampliado e consolidado a cada ano, permitindo que a Instituição atue de forma expressiva 32085002 miolo.indd 9 19/1/2010 10:59:08 e aplicada em apoio à prevenção de Desastres no Estado e no País. Os trabalhos associados a escorregamentos já estão consolidados na região da Serra do Mar, na região do ABC, na região de Sorocaba e mais recentemente nas regiões do Vale do Paraiba e Serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo. Além disso, o IG tem desenvolvido ações nos temas erosão, continental e costeira, subsidências, e recentemente associados a inundações nas regiões de Ribeirão Preto e Araraquara.
Esta experiência adquirida, ao longo de 20 anos, permitiu que o Instituto atuasse com destaque no Estado de Santa Catarina, em apoio aos desastres ocorridos em novembro de 2008. Além das ações diretamente relacionadas ao gerenciamento e enfrentamento das situações de riscos e dos acidentes, os trabalhos do IG no tema aplicam-se também às ações e instrumentos de gestão ambiental e de ordenamento territorial do Estado, implementados no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA). Com esta publicação, esperamos contribuir para que, técnicos, gestores e público em geral possam obter uma visão abrangente que envolva os processos perigosos, os impactos possíveis, a forma de análise, os instrumentos de gestão e as ações mitigadoras que se apliquem a prevenção de Desastres Naturais. Ressaltamos, por fim, que esta publicação integra um conjunto de materiais de divulgação sobre o tema e que reflete a experiência acumulada no Instituto Geológico, em trabalhos junto a SMA e a Defesa Civil do Estado de São Paulo.
Francisco Graziano Neto Ricardo Vedovello
Secretário de Estado do Meio Ambiente Diretor do Instituto Geológico
Link: arquivo.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2016/12/DesastresNaturais.pdf

(CURSO) – Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores – Modulo 1 – O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima para Gestores.

Titulo: CURSO Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores – Modulo 1 – O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima

Autores: Ministerio do Meio Ambiente – (pags. 41)

Apresentação: Olá! Seja muito bem-vindo(a) ao curso Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores. Bom, o presente curso de Educação a Distância (EaD) oferecido pelo Departamento de Educação Ambiental (DEA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem como público-alvo os gestores estaduais e municipais. Ao priorizar o público-alvo, levamos em consideração que o início dos mandatos dos prefeitos e vereadores eleitos teria como um dos desafios o cumprimento das metas do Acordo de Paris e, como oportunidade, realizar iniciativas inovadoras de adaptação à mudança do clima e medidas políticas que podem gerar novas oportunidades de trabalho. Tem muita coisa sendo feita! Não será possível mostrar todas as iniciativas que os estados e municípios estão implementando dentro da carga horária estabelecida, pois cada instrumento de planejamento urbano e territorial demandaria um curso específico. Vamos procurar dar uma visão geral do que está acontecendo em termos de políticas sobre mudança do clima nos estados bem como os desafios e oportunidades que os municípios enfrentam neste contexto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2015, a estimativa da população no Brasil era de 204,5 milhões de habitantes distribuídos pelos 5.570 municípios que compõem as 27 Unidades da Federação (UF). Com uma distribuição populacional espacialmente desigual, temos, por exemplo, o estado de São Paulo com 21,7% da população total do país e o estado de Roraima que representa apenas 0,2% deste universo. É necessário distinguir as especificidades regionais, os diferentes conhecimentos, aportes tecnológicos e capacidade de gestão dos municípios brasileiros para implementar políticas públicas de baixo carbono. É com esta perspectiva que vamos oferecer este curso. Inicialmente, mostraremos a você as diretrizes dos documentos internacionais para minimizar os impactos da mudança do clima, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris. Na sequência, vamos mostrar a articulação dos municípios, algumas plataformas que medem emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), alguns instrumentos de planejamento territorial e gestão de risco, o papel das cidades e as especificidades regionais que impõem medidas e políticas diferenciadas de gestão socioambiental. Terminaremos mostrando algumas ações que podem ser inseridas dentro dos planos municipais de gestão ambiental existentes. Em cada módulo, apresentaremos os conteúdos juntamente com vídeos, sugestões de leitura e no final, os exercícios de fixação para você se familiarizar com esta temática. Esperamos que aproveite os conhecimentos disponibilizados neste curso como subsidio à implementação das políticas de desenvolvimento sustentável de seu município. Antes de começarmos nossa caminhada, é importante analisarmos a forma como estruturamos o curso, visando a uma aprendizagem produtiva.

Vamos lá?

https://www.passeidireto.com/arquivo/62953614/o-mundo-se-une-contra-os-efeitos-da-mudanca-do-clima/5

https://ead.mma.gov.br/mod/page/view.php?id=73&forceview=1

(LIVRETO) Agroecologia: uma ciência do campo da complexidade

Titulo: Agroecologia: uma ciencia do campo da complexidade.

Autores: Francisco R. Caporal (Orgs) – Gervacio Paulus e Jo´se A. Costabeber.

Ano: 2009 – (Pags. 110)

Apresentação: Os dois artigos que o leitor tem em suas mãos, reunidos neste livreto, são fruto de um processo de acúmulo do pensamento sobre a Agroecologia como ciência do campo da complexidade. Desde o início da década passada, temos dedicado parte de nosso tempo, fora da experiência ativista de nossas ações extensionistas cotidianas, para aprofundar nossas reflexões sobre Agroecologia, como contribuição para a construção de um paradigma agroecológico. Inúmeros textos, alguns citados na bibliografia e outros disponíveis em diferentes páginas da web
testemunham esta trajetória, que é intelectual, mas que é também referenciada pelo nosso “que-como-fazer” na práxis extensionista. Iniciamos com nossas teses de mestrado e doutorado, explorando um campo ainda muito obscuro e movediço da ciência agroecológica. Em seguida, nossas responsabilidades na direção da EMATERRS exigiram que trabalhássemos no sentido de fazer mais visível a aplicabilidade dos conceitos e princípios da Agroecologia como orientadores de uma prática diferenciada de extensão rural, que nestes textos conceituamos como Extensão Rural Agroecológica.

file:///C:/Users/User-PC/Documents/BLOG-LTM/Agroecologia_uma_ciencia_do_campo_da_com.pdf

(ARTIGO) – Agroecologia e tecnologia social como caminhos para o desenvolvimento rural integral: uma aproximação

Titulo: Agroecologia e tecnologia social como caminhos para o desenvolvimento rural integral: uma aproximação

Autores: Marcia M. Tait, Ednaiva F. Neves, Gabriel Gonçalves.

Resumo: Tanto sob a perspectiva empírica, como teórico-conceitual, a Tecnologia Social (TS) pode ser entendida como aquela tecnologia que melhor se alinha à proposta de resolver os problemas sociais: primeiro, a TS possibilita o processo de construção social da tecnologia, isto é, os atores sociais que utilizarão a tecnologia participam da construção da mesma. Além disso, ao invés de garantir os objetivos de geração de lucro, ela é voltada para resolver problemas sociais e, dentre estes, a exclusão social. A TS se alinha à temática do desenvolvimento rural, tanto pela crítica aos problemas sociais gerados pelo capitalismo, como, pela crítica a sua insustentabilidade ambiental. Além disso, as discussões sobre o desenvolvimento rural, durante a década de 1990 marcaram a diferenciação entre a agricultura familiar (geralmente, pequena) e a grande agricultura – elemento essencial para mostrar a importância de se desenvolver políticas públicas para a agricultura familiar. A Agroecologia também se posiciona criticamente contra os problemas gerados pelo capitalismo, destacado que o modelo da grande agricultura, com seus objetivos de lucro, não se alinha à proposta de sustentabilidade. Em contraposição, é são os pequenos agricultores familiares que vêm se dedicando a desenvolver práticas agrícolas alternativas, que se alinham à proposta de uma sociedade sustentável (sob a perspectiva econômica, ambiental, social, etc.).

https://periodicos.ufsm.br/eed/article/view/41536

Plataforma: sementeia.org

 

(PAPER) O Planeta está nos dando um recado?

Titulo: O Planeta está nos dando um recado?

Autor: Daniel Neri – CREAB/UNICAMP – FPN

Ano: 2020

Em matéria do dia 25 de Março no conceituado jornal Inglês The Guardian, intitulada “A Natureza está nos mandando uma mensagem”, Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, envia um alerta aos povos. Segundo a economista, ex-vice-presidente da ONU para o Oriente Médio e África, “a humanidade está pressionando demasiadamente o mundo natural com consequências prejudiciais” e alertou que “não cuidar do planeta significa não cuidar de nós mesmos”.[1]

A dinamarquesa se baseia no fato de que a expansão humana sobre espaços selvagens tem originado as últimas epidemias sérias como a Sars (gripe aviária), o Ebola e, neste momento, a COVID-19, e destaca o fato de 75% das doenças infecciosas emergentes têm origem na vida selvagem.

O chamado vem num momento em que o mundo segue debatendo sobre quais são os meios mais eficazes para reduzir no número de mortes causadas pelo Corona Vírus e, ao mesmo tempo, impacte ao mínimo a economia, nos âmbitos locais e global. Andersen afirma que a doença originária na China é um “claro tiro de alerta”, e que nossa civilização está “brincando com fogo”.

Sou marxista, portanto afeito a um materialismo histórico e ateu. Logo, suponho que você imagine que ideias como “o planeta está nos mandando mensagem”, ou “a natureza está dando o troco” não fazem muito sentido para mim. Na verdade, penso que tais construtos não servem nem como elemento simbólico ou metáfora. O planeta está sendo planeta. A vida selvagem sendo vida selvagem. Simples assim. Já passamos por diversas extinções em massa e a vida sempre se renovou ou recomeçou de algum ponto. Se os humanos acabarem com a vida na Terra, ela – e todo o universo, com seus 100 bilhões de bilhões de estrelas, diga-se de passagem, vão seguir suas histórias indiferentemente.

Embora reivindique esse simbolismo da Gaia, a Mãe-Terra, a Deusa-Primordial, a executiva nórdica abre mão desse simbolismo rapidamente ao apontar que o problema está no fato relativamente simples de invadirmos o habitat natural de espécies selvagens. Assim, é natural que passemos a ser contaminados por microrganismos para os quais não fomos adaptados ao longo do nosso processo evolutivo.

Não tem nada de excepcional nisso. Ou surpreendente. Nada de holístico, espiritual ou energético. Isso é biologia básica, que o Darwin começou a nos ensinar há quase 200 anos.

Mas o que me incomoda no convite que a gestora máxima das Nações Unidas para o meio ambiente nos faz não é o caráter obscuro da sua hipótese do suposto “recado” do planeta aos terráqueos ante essa que pode ser a maior pandemia dos tempos modernos. Meu estranhamento é anterior. Ele vem da percepção sobre o número crescente de pessoas das ciências e da academia que acabam “incorporando” discursos fatalistas para a problemática ambiental, como se os problemas que vivemos hoje não tivessem uma causa objetiva, material, concreta, e que nos cabe apenas a tarefa de mitigar os efeitos pensando nas gerações futuras.

É assustador como, diante da caos que a própria ONU ajuda a mapear, não se critica o papel dessa organização nesse cenário. Afinal, não é óbvio que o capitalismo está por trás dessa hecatombe ambiental que já assumiu escala planetária? E, ao mesmo tempo, também não é evidente que a Organização que controla o Banco Mundial e o FMI é aquela que defende os interesses das nações imperialistas dentro das Nações “Unidas”?

Marx, nos idos de 1860, plantou a semente que do que hoje se revela certeza inquestionável. Nenhum pesquisador sério que estude meio ambiente tem dúvidas sobre o fato de que estamos esgotando recursos e poluindo o planeta num ritmo impossível de ser revertido, e que já comprometemos seriamente a possibilidade da vida como conhecemos para as futuras gerações.

A ONU, desde a sua fundação, faz muito bem o papel de amortecer esse debate. A mesma entidade que define em seu conselho de segurança quem pode matar, que coage com seus empréstimos quem pode se desenvolver, estimula e faz o debate da questão ambiental “corretamente”. Suas agências, OMS, UNESCO, IPCC, fomentam programas, incentivam pesquisas, doam recursos, fazem campanhas, salvam vidas, mas nunca, nunca vão ao cerne da questão.

Atualmente é crescente o número de autores que discutem a temática ambiental e que apontam que a humanidade e a vida no planeta só têm futuro se começarmos a buscar saídas fora do capitalismo. No entanto, infelizmente, muitos deles insistem em negar o socialismo como opção; sustentam que a queda da União Soviética e a “reconversão” da Rússia e China ao capitalismo é a prova de que o socialismo fracassou. Alheios à teoria marxista, defendem um mundo futuro pós capitalista, mas nunca fazem essa discussão sob o ponto de vista da nossa classe, dos trabalhadores, dos países periféricos e super explorados. Apontam soluções que viriam como uma espécie de tomada de consciência global, uma percepção coletiva de que, estando à beira do abismo, as corporações, os grupos financeiros, as superpotências iriam perceber os recados de Gaia e, magicamente, romperiam com esse modo cancerígeno de sugar o planeta.

Essas pessoas, ainda que imbuídas de um espírito honestamente preocupado e consciente dos riscos que a humanidade e toda a biodiversidade atualmente correm, apresentam pseudo soluções que não mexem no coração do sistema capitalista: o latifúndio e a propriedade privada dos meios de produção, a super exploração do trabalho, a absurda concentração de renda e riqueza.

Assim, esse discurso “crítico” acaba arrastando uma legião de estudantes, professores e pesquisadores para certo tipo de limbo: forma pessoas anticapitalistas, ou pelo menos, que compreendem que a vida não persiste com ele, porém não oferece qualquer alternativa concreta de como podemos superar ou mesmo acabar com ele.

Reproduzem-se, então as mensagens que tanto interessa a quem mais usufrui do modo de produção capitalista: os países do norte global, as elites, a burguesia mundial. Entram em ação, a UNESCO, O IPCC, a OMS, com suas mensagens que apelam à conscientização e ação individuais: menos plástico, menos canudinhos, menos descartáveis, mais reciclagem, cada gota conta, objetivos do milênio, objetivos do desenvolvimento sustentável, acordos de Estocolmo, Kioto, Paris, Agenda 2030, 2050, 2100…

Enquanto isso segue em curso e de modo crescente a mineração em larga escala, o uso desenfreado e desregulado de agrotóxicos, aumento ininterrupto de exploração de petróleo e seus derivados, movidos por absoluta necessidade de ganhos e acumulação infinitos.

É muito aflitivo não termos movimentos de classe que se organizem de modo contundente, capazes de enfrentar coletivamente o capitalismo global, mas aflige ainda mais ver como grande parte da classe intelectual segue hipnotizada nesse limbo da discussão ambiental atual. Dá a impressão que se mobilizar e construir um enfrentamento real ao capitalismo e às consequências da exploração desenfreada é tarefa dos outros. Que o papel da academia é somente alertar para o grito de Gaia.

Não que se espere que a revolução que vai derrubar esse modelo será construída na academia. Quando ela acontecer, será fruto da falência obrigatória do sistema capitalista, que, por sua essência, é insustentável. Mas me resta frágil esperança de que ela possa ganhar força e ser orientada por mais pessoas como nós, que temos o privilégio de não sofrer diretamente as consequências da exploração desenfreada e ainda temos a chance de ler e compreender, estudar, pesquisar. É inadmissível que a classe intelectual e científica mundial que vê, compreende e critica os efeitos do capitalismo globalizado não seja capaz de atuar, de fato, na sua superação.

[1] https://www.theguardian.com/world/2020/mar/25/coronavirus-nature-is-sending-us-a-message-says-un-environment-chief

(PAPER) – Migrações forçadas na pandemia: quem quer voltar e quem não quer sair

Titulo: Migrações forçadas na pandemia: quem quer voltar e quem não quer sair

Autora: Talita Gantus de Oliveira – Doutoranda – IG/UNICAMP

Ano: 2020 – Campinas, 13 de Maio de 2020

Há mais de 40 dias isolada em casa, em solo paulista, sinto saudade das terras mineiras onde nasci, e lembro com pesar da viagem para lá agendada, que aconteceria no último feriado. Interrompo as leituras sobre racismo ambiental e violências na mineração para uma pesquisa que venho fazendo em um grupo numa universidade que trabalha com questões que envolvem o desastre-crime de Brumadinho.

Resolvo, então, procurar notícias sobre a relação das temáticas com o cenário atual de pandemia. Foi quando me deparei com uma foto, de cortar o coração, de uma senhora em uma notícia: debaixo de forte chuva sobre o Bairro Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, a dona de casa, de 82 anos, se abrigava sob a sombrinha, à espera de uma carona. Queria retornar a Casa Branca, outro bairro do município, a 13 quilômetros. Mas, desde que a pandemia da Covid-19 impôs restrições ao convívio social, não há mais acesso ao transporte público. Um motorista de ônibus para, mas lamenta, injuriado, que não poderia ajudar a senhora, pois estava indo em outro sentido. Resignada, ela seguiu esperando por uma carona, enquanto dizia não ter medo da doença causada pelo novo coronavírus. “Preciso é ir para casa. Não tenho medo de nada, não. Se nem a barragem me pegou… Aqui, a gente está abandonada. Mas já estou mais para lá do que para cá… Estou é na hora de morrer, já”, desabafou a senhora ao jornalista, em um misto de resignação e cansaço.

Numa live, o líder indígena Ailton Krenak disse que o barulho dos trens que transportam o minério da Vale de Minas para o Porto de Tubarão, no litoral do Espírito Santo, parecia ainda mais feroz nesses tempos de pandemia. Como se a mineradora estivesse aproveitando o caos instalado, que evidencia um colapso ambiental iminente, para extrair o que ainda resta deste pedaço de terra chamado Brasil. Como uma demonstração de pressa em engolir e triturar montanhas para carregar navios enviados para o outro lado do mundo. Ou, como disse brilhantemente Carlos Drummond de Andrade: “O maior trem do mundo / leva a minha terra / para a Alemanha / leva a minha terra / para o Canadá / leva a minha terra / para o Japão / o maior trem do mundo / puxado por cinco locomotivas a óleo diesel / engatadas geminadas desembestadas / leva meu tempo, minha infância, minha vida / triturada em 163 vagões de minério e destruição (…)”

Continuo lendo mais notícias que denunciam o descaso no qual Brumadinho e seu entorno se encerram, agravado pela Covid-19. Tentativa vã. A grande mídia segue a mesma cartilha do cronograma imposto por aqueles que sentam atrás das cadeiras, e que dão as canetadas que garantem que a exaustão de terras arrasadas se transformem em ativos financeiros, enriquecendo carteiras virtuais de minorias. Os jornais alardeiam: “a mineração não pode parar!” Outros anunciam: “Vale doa testes para salvar a saúde dos brasileiros.” Alguns poucos denunciam a real situação: a de um sistema de exploração mineral que não dá trégua nem diante de uma crise sanitária de múltiplas proporções.

Venho pesquisando quais ações estão sendo tomadas pela mineradora depois rompimento da barragem de Córrego do Feijão, que gerou inúmeros problemas socioambientais naqueles territórios. Qual assistência ela vem dando às populações que sofreram com o impacto de uma migração forçada? Como tem sido o gerenciamento desse isolamento para os atingidos? Que efeitos o isolamento traz para essas pessoas que estão morando em locais provisórios, em um pedaço de chão que não sentem ser delas? Quais as dificuldades enfrentadas num cenário que as levou à perda de seus vínculos, em que os laços comunitários foram desfeitos? – tanto pelas mortes que o rompimento acometeu, quanto pelas migrações forçadas que desfizeram a estrutura das redes de apoio.

O Brasil enfrenta múltiplas crises de deslocamento forçado. Desde 2016, milhares de venezuelanos cruzaram a fronteira com o Brasil em busca de segurança e sobrevivência. O país também recebe refugiados de mais de 80 nacionalidades, além de um número alto de migrantes haitianos. Mas, muito menos visíveis, no entanto, são os milhões de brasileiros que são forçados a se deslocarem em função de desastres naturais, da violência sistemática e de empreendimentos de desenvolvimento. Não só de empreendimentos que falham miseravelmente – como as barragens de rejeito que se romperam; mas de empreendimentos que, por meio de alianças, geram uma especulação imobiliária tão absurda que uma cidade se torna várias, de tão marcada pela segregação sócio-espacial. Na Região Metropolitana de São Paulo, mais de dez mil famílias perderam suas casas no último ano e mais de duzentas mil estão ameaçadas de remoção. Os deslocamentos dessas pessoas, em situação já precária, colocam-nas ainda mais expostas ao vírus, ao compartilharem habitação com outras famílias e, em casos extremos, ao irem morar na rua.

Enquanto a senhora de 82 anos tentava voltar para casa em Brumadinho, outras tentam permanecer em suas casas em uma situação que não poderia parecer mais catastrófica do que já é. Alternando mistos de desânimo, otimismo e força de vontade, o pensamento que reverbera na minha mente é só um: se sairmos os mesmos dessa pandemia, cenários devastados pela destruição triunfarão como produto da ganância. Os impactos da pandemia não são uniformes nem homogêneos para todos, e as condições que as pessoas têm de lidar com eles também não. Com isso, qualquer estratégia de combate, de prevenção ou de atendimento à Covid-19 precisa ser pautada pelas condições materiais específicas de cada local de ação.

Link: https://cemiunicamp.com.br/observatorio-no-47/

 

(REVISTA – ADAPTAÇÃO ) – Adaptação à Mudança do Clima.

Titulo: Adaptação à Mudança do Clima.

Autores: Ministerio do Meio Ambiente – Secretaria de Mudanças, Climaticas e Qualidade Ambiental.

Ano:  2016  (Pags. 56)

Editorial – Clima de convergência :  Para ampliar o conhecimento sobre o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, nós da equipe da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente elaboramos esta revista. Nas páginas a seguir, o leitor terá a oportunidade de conhecer diferentes opiniões relacionadas à adaptação e obter informações atualizadas sobre inciativas em curso. Sobre tudo as considerações do ministro Sarney Filho, que volta à casa pela segunda vez. O conceito de adaptação e uma retrospectiva da história climática são abordados pelo doutorando em Ciências do Sistema Terrestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Pedro Ivo Camarinha. Do Recife vem uma reportagem elaborada pela jornalista Alice de Souza, na qual ela apresenta os resultados das análises que a equipe da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) publicou recentemente sobre os impactos que a costa do estado vem sofrendo com a mudança do clima. Essa edição conta, também, com a contribuição de membros do governo federal, provenientes de diversos ministérios, e de outros colaboradores, cujas participações foram importantes para promover a compreensão de conceitos e iniciativas ligadas à temática de Adaptação. Por fim, a revista traz um panorama do processo de construção do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, que foi recentemente lançado, com vistas a orientar iniciativas para a gestão e diminuição do risco climático no país.
Como muito bem lembrou a analista ambiental Jennifer Viezzer, no texto que escreveu aqui para revista, em referência ao escritor inglês H. G. Wells: “Adaptar ou perecer, agora e sempre, é o imperativo inexorável da natureza”. Esta revista também está disponível em versão digital no sítio eletrônico do Ministério do Meio Ambiente.

https://www.mma.gov.br/informma/item/237-adapta%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-mudan%C3%A7a-do-clima.html

(CURSO) – Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores – Modulo 1 – O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima para Gestores.

Titulo: CURSO Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores – Modulo 1 – O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima

Autores: Ministerio do Meio Ambiente – (pags. 41)

Apresentação: Olá! Seja muito bem-vindo(a) ao curso Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores. Bom, o presente curso de Educação a Distância (EaD) oferecido pelo Departamento de Educação Ambiental (DEA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem como público-alvo os gestores estaduais e municipais. Ao priorizar o público-alvo, levamos em consideração que o início dos mandatos dos prefeitos e vereadores eleitos teria como um dos desafios o cumprimento das metas do Acordo de Paris e, como oportunidade, realizar iniciativas inovadoras de adaptação à mudança do clima e medidas políticas que podem gerar novas oportunidades de trabalho. Tem muita coisa sendo feita! Não será possível mostrar todas as iniciativas que os estados e municípios estão implementando dentro da carga horária estabelecida, pois cada instrumento de planejamento urbano e territorial demandaria um curso específico. Vamos procurar dar uma visão geral do que está acontecendo em termos de políticas sobre mudança do clima nos estados bem como os desafios e oportunidades que os municípios enfrentam neste contexto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2015, a estimativa da população no Brasil era de 204,5 milhões de habitantes distribuídos pelos 5.570 municípios que compõem as 27 Unidades da Federação (UF). Com uma distribuição populacional espacialmente desigual, temos, por exemplo, o estado de São Paulo com 21,7% da população total do país e o estado de Roraima que representa apenas 0,2% deste universo. É necessário distinguir as especificidades regionais, os diferentes conhecimentos, aportes tecnológicos e capacidade de gestão dos municípios brasileiros para implementar políticas públicas de baixo carbono. É com esta perspectiva que vamos oferecer este curso. Inicialmente, mostraremos a você as diretrizes dos documentos internacionais para minimizar os impactos da mudança do clima, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris. Na sequência, vamos mostrar a articulação dos municípios, algumas plataformas que medem emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), alguns instrumentos de planejamento territorial e gestão de risco, o papel das cidades e as especificidades regionais que impõem medidas e políticas diferenciadas de gestão socioambiental. Terminaremos mostrando algumas ações que podem ser inseridas dentro dos planos municipais de gestão ambiental existentes. Em cada módulo, apresentaremos os conteúdos juntamente com vídeos, sugestões de leitura e no final, os exercícios de fixação para você se familiarizar com esta temática. Esperamos que aproveite os conhecimentos disponibilizados neste curso como subsidio à implementação das políticas de desenvolvimento sustentável de seu município. Antes de começarmos nossa caminhada, é importante analisarmos a forma como estruturamos o curso, visando a uma aprendizagem produtiva.

Vamos lá?

https://www.passeidireto.com/arquivo/62953614/o-mundo-se-une-contra-os-efeitos-da-mudanca-do-clima/5

https://ead.mma.gov.br/mod/page/view.php?id=73&forceview=1

(ARTIGO) – Agroecologia e tecnologia social como caminhos para o desenvolvimento rural integral: uma aproximação

Titulo: Agroecologia e tecnologia social como caminhos para o desenvolvimento rural integral: uma aproximação

Autores: Marcia M. Tait, Ednaiva F. Neves, Gabriel Gonçalves.

Resumo: Tanto sob a perspectiva empírica, como teórico-conceitual, a Tecnologia Social (TS) pode ser entendida como aquela tecnologia que melhor se alinha à proposta de resolver os problemas sociais: primeiro, a TS possibilita o processo de construção social da tecnologia, isto é, os atores sociais que utilizarão a tecnologia participam da construção da mesma. Além disso, ao invés de garantir os objetivos de geração de lucro, ela é voltada para resolver problemas sociais e, dentre estes, a exclusão social. A TS se alinha à temática do desenvolvimento rural, tanto pela crítica aos problemas sociais gerados pelo capitalismo, como, pela crítica a sua insustentabilidade ambiental. Além disso, as discussões sobre o desenvolvimento rural, durante a década de 1990 marcaram a diferenciação entre a agricultura familiar (geralmente, pequena) e a grande agricultura – elemento essencial para mostrar a importância de se desenvolver políticas públicas para a agricultura familiar. A Agroecologia também se posiciona criticamente contra os problemas gerados pelo capitalismo, destacado que o modelo da grande agricultura, com seus objetivos de lucro, não se alinha à proposta de sustentabilidade. Em contraposição, é são os pequenos agricultores familiares que vêm se dedicando a desenvolver práticas agrícolas alternativas, que se alinham à proposta de uma sociedade sustentável (sob a perspectiva econômica, ambiental, social, etc.).

https://periodicos.ufsm.br/eed/article/view/41536

Plataforma: sementeia.org

 

(ARTIGO) – Saberes tecnocientíficos e populares: a pesquisa, o ensino e o pilar manco da extensão.

Titulo: Saberes tecnocientíficos e populares: a pesquisa, o ensino e o pilar manco da extensão.

Autora: Marcia M. Tait

Introdução: Num país de dimensões continentais, de tradição agrária, em que uma memória de posse violenta da terra fica latente sob os discursos lineares e universalizantes do agronegócio, alvo das tecnologias das mais diversas sortes produzidas junto às pesquisas nas ciências agrárias, vale ponderar sobre a existência e a prática de uma ciência que, muitas vezes, se pretende “neutra”. O tradicional tripé “ensino, pesquisa e extensão”, mote de universidades públicas, confere a essas três categorias o mesmo estatuto de valor ao concebê-las separadamente, mas fadadas ao que seria um “ponto de encontro”. Algo, contudo, acontece durante essa possibilidade de encontro, que faz com que o pilar da extensão nas universidades encontre-se frequentemente “manco”. No que tange as ciências agrárias, apagar ou colocar em questão os saberes da população rural, ou ainda, reformulá-los para conferir a eles um estatuto “científico” e, posteriormente, “devolvê-los” ao homem do campo, causa, frequentemente, um ponto de inflexão na trajetória para um possível encontro entre a pesquisa, o ensino e a extensão.

sementeia.org

Campesinato_e_sementes_crioulas_indicios

(LIVRO) – Desastres Naturais : conhecer para prevenir

Titulo: Desastres Naturais : conhecer para Prevenir
Autores: Lidia K. Tominaga, Jair Santoro, Rosangela do Amaral
Ano: 2019 – Instituto Geologico – SMA
APRESENTAÇÃO: Os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, independentemente destas residirem ou não em áreas de risco. Ainda que em
um primeiro momento o termo nos leve a associá-lo com terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, ciclones e furacões, os Desastres Naturais contemplam, também, processos e fenômenos mais localizados tais como deslizamentos, inundações, subsidências e erosão, que podem ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem. Responsáveis por expressivos danos e perdas, de caráter social, econômico e ambiental, os desastres naturais têm tido uma recorrência e impactos cada vez mais intensos, o que os cientistas sugerem já ser resultado das mudanças climáticas globais.
No Estado de São Paulo, e no Brasil de uma forma geral, embora estejamos livres dos fenômenos de grande porte e magnitude como terremotos e vulcões, são expressivos o registro de acidentes e mesmo de desastres associados principalmente a escorregamentos e inundações, acarretando prejuízos e perdas significativas, inclusive de vidas humanas. Embora o tema seja objeto de diversas publicações em várias partes do mundo, no Brasil ainda carecemos de uma obra que reúna a questão de desastres em um mesmo material. A presente publicação constitui, assim, uma primeira contribuição no sentido de reunir, em um único volume, os diversos aspectos que balizam as ações de prevenção de desastres naturais. Para tanto, procurou-se reunir conceitos, terminologias, métodos de análise, e aplicações que possibilitam um entendimento dos cenários potencialmente favoráveis à ocorrência de acidentes e desastres, bem como que sirva para subsidiar os agentes envolvidos na análise, gerenciamento e intervenções de áreas de risco ou potencialmente perigosas.
Além disso, foi dada ênfase aos processos e fenômenos típicos do Estado de São Paulo e do Brasil. A publicação, em seu capitulo inicial, aborda a conceituação e classificação dos desastres naturais e apresenta um panorama geral da ocorrência de desastres naturais no mundo, no Brasil e no Estado de São Paulo. Na sequência, nos capítulos 2 a 8, são apresentados os principais fenômenos geoambientais relacionados aos desastres naturais, seus mecanismos e as medidas de prevenção. No capítulo 9, discorre-se sobre os conceitos básicos de perigo e risco e os métodos empregados na análise e mapeamento de risco, instrumentos técnicos fundamentais na prevenção e na gestão de desastres naturais. Finalizando, no último capítulo, são tratadas as ações de gerenciamento de desastres naturais adotadas em âmbito municipal, estadual e nacional, apresentando as diversas experiências de prevenção e mitigação de desastres no Brasil com destaque aos planosdesenvolvidos e adotados no Estado de São Paulo.
O Livro – Desastres Naturais: conhecer para prevenir – é resultado da experiência de técnicos e pesquisadores do Instituto Geológico, da SMA, que a cerca de vinte anos tem desenvolvido pesquisas e atividades sobre o tema. A atuação do IG no assunto tem se ampliado e consolidado a cada ano, permitindo que a Instituição atue de forma expressiva 32085002 miolo.indd 9 19/1/2010 10:59:08 e aplicada em apoio à prevenção de Desastres no Estado e no País. Os trabalhos associados a escorregamentos já estão consolidados na região da Serra do Mar, na região do ABC, na região de Sorocaba e mais recentemente nas regiões do Vale do Paraiba e Serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo. Além disso, o IG tem desenvolvido ações nos temas erosão, continental e costeira, subsidências, e recentemente associados a inundações nas regiões de Ribeirão Preto e Araraquara.
Esta experiência adquirida, ao longo de 20 anos, permitiu que o Instituto atuasse com destaque no Estado de Santa Catarina, em apoio aos desastres ocorridos em novembro de 2008. Além das ações diretamente relacionadas ao gerenciamento e enfrentamento das situações de riscos e dos acidentes, os trabalhos do IG no tema aplicam-se também às ações e instrumentos de gestão ambiental e de ordenamento territorial do Estado, implementados no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA). Com esta publicação, esperamos contribuir para que, técnicos, gestores e público em geral possam obter uma visão abrangente que envolva os processos perigosos, os impactos possíveis, a forma de análise, os instrumentos de gestão e as ações mitigadoras que se apliquem a prevenção de Desastres Naturais. Ressaltamos, por fim, que esta publicação integra um conjunto de materiais de divulgação sobre o tema e que reflete a experiência acumulada no Instituto Geológico, em trabalhos junto a SMA e a Defesa Civil do Estado de São Paulo.
Francisco Graziano Neto Ricardo Vedovello
Secretário de Estado do Meio Ambiente Diretor do Instituto Geológico
Link: arquivo.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2016/12/DesastresNaturais.pdf

(LIVRO) – Ailton Krenak – O amanhã não está à venda.

Titulo: Ailton Krenak – O amanhã não está à venda.

Autor: Ailton Krenak

Ano: 2020

Há vários séculos que os povos indígenas do Brasil enfrentam bravamente ameaças que podem levá-los à aniquilação total e, diante de condições extremamente adversas, reinventam seu cotidiano e suas comunidades. Quando a pandemia da Covid-19 obriga o mundo a reconsiderar seu estilo de vida, o pensamento de Ailton Krenak emerge com lucidez e pertinência ainda mais impactantes.

Em páginas de impressionante força e beleza, Krenak questiona a ideia de “volta à normalidade”, uma “normalidade” em que a humanidade quer se divorciar da natureza, devastar o planeta e cavar um fosso gigantesco de desigualdade entre povos e sociedades. Depois da terrível experiência pela qual o mundo está passando, será preciso trabalhar para que haja mudanças profundas e significativas no modo como vivemos.

“Tem muita gente que suspendeu projetos e atividades. As pessoas acham que basta mudar o calendário. Quem está apenas adiando compromisso, como se tudo fosse voltar ao normal, está vivendo no passado […]. Temos de parar de ser convencidos. Não sabemos se estaremos vivos amanhã. Temos de parar de vender o amanhã.”

Ailton Krenak – O amanhã não está à venda

Orgulhosamente feito com WordPress | Tema: Baskerville 2 por Anders Noren

Acima ↑