A região Nordeste do Brasil tem sido vista, ao menos desde finais do século XIX, ora como zona pobre, com base em visões deterministas sustentadas por abordagens simplistas nas quais a desertificação, a seca, a fome e a pobreza são encontradas invariavelmente juntas, ora como região diaspórica, argumentação pautada no fato de incidir, em parte, sob ambiente com características áridas marcado por episódios de seca. Estas tratativas deram forma a um rígido e poderoso corpo discursivo no qual o chamado “sertão” é apresentado como homogêneo, materialmente estático, isolado e degradado. Esta tese busca construir uma narrativa crítica à idéia de estaticidade, pobreza e isolamento dos camponeses do sertão, a partir da análise da materialidade das casas de barro localizadas nos estados de Pernambuco, Piauí e Ceará. Foco é dado às características materiais cotidianas das populações sertanejas ao longo do século XX, ressaltando aspectos relacionados ao consumo, a mobilidade e a paisagem recorrendo a ferramentas da arqueologia do passado contemporâneo, da antropologia rural e da ecologia histórica para mostrar como mudar e continuar o mesmo pode inverter lógicas capitalistas e ter papel fundamental no mundo globalizado.
Palavras Chave: casa, camponeses, sertão, consumo, mobilidade
https://laboratorioterramae.files.wordpress.com/2018/10/souza_rafaeldeabreue_d.pdf