(SUMÁRIO) Plano nacional Sobre Mudança do Clima – PNMC – BRASIL

Titulo: Plano nacional Sobre Mudança do Clima – PNMC – BRASIL

Autores: COMITÊ INTERMINISTERIAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA (Decreto nº 6.263, de 21 de novembro de 2007)

Apesentação: A mudança global do clima é tema que ganha a cada dia maior relevância na agenda de governos, das empresas e da sociedade como um todo. Embora ainda seja marcado
por muita polêmica, o aquecimento do planeta fruto da atividade humana é, hoje, reconhecido pela comunidade científica internacional e demanda grande disposição política para sua mitigação. O Brasil muito tem feito para o enfrentamento do problema, tornando-se uma das principais referências mundiais quanto à conquista de soluções adequadas perante esse gigantesco desafio – a exemplo de nossa matriz energética – e estamos engajados a fazer ainda mais, no âmbito de um esforço verdadeiramente global de combate à mudança do clima. Nesse sentido, atuamos tanto no plano interno, quanto nas negociações internacionais relativas ao tema, nas quais buscamos viabilizar um amplo esforço internacional justo e eqüitativo, para evitar que as populações, especialmente as mais pobres e que nada fizeram para gerar o problema, sofram ainda mais com as conseqüências de padrões insustentáveis de produção e consumo dos países mais ricos.
O Plano Nacional sobre Mudança do Clima que ora apresentamos ao país, constituise em um marco relevante para a integração e harmonização de políticas públicas, seguindo as diretrizes gerais da Política Nacional encaminhada este ano ao Congresso Nacional. É fruto do trabalho do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima e de seu Grupo-Executivo, instituídos há cerca de um ano para cumprir esse propósito, com a colaboração de outros colegiados e instâncias como o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, a III Conferência Nacional do Meio Ambiente, bem como Fóruns Estaduais de Mudanças Climáticas e organizações da sociedade. Os objetivos estabelecidos no Plano são audaciosos, se comparados com os de outros países. O potencial de contribuição para a redução das emissões de gases de efeito estufa dele decorrente é um dos maiores – se não o maior – dentre todas as nações. Ao mesmo tempo em que reconhecemos neste plano um marco relevante para qualificar a elaboração e implementação das políticas públicas no país, assumimos o compromisso
de avaliá-lo e aperfeiçoá-lo regularmente de forma cada vez mais participativa, conceito e prática que fomentamos por considerá-los os mais adequados para integrar, harmonizar,
qualificar e fortalecer os esforços e compromissos dos governos e da sociedade voltados à construção solidária de um futuro melhor para os brasileiros e para a humanidade
como um todo.

https://www.mma.gov.br/estruturas/smcq_climaticas/_arquivos/plano_nacional_mudanca_clima.pdf

file:///C:/Users/User-PC/Documents/BLOG-LTM/Sumrio_executivo_PlanoNacionalsobre%20MudançadoClima_pnmc.pdf

(ARTIGO) Brasil, o País das injustiças socioambientais nas tragédias anunciadas.

Titulo: Brasil, o País das injustiças socioambientais nas tragédias anunciadas.

Autor: Anderson Kazuo Nakano

Ano: 2019

No Brasil, quando acontece alguma tragédia impactante que mobiliza todos os meios de comunicação e comove a opinião pública nacional e internacional, é comum ouvir a frase “é uma tragédia anunciada”! Uma vez ocorrida a tragédia, essa frase passa a ser repetida e propagada tanto nas denúncias quanto nas matérias e noticiários elaborados pelos profissionais do jornalismo, bem como nos comentários de especialistas convocados para dar as suas declarações que são inseridas em reportagens transmitidas pelos jornais, rádios, computadores, telefones celulares e televisões. Com os rompimentos recentes da barragem do Fundão da SAMARCO/Vale/BHP Billiton, em 2015, e da barragem do Córrego do Feijão da Vale, em 2019, ambas no estado de Minas Gerais, voltamos a ouvir a frase trágica: tragédia anunciada. Ela evidencia, no Brasil, a falta de prevenção mesmo diante de avisos prévios emitidos por vozes técnicas e políticas que alertam com insistência para perigos iminentes. Por que não aprendemos com o rompimento da barragem da SAMARCO/Vale/BHP Billiton em Mariana e não adotamos medidas preventivas para evitar o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho?

O fracasso no estabelecimento de legislações mais rígidas para evitar a recorrência de tragédias anunciadas mostram com contundência que, no Brasil, recusamos gerir preventivamente as causas das tragédias e preferimos gerir emergencialmente as consequências dessas tragédias. Essa inversão antiética prioriza os lucros econômicos em detrimento de vidas humanas, dos ecossistemas e das biodiversidades. No caso do rompimento da barragem do Córrego do Feijão da Vale, a recusa em relação à gestão preventiva das causas dessa tragédia anunciada reflete o desprezo que a lógica corporativa-empresarial, dominado pelo sistema globalizado das finanças, tem pelas vidas humanas e pelo meio ambiente locais. Esse desprezo contrasta com a prioridade dada aos esforços voltados para a redução dos custos de produção e para a obtenção de lucros e ganhos financeiros.

ENROLAÇÃO E A FALTA DE DIÁLOGO COM A COMUNIDADE

Na carta divulgada pelo Movimento Águas e Serras de Casa Branca (“Nossa Terra Sangra, Nosso Povo Chora, Nossa Luta Continua”), surgido em 2010, “na comunidade de Jangada, vizinha do complexo minerário Paraopebas e do Córrego do Feijão”, mostra com clareza o desprezo pela gestão preventiva e participativa na eliminação e redução das causas de tragédias anunciadas. Esse desprezo aparece na desonestidade e na recusa da Vale em dialogar com a sociedade civil que vive nas áreas impactadas por suas atividades. Na carta ainda se lê que o Movimento Águas e Serras de Casa Branca exigiu, “na ocasião da votação da renovação da licença de operação da mina de Córrego do Feijão, que a companhia se relacionasse com a população diretamente atingida para informar suas atividades e pretensões no território e considerar a opinião dos moradores a respeito”.

A exigência de uma relação da empresa com a comunidade deu origem ao “Fórum de Relacionamento com as Comunidades da Jangada/Casa Branca e Córrego do Feijão”. Depois de “um ano e maio de reuniões bimestrais nas dependências da Vale S.A.”, continua a carta, os membros do Movimento abandonaram “o espaço devido às regras e métodos definidos pela empresa, à omissão e à manipulação de informações”. Segundo a carta, os membros daquele Movimento não podiam “fotografar, filmar e (…) ter acesso às apresentações ali realizadas pelo corpo técnico da mineradora. Além disso, as atas não refletiam tudo o que havia sido debatido”. Os membros do Movimento Águas e Serras de Casa Branca chegaram a levar, sem sucesso, suas denúncias para assembleias anuais de acionistas da Vale realizadas no Rio de Janeiro. Além de “enrolar” os membros da sociedade civil organizada preocupados com sua segurança e com o futuro dos seus territórios, a Vale também atua junto a diferentes órgãos e instâncias governamentais a fim de evitar a adoção de medidas preventivas capazes de evitar as causas de tragédias anunciadas provocadas por suas atividades, visando obter vantagens indevidas. É de conhecimento público o trânsito de pessoas entre cargos de direção na Vale e em órgãos governamentais responsáveis pela regulação das atividades da mineração. Essas pessoas atuam e influenciam a elaboração, instituição e implementação das normas que regulam as atividades da mineração no país, bem como os aparatos e procedimentos de fiscalização na aplicação dessas normas. Além da “porta giratória” entre a Vale e diferentes instâncias governamentais, há financiamentos de campanha e lobbies constantes em favor dos interesses privados dessa empresa.

GESTÃO DAS CONSEQUÊNCIAS EM VEZ DE PREVENÇÃO DAS CAUSAS

Ainda em relação ao mesmo crime presente no rompimento da barragem do Córrego do Feijão da Vale, a preferência pela gestão das consequências dessa tragédia anunciada (em detrimento da prevenção das suas causas), além de refletir aquele desprezo pelas vidas humanas e pelo meio ambiente, reflete também a injustiça presente na disseminação dos riscos e perigos gerados pela busca gananciosa por lucros e ganhos financeiros destinados aos executivos e acionistas da Vale. Trata-se de uma injustiça porque, após a ocorrência da tragédia anunciada, as vítimas acabam lidando individualmente com boa parte das consequências, muitas vezes por conta própria, com o auxílio inexistente e insuficiente tanto da Vale quanto do poder público. A preferência pela gestão emergencial das consequências da tragédia anunciada reflete também a certeza de impunidade dos responsáveis da Vale e do governo pelas tragédias que causam, bem como a garantia de redução e minimização das perdas e prejuízos provocados pelo pagamento de multas, indenizações e pela realização de ações compensatórias relativas às consequências dessa tragédia. As “Observações Preliminares da Missão da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale em Brumadinho”, realizada entre 29 de janeiro e 5 de fevereiro de 2019, mostram a veracidade dessas afirmações. Essa Articulação reúne, desde 2009, grupos do “Brasil, Argentina, Chile, Peru, Canadá, Moçambique, com o objetivo central de contribuir no fortalecimento das comunidades em rede, promovendo estratégias de enfrentamento aos danos ambientais e às violações de direitos humanos relacionados à indústria extrativa da mineração, sobretudo decorrentes da atuação da Vale em diversos Estados do Brasil e em outras partes do mundo”. O Movimento Águas e Serras de Casa Branca mencionado antes participa da Articulação.

Após a ocorrência da tragédia anunciada, as “Observações Preliminares da Missão da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale em Brumadinho” denunciam o controle e manipulação da Vale sobre as informações e seus canais, os postos de atendimento, os movimentos sociais, as associações comunitárias, os meios de comunicação, equipes de atendimento de órgãos públicos, voluntários, demandas sociais, dentre outros elementos. Denunciam também a desassistência por parte da Vale em relação às condições de alojamento e de moradia das vítimas atingidas pela tragédia anunciada, bem como a falta de transparência em relação a planos emergenciais e laudos técnicos. As Observações Preliminares também levantam suspeição em relação às doações em dinheiro para as famílias. Essas doações foram feitas pela Vale mediante assinatura de um suspeito termo de doação que não foi disponibilizado publicamente. Essas denúncias e suspeições dão motivos para preocupações e suspeitas em relação às responsabilizações criminais que devem recair com a carga devida sobre a Vale e autoridades públicas culpadas pelos crimes envolvidos na tragédia anunciada. Tais preocupações e suspeitas se estendem para possíveis injustiças socioambientais no pagamento de multas, indenizações e realização de ações compensatórias. Essas suspeitas não são nem um pouco infundadas se pensarmos na maneira como foram tratadas as consequências socioambientais do rompimento recente da barragem do Fundão da SAMARCO/Vale/BHP Billiton.

Um país de tragédias anunciadas não é somente o país que despreza e ignora a prevenção. É também o país que não aprende com as tragédias ocorridas ao longo de sua história e, por isso mesmo, é um país que está condenado a repetir eternamente tais tragédias. Isso vale também para as tragédias eleitorais.

*Professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (IC-Unifesp)

Brasil, o país das injustiças socioambientais nas tragédias anunciadas

(ARTIGO) – Mudança climática em curso pode alterar interação ecológica entre espécies

Titulo: Mudança Climática em curso pode alterar interação ecologica entre espécieis.

Autor: Peter Moon (Agencia FAPESP)

Ano: 2019.

Herbívoros, onívoros, carnívoros, insetívoros, frugívoros, carniceiros e decompositores. Os ecossistemas da Terra funcionam em uma formidável teia de interações entre plantas, animais, insetos, fungos e microrganismos. Uma parte fundamental dessas interações reside no equilíbrio da cadeia alimentar entre predadores e herbívoros, que regula a produção vegetal do planeta.

Esse equilíbrio entre predadores e presas que se alimentam de plantas pode ser alterado em decorrência das futuras mudanças climáticas. A conclusão é de uma pesquisa apoiada pela FAPESP e publicada na revista Nature Climate Change. “No estudo, traçamos as causas dessas mudanças e demonstramos que elas são explicadas por componentes do clima, especialmente da temperatura, que serão alterados no futuro”, disse Gustavo Quevedo Romero, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor principal do artigo.

Segundo pesquisador, as mudanças climáticas podem redistribuir a força das interações ecológicas entre as espécies de presas e predadores. Os resultados mostram que temperaturas mais altas e um clima mais estável e menos sazonal levam a uma maior pressão de predação. Porém, a maior instabilidade no clima que acompanha as mudanças climáticas em curso, especialmente nas regiões tropicais, levará a uma diminuição geral na pressão de predação nos trópicos. Em contraste, algumas regiões de zonas temperadas sofrerão aumento da pressão de predação.

“Essa reorganização das forças de interação entre espécies poderá ter consequências desastrosas para o funcionamento dos ecossistemas terrestres e afetar os serviços ecossistêmicos que eles oferecem, como o controle biológico e o ciclo de nutrientes”, disse Romero. Os agricultores orgânicos nos trópicos, por exemplo, dependem do controle biológico exercido pelos inimigos naturais das pragas de lavoura. No entanto, as mudanças climáticas previstas poderão diminuir a efetividade desses predadores no controle de pragas.

O novo estudo se baseou em dados previamente coletados em uma pesquisa publicada na revista Science em 2017, sob a coordenação de Tomas Roslin, da Universidade Sueca de Ciências da Agricultura, de Uppsala, na Suécia, e também da Universidade de Helsinque, na Finlândia.

Nesse trabalho anterior, os pesquisadores avaliaram a impressão de mordidas em lagartas artificiais para mostrar que, quanto mais aumenta o gradiente latitudinal dos ecossistemas (em direção às regiões temperadas e polares), a probabilidade de um herbívoro ser comido por um predador é apenas uma fração do que ocorre nas regiões equatoriais.

O estudo foi feito a partir da mensuração do risco de predação de 2.879 lagartas artificiais moldadas com massa de modelar verde. Elas foram monitoradas em 31 locais do planeta ao longo de um gradiente latitudinal que se estendeu desde o paralelo 30,4° sul, na altura do Rio Grande do Sul, da África do Sul e do centro da Austrália, até o paralelo 74,3° norte, na altura do Ártico canadense, da Groenlândia e do extremo norte da Sibéria. Os 31 locais estavam distribuídos em um gradiente de elevação que ia desde o nível do mar até 2.100 metros de altitude, ou seja, pouco abaixo da altitude da Cidade do México (2.240 metros).

As lagartas artificiais foram coladas na parte superior de folhas inteiras em plântulas ou arbustos com no máximo 1 metro de altura. Com base na análise das marcas de dentadas e bicadas preservadas na massa de modelar, os pesquisadores avaliaram que seis grupos de predadores foram afetados: aves, lagartos, mamíferos, artrópodes e gastrópodes (caracóis ou lesmas).

Ajuste climático

No artigo da Science, os autores confirmaram a hipótese de que a pressão de interação biótica aumenta em direção ao Equador e diminui em direção aos polos. No trabalho agora publicado na Nature Climate Change, o que se fez foi confrontar os dados de predação das lagartas e suas localizações com dados bioclimáticos do presente e do futuro, com base em diversos modelos climáticos que preveem as alterações no clima a partir das emissões de dióxido de carbono.

“Utilizamos modelagem de nicho para estudar interações bióticas, método originalmente desenvolvido para prever a distribuição espacial de espécies”, disse.

Para o novo estudo, os autores usaram a WorldClim 2, uma base de dados de 19 variáveis bioclimáticas aplicadas globalmente em uma grade com resolução espacial de 1 quilômetro quadrado.

Em seguida, foi aplicado o método de modelagem de equações estruturais para determinar a importância relativa dos efeitos diretos e indiretos da latitude absoluta, elevação e do clima local subjacente (incluindo componentes climáticos da precipitação e temperatura) na pressão de predação. Segundo Romero, esses modelos revelaram que os dados de predação foram mais explicados pelas variações nos componentes da temperatura.

Projeções futuras

Os pesquisadores foram capazes de prever a redistribuição da pressão de predação em todo o globo, projetada para o cenário climático de 2070. “De maneira geral, o que pudemos constatar foi que, para 2070, a pressão de predação poderá ser sensivelmente afetada pela variação de temperatura, mas possivelmente não será afetada pelas mudanças na precipitação”, disse Romero.

Segundo ele, a pressão de predação será afetada tanto pelo aumento quanto pela instabilidade da temperatura (elevações e reduções bruscas) em determinados ecossistemas.

“A instabilidade de temperatura, mais do que o seu aumento, diminuirá a pressão de predação. E esse impacto será exacerbado em regiões tropicais, onde se prevê que o clima se tornará mais instável”, disse Romero.

Os dados sugerem que, com a elevação das temperaturas, o nível de pressão de predação se elevará moderadamente nas regiões temperadas, que se espalham por América do Norte e Ásia. Nos países escandinavos, no Reino Unido e no Alasca, o aumento da pressão de predação entre artrópodes será maior.

A pressão de predação será reduzida justamente nas regiões equatoriais, que concentram os ecossistemas mais biodiversos do planeta, ou seja, a África equatorial, o Sudeste Asiático, a Indonésia e as regiões tropicais da América do Sul, América Central e Caribe.

Os dados sugerem que, juntamente com a Colômbia, o Brasil será particularmente afetado. Talvez o Brasil seja o país mais afetado, devido à sua posição nos trópicos e à grande extensão da Floresta Amazônica.

“A mudança climática não se reflete apenas nas mudanças de distribuição das espécies, mas também nas mudanças de interação entre elas”, disse Romero. “Nos trópicos poderá surtir efeitos sobre o rendimento da agricultura tropical, com o consequente aumento das ameaças à segurança alimentar, devido a uma diminuição na eficiência do controle biológico em áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas”, disse.

Além de Romero e de Roslin, também participaram do trabalho o biólogo Thadeu Sobral-Souza, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro; Thiago Gonçalves-Souza, da Universidade Federal Rural de Pernambuco; Nicholas Marino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Pavel Kratina, da Queen Mary University of London, no Reino Unido, e William Petry, do Institute of Integrative Biology, na Suíça.

O estudo também contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep).

Link: O artigo Global predation pressure redistribution under future climate change (doi: https://doi.org/10.1038/s41558-018-0347-y) pode ser lido em www.nature.com/articles/s41558-018-0347-y.

(ARTIGO) O Prelúdio do Desenvolvimento Sustentável

Titulo: O Prelúdio do Desenvolvimento Sustentável

Autor: José Eli da Veiga

Ano: 

Introdução: Examinadas as circunstâncias concretas em que ocorreu o acréscimo do adjetivo “sustentável” – de uso extremamente restrito até o início dos anos 1980 – ao substantivo “desenvolvimento”, sobressai imenso contraste entre os antecedentes de cada uma dessas duas idéias. Antes de ser usada para questionar a qualidade do desenvolvimento alcançado pelas duas dezenas de países avançados, a noção de “sustentabilidade” pertencia à Biologia, e se referia tão somente às condições em que a extração de recursos naturais renováveis pode ocorrer sem impedimento à reprodução dos respectivos ecossistemas. Evidentemente, foi bem mais complexa, além de muito mais longa, a evolução das idéias sobre o desenvolvimento das sociedades humanas, ao qual vem sendo colado, desde 1987, o adjetivo sustentável. A ambição deste texto é justamente a de sintetizar essa evolução da idéia de desenvolvimento da sociedade desde que ela deixou de ser um simples sinônimo de progresso material, ou enriquecimento. Principalmente porque é o conhecimento dessa pré-história da expressão “desenvolvimento sustentável” que pode evitar que seu uso seja um simples modismo. E isso exige reflexão cuidadosa sobre três diferentes ordens de problemas, ligados respectivamente a três antecedentes: “desenvolvimento econômico”, “crescimento com distribuição de renda”, e “desenvolvimento humano”.

Desenvolvimento Econômico.

Até meados dos anos 1970, o desenvolvimento era sempre identificado apenas com progresso material. Para alguns autores, o enriquecimento levaria espontaneamente à melhoria dos padrões sociais. Para outros, a relação parecia mais complexa, pois o jogo político intervinha, fazendo com que o crescimento tomasse rumos diferenciados, com efeitos heterogêneos na estrutura social. Mas todos ainda viam o desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico. Quinze anos depois, quando surgiu o primeiro Relatório sobre o Desenvolvimento Humano (1990), opanorama já era completamente diferente. O crescimento da economia passara a ser entendido por muitos analistas como elemento de um processo maior, já que seus resultados não se traduzem automaticamente em benefícios. Percebera-se a importância de refletir sobre a natureza do desenvolvimento que se almejava. Ficara patente, enfim, que as políticas de desenvolvimento deveriam ser estruturadas por valores que não são apenas os da dinâmica econômica.

Um crucial momento de inflexão nessa trajetória foi o livro de Celso Furtado. – O Mito do Desenvolvimento Econômico, lançado em 1974.  – Em obras anteriores ele não havia rompido com a abordagem fundadora da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), como assinalou Fernando Henrique Cardoso no texto “O desenvolvimento na berlinda”, de 1979. E uma boa ilustração dessa mudança foi apresentada um quarto de século depois, pelo então presidente da República, em conferência pronunciada em Washington cujo título que dificilmente poderia ser mais incisivo para os propósitos desta coletânea: “Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos”. Lembra que “nas ciências sociais os conceitos são historicamente densos.
Quer dizer: eles precisam redefinir-se sempre que ocorram alterações de alcance estrutural nas relações sociais. Assim, as novas dimensões – ecológicas e até éticas, por exemplo – enriqueceram as noções do desenvolvimento” (Cardoso, 1995). A idéia de desenvolvimento econômico é um simples mito, proclamara Celso Furtado em 1974.

Graças a ela foi possível desviar as atenções da tarefa básica de identificação das necessidades fundamentais da coletividade e das possibilidades que abre ao homem o avanço da ciência, para concentrá-las em outros objetivos abstratos. “Como negar que essa idéia tem sido de grande utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de cultura arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o caráter predatório do sistema produtivo?” (Furtado, 1974:75-6).

Os mitos têm exercido uma inegável influência sobre a mente dos homens que se empenham em compreender a realidade social. Os cientistas sociais têm sempre buscado apoio em algum postulado enraizado num sistema de valores que raramente chegam a explicitar. Enfim, o mito congrega uma série de hipóteses que não podem ser testadas. Contudo, essa não é uma dificuldade maior, pois o trabalho analítico se realiza em nível muito mais próximo da realidade. A função principal do mito é orientar, em um plano intuitivo, a construção daquilo que o grande economista Joseph Alois Schumpeter (1883- 1950) chamou de visão do processo social, sem a qual o trabalho analítico não teria qualquer sentido. Uma visão pré-analítica. Assim, os mitos operam como faróis que iluminam o campo de percepção do cientista social, permitindo-lhe ter uma visão clara de certos problemas e nada ver de outros, ao mesmo tempo em que lhe proporciona conforto intelectual, pois as discriminações valorativas que realiza surgem ao seu espírito como um reflexo da realidade objetiva.

Sempre segundo Furtado, a literatura sobre o desenvolvimento econômico nos dá um exemplo meridiano desse papel diretor dos mitos nas ciências sociais: pelo menos noventa por cento de seu conteúdo se funda na idéia, que se dá por evidente, segundo a qual pode ser universalizado o desenvolvimento econômico, tal qual vem sendo praticado pelos países que lideraram a revolução industrial. Os padrões de consumo da minoria da humanidade que atualmente vive nos países altamente industrializados poderão ser acessíveis às grandes massas de população em rápida expansão que formam a periferia. Essa idéia constitui, seguramente, um prolongamento do mito do progresso, elemento essencial na ideologia diretora da revolução burguesa, na qual se criou a atual sociedade industrial (Furtado, 1974:15-16). O mais importante é que a idéia de desenvolvimento está no cerne da visão de mundo que prevalece em nossa época. Nela se funda o processo de invenção cultural que permite ver o homem como um agente transformador do mundo. Foi o que disse bem mais tarde o mesmo Furtado na apresentação da terceira edição revista de uma de suas obras primas: “Introdução ao Desenvolvimento”. A humanidade interage com o meio no empenho de efetivar suas potencialidades.

Por isso, na base da reflexão sobre esse tema existe implicitamente uma teoria geral do homem, uma antropologia filosófica. E é a insuficiência dessa teoria que permite entender o freqüente deslizamento para o reducionismo econômico e sociológico. Todavia, o tema central do estudo do desenvolvimento é a criatividade cultural e a morfogênese social, assuntos que permanecem praticamente intocados. “Por que uma sociedade apresenta em determinado período de sua história uma grande capacidade criadora é algo que nos escapa. Menos sabemos ainda por que a criatividade se orienta nesta ou naquela direção” (Furtado, 2000:7). Existe evidência de que a invenção cultural tende a ocorrer em torno de dois eixos: a busca da eficácia na ação e a busca de propósito para a própria vida. A primeira tem sido chamada de racionalidade instrumental ou formal e a segunda de racionalidade substantiva, ou dos fins. A invenção diretamente ligada à ação supõe a existência de objetivos previamente definidos. Ela gera a técnica. Já a invenção ligada aos desígnios últimos gera valores, que podem ser morais, religiosos, estéticos, etc. O que não se sabe ao certo é a razão pela qual, neste ou naquele momento de sua história, uma sociedade favorece a criação de técnicas e não de valores substantivos. Menos conhecidos ainda são os determinantes que orientam a criatividade de valores substantivos para o plano estético, religioso, político ou do saber puro.

Contudo, insiste Furtado (2000:8): “não temos dúvida de que a inovação, no que respeita aos meios, vale dizer, o progresso técnico, possui um poder de difusão muito maior do que a criação de valores substantivos”. O gênio inventivo do homem foi canalizado nos últimos duzentos anos para a criação técnica, o que explica sua extraordinária capacidade expansiva. E é a esse quadro histórico que se deve atribuir o fato de que a teoria do desenvolvimento tenha ficado circunscrita à lógica dos meios, tendendo a se confundir com a explicação do sistema produtivo que emergiu com a civilização industrial. No entanto, o desenvolvimento deve ser entendido como processo de transformação da sociedade não só em relação aos meios, mas também aos fins (Furtado, 2000:8). O crescimento econômico só se metamorfoseia em desenvolvimento quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida da população. Essa talvez tenha sido a fórmula mais sintética de Celso Furtado para dizer o que é desenvolvimento.

Faz parte de conciso texto publicado no final de 2004 pela Revista de Economia Política: “o crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos  privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento” (Furtado, 2004:484). Crescimento com distribuição Quando se admite que é errado reduzir o desenvolvimento ao aumento da renda per capita, é muito comum que imediatamente surja a idéia de que o desafio fundamental, então, seria o da distribuição de renda. Isto é, que o desenvolvimento poderia ser facilmente definido pela combinação do crescimento com a distribuição de renda. Infelizmente o problema não é tão simples, e a melhor maneira de apresentá-la é fazer um breve retrospecto do debate científico sobre o tema.

A primeira contribuição significativa sobre essa relação surgiu em célebre conferência presidencial proferida por Simon Kuznets (1901-1985) ao congresso da associação dos economistas americanos de 1954, e publicada no ano seguinte na American Economic Review. Bem mais tarde, em 1971, ele recebeu o Prêmio Nobel, o que certamente ajudou muito na aceitação e difusão daquilo que ficou conhecido como “curva de Kuznets”, ou “curva do ‘U’ invertido”, sobre a relação entre crescimento e distribuição. Na citada conferência, Kuznets procurou mostrar que as evidências disponíveis faziam pensar que a desigualdade de renda tendia a aumentar na fase inicial da industrialização de um país, ocorrendo o inverso em fase posterior, quando esse país estivesse industrializado (e, portanto, desenvolvido, como se pensava na época). Foi essa a base científica daquela famosa parábola que insistia na necessidade de que o primeiro o bolo
crescesse para que depois fosse repartido. Sua principal intenção foi a de formular a hipótese que as evidências disponíveis apontavam como a mais plausível. Infelizmente, o problema estava justamente na precariedade das evidências disponíveis em 1954 sobre a evolução da distribuição de renda, mesmo no restrito grupo dos países industrializados.

Quem se der ao trabalho de ler o texto, publicado na American Economic Review de março de 1955, não poderá deixar de se perguntar como é possível que tal hipótese tenha gerado um consenso tão largo e tão duradouro na comunidade dos pesquisadores em economia. As únicas razoáveis bases de dados se referiam aos Estados Unidos e ao Reino Unido. Além delas, Kuznets dispunha de boas estatísticas sobre a Prússia e a Saxônia, mas elas não confirmavam as tendências americanas e britânicas, pois tinha havido reconcentração de renda na Alemanha no período posterior à Primeira Guerra Mundial. E para fazer a comparação com os países periféricos, só dispunha de bons dados para a Índia (1949-50), Ceilão (1950) e Porto Rico (1948). Apesar da hipótese de Kuznets sobre uma tendência de longo prazo na forma de “U” invertido” ter se apoiado em base empírica tão modesta, ela foi transmitida a várias  gerações de economistas como se fosse uma lei tão séria quanto a da gravidade. Talvez devido a razões políticas e ideológicas que fizessem as pessoas se apegar a essa idéia, mas também porque quase todos os testes feitos para casos isolados pareciam confirmar a hipótese de Kuznets.

Ela só foi realmente colocada em xeque quarenta anos depois, quando o Banco Mundial terminou a montagem de uma base de dados envolvendo 108 economias nacionais durante quatro décadas. Essencialmente porque mostrou a inexistência de um único padrão histórico de evolução da distribuição de renda. A partir da divulgação dessa base de dados nas páginas da The World Bank Economic Review pelos pesquisadores Klaus Deininger & Lyn Squire (1996), o velho consenso apoiado na hipótese de Kuznets parece estar sendo substituído por outro: de que a estrutura da distribuição de renda é extremamente persistente, seja qual for o crescimento econômico. Isto é, que não resta nada a fazer para atenuar a concentração de renda, independente do que se possa fazer pelo crescimento. Desde a Segunda Guerra Mundial, o crescimento variou muito entre os países, ao passo que a distribuição de renda quase não mudou em termos comparativos. Isto não quer dizer que tenha desaparecido a controvérsia sobre as possíveis vantagens ou desvantagens que poderiam ser proporcionadas ao próprio crescimento por uma melhor distribuição da riqueza e da renda. Há modelos que sugerem, por exemplo, que o crescimento impulsionado por um determinado setor da economia só pode ser durável se os benefícios do surto inicial forem distribuídos de maneira suficientemente homogênea para que permita a expansão e o aprofundamento dos mercados. Tanto mais favorável ao crescimento seria o perfil da demanda quanto menos desigual fosse a distribuição de renda. Outros modelos sugerem que o crescimento será tanto menor quanto maior for a desigualdade de renda e de riqueza no país. Mas as evidências empíricas que poderiam confirmar tais conclusões ainda são insuficientes para que seja abalado o consenso sobre a enorme rigidez das estruturas de distribuição de renda herdadas do passado prémoderno de crescimento. Importante literatura sobre o tema tornou-se bem acessível no Brasil graças aos artigos traduzidos e publicados por Teófilo (2000).

Mesmo assim, o Fundo Monetário Internacional (FMI) promoveu dois importantes encontros sobre o tema (em 1995 e em 1998), cujos trabalhos foram editados por Vito Tanzi e colegas (1998, 2000). A principal intenção dos dois eventos era discutir a relação entre distribuição de renda e crescimento com o objetivo de avaliar se, e como, ela poderia ser melhorada pelas políticas econômicas. Mas essa nobre preocupação foi subvertida pelo principal conferencista do segundo desses encontros: o indiano Amartya Sen. Ele começou perguntando se distribuições de renda e de riqueza seriam mesmo temas centrais para as questões de justiça e eqüidade nos países em desenvolvimento. E ilustrou essa pergunta com uma comparação entre a China e a Índia. Em 1997, os 10% mais pobres da China recebiam apenas 2,2% da renda, enquanto na Índia sua parte era dois terços maior: 3,7%. No extremo oposto, na China, os 10% mais ricos recebiam 30,9% da  renda, enquanto na Índia só lhes cabia 28,4%. Ou seja, haveria mais eqüidade na Índia do que na China se avaliada pela distribuição de renda. Todavia, quase metade a população adulta da Índia continuava analfabeta, enquanto na China não chegava a um quinto. Pior, entre as mulheres o analfabetismo atingia 62% na Índia e 27% na China. É claro que a Índia tinha muito mais habitantes com educação superior, mas isso só realçava a maior desigualdade das oportunidades educacionais na Índia quando comparada à China. O contraste entre os dois países era ainda mais evidente na área da saúde. Sofriam de subnutrição 63% das crianças indianas de menos de 5 anos, contra 17% das chinesas. E a taxa de mortalidade infantil era exatamente o dobro na Índia: 68 por mil contra 34 na China. Em síntese: o papel da renda e da riqueza – ainda que seja importantíssimo – tem de ser integrado a um quadro mais amplo e completo de êxito e privação. A pobreza deve
ser vista como uma privação de capacidades básicas, e não apenas como baixa renda.

Desenvolvimento Humano

Apesar de pobreza ser uma idéia essencialmente econômica, não há como entendê-la sem sua dimensão cultural. Foi Adam Smith quem estabeleceu essa estreita ligação entre privação cultural e pobreza econômica. Não disse apenas que a pobreza assume a forma bruta de fome e privação física, mas também que ela pode surgir nas dificuldades que alguns segmentos encontram para participar da vida social e cultural da comunidade. A lista de mercadorias que contam como “necessidades” não é independente, segundo Smith, das exigências da cultura local. Para ele, os chamados “bens de primeira necessidade” não são apenas aqueles indispensáveis para o sustento, mas todos os que o país considera indigno que alguém não possua. Quando o hábito fez com que, na Inglaterra, os sapatos de couro se tornassem uma necessidade, qualquer pessoa digna passou a ter vergonha de aparecer sem eles em público. A cultura estabelece uma
importante relação entre rendimentos relativos e capacidades humanas absolutas, afirma o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2004.

Aí está uma mudança fundamental no modo de se entender o desenvolvimento. E ela certamente não foi exposta de forma mais sistemática e cristalina do que na série de conferências proferidas entre 1996 e 1997 por Amartya Sen, como membro da presidência do Banco Mundial. Em 1998 ele recebeu o Prêmio Nobel de Economia, e no ano seguinte editou essa série de conferências sob o título “Desenvolvimento como liberdade”. Todavia, é fundamental lembrar que o tratamento que deu à idéia de desenvolvimento na passagem para o século XXI foi um aperfeiçoamento da contribuição que já havia oferecido ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no final dos anos 1980. Ele foi um dos dez consultores internacionais convocados pelo saudoso paquistanês Mahbud ul Haq. Depois de ter trabalhado por muitos anos no Banco Mundial, Mahbud havia formado a convicção de que uma das piores pragas contra o desenvolvimento era a falta de uma alternativa à renda per capita sempre que o problema fosse o de avaliá-lo, ou medi-lo. Como arquiteto do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, que o PNUD publica anualmente desde 1990, seu maior desejo foi o de criar  um indicador sintético capaz de fornecer aos seus usuários uma espécie de hodômetro do desenvolvimento.

Nem seria necessário conhecer profundamente o pensamento de Amartya Sen para prever que ele se oporia a esse tipo de ambição. Se, ao final das contas, desenvolvimento é a expansão das liberdades substantivas, como imaginar a possibilidade de captar tal fenômeno mediante um indicador sintético? E não deu outra. O indiano manifestou ao querido colega e amigopaquistanês seu profundo ceticismo com respeito à idéia de que algum índice pudesse sintetizar a realidade complexa do processo de desenvolvimento. Um breve relato desse diálogo foi feito pelo próprio Sen numa contribuição especial que enviou ao Relatório sobre o Desenvolvimento Humano de 1999. Mahbud concordava com a precariedade inevitável de qualquer indicador sintético do desenvolvimento, mas
insistia que a tirania da renda per capita nunca seria colocada em xeque por um kit de tabelas, por melhores que elas pudessem ser. Os leitores poderiam até admirá-las, mas assim que precisassem utilizar uma medida sintética, voltariam à renda per capita em razão de sua simplicidade e comodidade. Sen recorda que, enquanto ouvia os argumentos de Mahbud, pensava num poema de T.S. Eliot sobre a incapacidade do gênero humano de agüentar realidade em demasia… “Nós precisamos de uma medida, dizia Mahbud, tão simples quanto o PIB – uma única cifra –
mas que não seja tão cega em relação aos aspectos sociais da vida humana”.

Ele esperava que um índice desse tipo, além de complementar o uso do PIB, suscitaria mais interesse pelas demais variáveis que seriam apresentadas nas longas tabelas do relatório. Na citada contribuição especial, o Prêmio Nobel de Economia de 1998 deu sua mão à palmatória. “Devo admitir que Mahbud tinha inteira razão nesse aspecto, e me felicito pelo fato de não o termos impedido de procurar uma medida sumária.” Ou seja, o emprego mais razoável do poder de atração do IDH – o Índice de Desenvolvimento Humano – é aquele que estimula seus usuários a consultarem também o amplo sortimento de tabelas estatísticas e análises críticas detalhadas fornecidas anualmente pelos relatórios. Na concepção de Sen e de Mahbud, só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento servem à ampliação das capacidades humanas, entendidas como o conjunto das coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. E são quatro as mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno e ser capaz de participar da vida da comunidade. Na ausência destas quatro, estarão indisponíveis todas as outras possíveis escolhas. E muitas oportunidades na vida permanecerão inacessíveis. Além disso, há um fundamental pré-requisito que precisa ser mais explicitado: as pessoas têm que ser livres para que suas escolhas possam ser exercidas. Para que garantam seus direitos e se envolvam nas decisões que afetarão suas vidas. Na verdade, o objetivo básico do desenvolvimento é alargar as liberdades humanas. O processo de desenvolvimento pode expandir as capacidades humanas, expandindo as  escolhas que as pessoas têm para viver vidas plenas e criativas. E as pessoas são tanto beneficiárias desse desenvolvimento, como agentes do progresso e da mudança que provocam. Este processo deve beneficiar todos os indivíduos eqüitativamente e basear-se na participação de cada um deles. Esta é a abordagem do desenvolvimento que tem sido defendida por todos os Relatórios sobre o Desenvolvimento Humano, desde o primeiro, em 1990.

A gama de capacidades que os indivíduos podem ter e as escolhas que podem ajudar a expandir essas capacidades é potencialmente infinita, embora varie muito conforme a pessoa. Porém, a política pública trata de fixar prioridades e há dois critérios úteis na identificação das capacidades mais importantes para avaliar o progresso mundial na realização do bem-estar humano, objetivos dos Relatórios. Em primeiro lugar, essas capacidades devem ser universalmente valorizadas. Em segundo, devem ser básicas para a vida, no sentido de que sua ausência impediria muitas outras escolhas. Por essas razões, os Relatórios incidem nas quatro capacidades mencionadas acima: vida longa e saudável, conhecimento, acesso aos recursos necessários para um padrão de vida digno e participação na vida da comunidade. O Relatório de 2004 enfatiza que o desenvolvimento depende da maneira como osrecursos gerados pelo crescimento econômico são utilizados: se para fabricar armas ou para produzir alimentos; se para construir palácios ou para fornecer água potável. E resultados humanos como a participação democrática na tomada de decisão, ou igualdade de direitos para homens e mulheres, não dependem dos rendimentos. Por isso, o PNUD admite que o IDH é um ponto de partida. Recorda que o processo de desenvolvimento é muito mais amplo e mais complexo do que qualquer medida sumária conseguiria captar, mesmo quando completada com outros índices. Ou seja, o IDH não é uma medida compreensiva, pois não inclui, por exemplo, a capacidade de participar nas decisões que afetam a vida das pessoas e de gozar o respeito dos outros na comunidade. Como diz o Relatório de 2004, uma pessoa pode ser rica, saudável e muito instruída, mas sem essa capacidade o desenvolvimento é retardado. A omissão dessa dimensão cívica tem sido realçada desde os primeiros Relatórios, e levou o PNUD a criar um índice da liberdade humana, em 1991, e de um índice da liberdade política, em 1992. Nenhuma dessas medidas sobreviveu ao seu primeiro ano, o que testemunha a dificuldade de quantificar adequadamente aspectos tão complexos do
desenvolvimento.

A saída foi tratar extensivamente desses temas, mas de forma mais qualitativa. Em 2002, o tema foi a democracia, por exemplo, e em 2004 o Relatório foi dedicado à liberdade cultural expansão da liberdade é vista por Amartya Sen como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. Consiste na eliminação de tudo o que limita as escolhas e as oportunidades das pessoas. O crescimento econômico obviamente pode ser muito importante como um meio de expandir as liberdades desfrutadas pelos membros de uma sociedade. Mas as liberdades também dependem de muitos outros determinantes, como os serviços de educação e saúde, ou os direitos civis. A industrialização, o progresso tecnológico ou a modernização social podem contribuir substancialmente para a expansão da liberdade humana, mas esta depende também de outras influências. Se a liberdade é o que o desenvolvimento promove, então existe um argumento fundamental em favor da concentração dos esforços de análise nesse objetivo abrangente, e não em algum meio específico ou alguma lista de instrumentos especialmente escolhida. O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência de Estados repressivos.

O âmago da questão.

O âmago da questão reside, portanto, na dificuldade de preservar e expandir as liberdades substantivas de que as pessoas hoje desfrutam sem comprometer a capacidade das futuras gerações desfrutarem de liberdade semelhante ou maior. Por isso, o desgaste da camada de ozônio, o aumento do efeito estufa, e as perdas de biodiversidade, são três dos problemas globais que explicitam a natureza dos grandes conflitos sociais contemporâneos. Mesmo que se atribua absoluta supremacia ao antropocentrismo, ainda assim a questão central é a de garantir condições para que as futuras gerações possam desfrutar de liberdade bem maior que a atual. Não poderia ter sido mais oportuna, então, a exposição dessa tese pelo próprio Amartya Sen. São transcendentes duas de suas observações em curto artigo de 2004. A primeira é a crítica ao que muitos supõem ser o “conceito” de desenvolvimento sustentável. A versão original, do Relatório Brundtland, comparava as “necessidades” desta e das próximas gerações. Na forma ampliada por Robert Solow, a comparação passou a ser entre “padrões de vida”. Mas está ausente das duas versões a liberdade dos humanos para salvaguardarem aquilo que valorizam e aquilo a que atribuem importância. Nossa razão para valorizar determinadas oportunidades não precisa sempre derivar da contribuição que elas oferecem ao nosso padrão de vida. A segunda observação se refere ao senso de responsabilidade quanto ao futuro das espécies. É justamente pelo fato de a espécie humana ter conseguido se tornar a mais poderosa, que ela deve ter responsabilidade para com as outras, em generoso e altruísta esforço por minorar tal assimetria. Se uma comunidade humana demonstra preferência pela conservação de determinado ecossistema, em vez da implantação de um parque de diversões, por exemplo, isto só pode ser sinal de que interesses estreitamente paroquiais se subordinaram a uma bem mais vasta atenção global a valores morais e estéticos. Mas estas são considerações que já pertencem à história, e não à pré-história, do ideal de “desenvolvimento sustentável”, assunto tratado de forma mais ampla em Veiga (2005).

Leituras mais recomendadas

Para lastrear e aprofundar uma compreensão do fenômeno do desenvolvimento deve-se dar muita atenção a tudo o que foi escrito pelo magnífico trio formado por Celso Furtado, Amartya Sen e Ignacy Sachs. Como quase toda a vastíssima obra de Furtado é dedicada a este tema, uma maneira de ir direto ao ponto é ler as quatro referências deste texto em ordem inversa à cronológica. Isto é, começar pelo conciso e recente artigo publicado no número 96 da Revista de Economia Política, que pode até ser entendido como seu testamento. Passar em seguida ao estudo da terceira edição revista da Introdução, de 2000, acompanhado do fácil desfrute da pequena pérola O Capitalismo Global, de 1998. E só depois encarar a leitura um pouco mais árdua, que faz a ponte para o tema da sustentabilidade: O Mito do desenvolvimento econômico, de 1974. Não é necessário ir muito além da leitura de Desenvolvimento como liberdade para se apropriar da contribuição de Amartya Sen. É uma obra de síntese, que remete o leitor aos inúmeros trabalhos anteriores sobre temas mais específicos. Mas também seria ilusório recomendar a imediata leitura do livro inteiro a um estudante de graduação. Por isso, a sugestão é que leia e releia, com muita atenção, pelo menos os três primeiros capítulos, onde são esmiuçados os fins e os meios do desenvolvimento. Depois de Furtado e Sen, o leitor certamente vibrará com os dois pequenos livros de Ignacy Sachs lançados pela Garamond. O conselho é que comece pelo mais recente – Desenvolvimento – seguido da perspectiva de futuro proposta em Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. E é claro que esta lista estaria imperdoavelmente incompleta sem enfática recomendação de consultas aos Relatórios sobre o Desenvolvimento Humano, publicados anualmente pelo PNUD desde 1990.

REFERÊNCIAS

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CARDOSO, Fernando Henrique. “Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos”, Revista de Economia Política, vol. 15, n. 4 (60), out.-dez. 1995, pp. 148-155.
CARDOSO, Fernando Henrique. “O desenvolvimento na berlinda” in: As idéias e seu lugar. Ensaios sobre as teorias do desenvolvimento. Petrópolis: Ed. Vozes, 1980, pp.129-63.
DEININGER, Klaus & Lyn Squire. “A new data set measuring income inequality”, The World Bank Economic Review, vol. 10, n.2, 1996, pp. 565-591.
FURTADO, Celso. “Os desafios da nova geração” Revista de Economia Política. Vol.24, n. 4 (96) outubro-dezembro 2004, pp. 483-486.
FURTADO, Celso. O Mito do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
FURTADO, Celso. O Capitalismo Global. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
FURTADO, Celso. Introdução ao Desenvolvimento. Enfoque Histórico-Estrutural. Rio
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KUZNETS, Simon Smith. “Economic growth and income inequality”, American Economic Review, vol. 45, Março 1955: 1,3-6,17-26.
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SACHS, Ignacy. Desenvolvimento Humano, Trabalho Decente e o Futuro dos Empreendedores de Pequeno Porte no Brasil. Brasília: PNUD & Sebrae, 2002.
SACHS, Ignacy. “Desenvolvimento includente e trabalho decente para todos.” Documento preparado para a Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da
Globalização, OIT. Brasília: Outubro de 2002, (brochura).
SACHS, Ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
SCHUMPETER, Joseph Alois. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Abril Cultural: 1982 (coleção Os Economistas) [c1934].
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VEIGA, José Eli. Desenvolvimento Sustentável; O Desafio do Século XXI. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2005.

Link: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/80963/mod_resource/content/1/O%20prel%C3%BAdio%20do%20desenvolvimento%20sustent%C3%A1vel.pdf

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4249066/mod_resource/content/2/Texto%20_%20desenvolvimento_sustentavel.pdf

(ARTIGO) Qual é a importância do Brasil no Acordo do clima de Paris

Titulo:  Qual é a importância do Brasil no Acordo do clima de Paris

Autor: Alexandre Kossoy.  (Grupo de Mudanças Climáticas do Banco Mundial).

Ano: 2018

Introdução:  À primeira vista, para quem conhece pouco sobre mudanças climáticas, a expressão Contribuição Nacionalmente Determinada e sua sigla em inglês, NDC, parecem misteriosas. Mas não são. Para compreendê-las, vamos começar com o princípio de que cada país precisa fazer sua parte – dar sua contribuição – para diminuir as emissões de carbono, reduzir o aquecimento global e a probabilidade de ocorrência de eventos extremos, como secas, inundações e furacões.

Brasil no Acordo do clima de Paris.

Esse compromisso foi firmado em dezembro de 2015 durante a COP21 (a 21ª Convenção das Partes sobre Mudança do Clima) da  Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. À época, assinou-se o Acordo de Paris, que busca manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2ºC (em relação aos níveis pré-industriais). O acordo entrou em vigor em 4 de novembro de 2016 e até hoje, dos 197 países que fazem parte da Convenção, 180 ratificaram o acordo. Com o acordo, cada país estabeleceu sua NDC e a contribuição prometida pelo Brasil é considerada uma das mais ambiciosas.

O país comprometeu-se a implementar ações para, até 2030, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% em relação ao nível registrado em 2005. A fim de alcançar a meta, o Brasil pretende adotar medidas que incluem, entre outras:

  1. ​Aumentar a participação de fontes renováveis no mix de energia do país para 45%. Para isso, o país planeja aumentar a participação de fontes renováveis e não hidráulicas (eólica e luz solar) em seu mix energético de 28 para 33%; aumentar a participação da bioenergia sustentável (biocombustíveis e biomassa) para 18%; e expandir o uso de combustíveis não fósseis e de fontes de energia renováveis (excluindo a energia hídrica) para pelo menos 23% do mix energético do país;
  2. Aumentar a eficiência energética no setor elétrico em 10% e promover tecnologia limpa e eficiência energética nos setores industrial e de transporte;
  3. Alcançar, na Amazônia brasileira, zero desmatamento ilegal até 2030 e compensar as emissões de gases de efeito estufa da supressão legal de vegetação até 2030;
  4. Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas;
  5. Restaurar mais 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 e a melhoria de 5 milhões de hectares de sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ICLFS) até 2030.

Os projetos do Banco Mundial contribuem para apoiar o Brasil no cumprimento das NDCs. Impulsionam setores como energias limpas, agricultura de baixo carbono e redução do desmatamento, prioritários na contribuição nacionalmente determinada pelo país.

Exemplo desses projetos é o FIP CAR, de US$ 32,5 milhões, que está sendo executado pelo Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente. O projeto tem por objetivo a implementação do Cadastro Ambiental Rural em municípios selecionados no Cerrado como estratégia para promover a redução do desmatamento e da degradação florestal e a melhoria da gestão sustentável das florestas.

Há também o projeto FIP ABC Cerrado, de US$ 10,6 milhões, desenvolvido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a Embrapa e o Serviço Nacional de Aprendizado Rural. Com assistência técnica e gerencial, o projeto estimula fazendeiros a adotar e investir em práticas sustentáveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em suas propriedades, visando também aumentar a produtividade com sustentabilidade.

Já o FinBRAZEEC, de US$ 200 milhões, oferece um veículo financeiro inovador para ajudar a superar alguns dos principais obstáculos ao financiamento da infraestrutura energética no Brasil, em particular no segmento de eficiência energética. O objetivo é mobilizar mais de US$ 1,1 bilhão para criar novos mercados nas áreas de modernização da iluminação pública e eficiência energética industrial.

Paisagens Sustentáveis da Amazônia, com a concessão de US$ 60 milhões do Fundo Mundial para o Meio Ambiente e um cofinanciamento de US$ 370 milhões, ajudará a aumentar a área florestal sob proteção, restauração e manejo sustentável na Amazônia brasileira pelos próximos seis anos, por meio da criação de áreas protegidas, da consolidação das já existentes no âmbito do programa Áreas Protegidas da Amazônia e de mecanismos de suporte à sustentabilidade financeira de longo prazo do sistema de áreas protegidas da Amazônia brasileira. Ao todo, 63 milhões de hectares serão preservados pelo programa ARPA, a maior iniciativa de conservação de floresta tropical na história.

Mais ambição

Nem todos os países impuseram-se metas tão ousadas quanto as do Brasil, o que preocupa especialistas no tema. Segundo algumas projeções internacionais, todas as NDCs que formam a base do Acordo de Paris cobrem somente em torno de um terço das reduções de emissões necessárias para alcançar os objetivos de contenção da temperatura global.

Para inspirar o aumento do nível de ambição das ações promovidas pelas partes do Acordo, estão sendo realizados os Diálogos Talanoa. Lançado durante a COP23, em novembro de 2017, liderada pela presidência de Fiji, o diálogo tem o objetivo de coletar contribuições, histórias e ideias das partes e dos atores envolvidos no processo, sobre os esforços coletivos e desafios para atingir os objetivos de longo prazo e informar a preparação das NDCs. Essas contribuições serão apresentadas durante a COP24, em Katowice (Polônia), em dezembro de 2018. Os Diálogos Talanoa se baseiam em três perguntas relacionadas a ações climáticas: onde estamos? Aonde queremos chegar? Como chegar lá?

Além de apoiar uma série de projetos que fortalecem as NDCs brasileiras, o Banco Mundial apoiou recentemente o Diálogo Talanoa Brasil, cuja história contamos no vídeo do evento. Foram convidados alguns representantes do setor público e privado e líderes da sociedade civil para um diálogo participativo, inclusivo e transparente sobre o que deve ser considerado na implementação das contribuições brasileiras. Outros diálogos mais amplos com sociedade civil, setor privado e ONGs já estão sendo programados.

Clima e pobreza

Como responsáveis diretos pelo aquecimento global, nós temos a missão de reduzir emissões para evitar as catástrofes climáticas que representam riscos iminentes à manutenção dos ecossistemas e de novas gerações. Hoje somos 7,6 bilhões de pessoas, somando 0,01% de todas as formas de vida na Terra. Porém, nós já causamos a extinção de 83% de todos os mamíferos e 50% de todas as plantas do planeta, em especial nos últimos 50 anos, que muitos cientistas definem como a sexta extinção em massa de vida nos 4 bilhões de anos de história da Terra.

Hoje, a temperatura global está 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais e sem ações urgentes para reduzir vulnerabilidade, mudanças climáticas podem levar 100 milhões de pessoas à pobreza em dez anos. Na verdade, os impactos climáticos sobre a pobreza são muito maiores do que imaginávamos até poucos anos atrás. Um novo relatório do Banco Mundial indica que o impacto anual de desastres naturais extremos já é equivalente a US$ 520 bilhões em perda na capacidade de consumo. Por isso, todas as ações direcionadas à redução das mudanças do clima, incluindo as NDCs, estão intrinsecamente associadas à missão do Banco Mundial de erradicar a pobreza extrema.

O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, faz um alerta sobre isso: “Choques climáticos severos podem reverter décadas de progresso contra pobreza. Tempestades, enchentes e secas têm graves consequências econômicas e sociais, sendo que os mais pobres comumente pagando os preços mais altos. Criar resiliência a esses desastres não só faz sentido econômico, mas é moralmente imperativo”.

Agora que as NDCs não são mais um mistério, fica mais fácil saber como o Brasil está agindo para enfrentar as mudanças climáticas e contribuir para um futuro mais sustentável.

*Publicado originalmente no Nexo Jornal, em 4 de novembro de 2018.

 

[PROJETO DE LEI] Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018

Titulo: Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018.

Autor: Presidência da República (Titan de Lima – Assessor Técnico para as áreas de políticas ambientais, recursos hídricos e saneamento básico, Gestor Ambiental, CRA-DF 6-00716).

Ano: 2018

A Constituição Federal (1988), ao estabelecer como competência do Sistema Único de Saúde (SUS) participar na formulação da política e da execução das ações de saneamento, criou a condição para a integração das duas áreas: saneamento  básico e saúde. Não há dúvida que a decisão do Constituinte em considerar o saneamento básico no âmbito da política de saúde buscou colocar o problema sanitário do País para além dos estreitos limites da assistência médica curativa (área de saúde) e das grandes obras de infraestrutura (área de saneamento). Para um País com elevada prevalência de doenças infecciosas e parasitárias, sabidamente causadas pela carência de água e ambiente adequados. Essa via intersetorial na abordagem da questão constitui um importante caminho a ser perseguido para uma ação mais racional e eficaz das referidas áreas. Entretanto, essa integração ainda não contempla a complexidade higiênico-sanitária que o tema requer. O conceito elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) concebe uma melhor integração entre as áreas afetas ao tema. A OMS trabalha com o conceito “Saneamento Ambiental” sendo este entendido como: “O controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito prejudicial ao seu bem-estar físico, mental ou social. ” Dentro deste enfoque, podemos alinhar 5 funções básicas da administração pública nos campos sanitário e ambiental.

PROJETO DE LEI COMPLETO: Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018Projeto de Lei de Conversão, PLV, da MPV 844 de 2018

[TESE] Eucalipto e Mata Atlântida: analise do uso e cobertura da terra e suas conexões biofísicas, políticas e socioeconômicas

Tipo: Tese

Nível: Doutorado

Titulo: Eucalipto e Mata Atlântida: analise do uso e cobertura da terra e suas conexões biofísicas, políticas e socioeconômicas.

 Autor(a): Ramon Felipe Bicudo da Silva

Orientador(a): Mateus Batistella

Resumo : O Vale do Paraíba Paulista é uma região de importância econômica para o Estado de São Paulo. Com população superior a dois milhões de habitantes, concentrada em áreas urbanas (95%), sobretudo nos municípios do eixo rodoviário Presidente Dutra, foi elevada à categoria de Região Metropolitana em 2012. Eixo conector entre São Paulo e Rio de Janeiro, foi uma das primeiras regiões brasileiras a enfrentar profundas mudanças em suas paisagens, resultado dos séculos de colonização. Representante do bioma Mata Atlântica, a região apresentava, em 1962, aproximadamente 225 mil hectares de vegetação florestal nativa, cerca de 16% de sua extensão territorial. Mudanças profundas na economia brasileira, especialmente após os anos 1950, com o Plano Nacional de Metas, o processo de descentralização da indústria em São Paulo e com o projeto nacional de modernização da agricultura, iniciado na década de 1960, trouxeram para a região novos determinantes para as trajetórias futuras do uso e cobertura da terra. O objetivo desta pesquisa foi entender as conexões socioeconômicas e biofísicas do Vale do Paraíba Paulista com o processo de transição florestal. A metodologia para desenvolver a pesquisa incluiu o mapeamento do uso e cobertura da terra (anos de 1985, 1995, 2005 e 2011) por meio de imagens Landsat-5 ThematicMapper, modelos de análise de mudanças por regressão logística e redes neurais, entrevistas estruturadas e semiestruturadas com stakeholders e aplicação de questionários em noventa propriedades rurais. Foi observado que a cobertura florestal em 2011 alcançou aproximadamente 446 mil hectares, crescimento de 98% em relação a 1962. Esse processo ocorreu majoritariamente sobre áreas de pastagens degradadas (74%) e nas regiões com declividades superiores a 20%. Essa pesquisa indica um processo de transição florestal decorrente do mercado internacional de commodities (polpa de celulose de eucalipto), das políticas públicas para conservação, da diminuição das atividades agropecuárias, do desenvolvimento econômico industrial na região, da participação da sociedade no controle do desmatamento e do estado de escassez florestal no bioma Mata Atlântica.

TESE COMPLETA: Eucalipto e Mata Atlântida: analise do uso e cobertura da terra e suas conexões biofísicas, políticas e socioeconômicas

[TESE DIGITAL] Tomada de decisão e motivação para conservação de ecossistemas : estudo de caso do “Conservador das Águas”

Tipo: TESE DIGITAL

Nível: Doutorado

Título: Tomada de decisão e motivação para conservação de ecossistemas : estudo de caso do “Conservador das Águas”

Autor(es): Rodrigues, Marjorie Delgado Alves, 1984-

Orientador: Vieira, Simone Aparecida, 1967-

Resumo: O projeto Conservador das Águas localizado em Extrema, Minas Gerais, é o primeiro projeto de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no país a ser implementado por um governo local e tem sido usado como um modelo para outras experiências. O projeto paga os agricultores para cumprir a legislação ambiental federal, por meio do reflorestamento de áreas de proteção permanente das nascentes e rios, e para ir além desta legislação. Este estudo de caso analisou se projetos de PSA podem promover uma mudança de comportamento dos stakeholders, internalizando a necessidade provisão dos serviços ambientais na tomada de decisão da gestão da paisagem e uso dos recursos naturais. Esta pesquisa caracterizou o projeto de PSA e seus stakeholders, bem como as suas responsabilidades, e compreensão do projeto Conservador das Águas; identificou as motivações e os fatores que direcionam os tomadores de decisão para estimular, financiar e participar do projeto; investigou como a presença do Conservador das Água influenciou a dinâmica local do uso da terra; analisou se o PSA pode ajudar os produtores rurais a cumprirem a legislação ambiental e como esta ferramenta pode ser usada na governança ambiental. Os dados da pesquisa foram coletados entre julho e agosto de 2014 e em julho de 2015 através de entrevistas com os stakeholders do projeto. O nível de educação e o acesso à informação, bem como a experiência pessoal e os laços sociais foram importantes para o entendimento do projeto e para o processo de tomada de decisões relacionadas ao uso da terra e ao meio ambiente. Os resultados da pesquisa indicam que o projeto melhorou os meios de subsistência, criou oportunidades para aqueles que querem ficar na área rural, e aumentou a consciência sobre a legislação ambiental e as questões ambientais. O Conservador das Águas mudou o comportamento de alguns dos agricultores mostrando que é possível ter uma produção agrícola e conservar as matas ciliares reflorestadas. Além disso, o projeto também influenciou o cumprimento da legislação ambiental.

TESE COMPLETA: Tomada de decisão e motivação para conservação de ecossistemas : estudo de caso do “Conservador das Águas”

[TESE] A Restauração Ecológica e a Ditadura da Floresta

Tipo: Tese

Nível : Doutorado

Titulo: A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E A DITADURA DA FLORESTA

Autor(a): Rolf Bateman

Orientador(a): Thomas Michael Lewinsohn

Resumo: Embora o conhecimento para a restauração ecológica tenha se ampliado consideravelmente nos últimos 30 anos, a ciência e as práticas relacionadas ainda são bastante incipientes. No Brasil a restauração se iniciou em ecossistemas florestais na Mata Atlântica, há cerca de 150 anos. A atividade se estendeu a outros biomas conforme cresceram o interesse social, as exigências legais e os estudos científicos relacionados. A fim de identificar diferenças entre projetos de restauração de ecossistemas florestais e não-florestais desenvolvidos na atualidade, examinamos 75 projetos de restauração ecológica. Métodos aplicados por diferentes instituições (empresas, ONGs, entidades governamentais e proprietários de terra) e com diferentes motivações (pesquisa, exigências legais e voluntariado) foram examinados nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Campos Sulinos através de entrevistas, atividades de campo e análise documental. De forma geral, os métodos usados por restauradores de ecossistemas nos três biomas são semelhantes, apesar das diferentes características ecológicas entre seus ambientes. Diferentes motivações também não determinaram a aplicação de métodos de restauração distintos. Quanto às instituições, no entanto, a diversidade e inovação das técnicas aplicadas são maiores quando universidades e centros de pesquisa estão envolvidos. O plantio de mudas arbóreas, embora mais oneroso do que outras técnicas aplicáveis e nem sempre o mais adequado, é o método mais utilizado e recomendado. A preferência pelas árvores em detrimento a outros organismos impõe o estabelecimento das florestas mesmo nos biomas onde os ecossistemas de vegetação aberta prevalecem. Sugerimos que a repetição de procedimentos em circunstâncias distintas é fruto de problemas no fluxo de informações entre instituições, da força das tradições e tem origens históricas e econômicas.

TESE COMPLETA: A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E A DITADURA DA FLORESTA

[TESE DIGITAL] Uso dos recursos hídricos na expansão sucro energética em áreas de bioma cerrado

Tipo: TESE DIGITAL

Nível: Doutorado

Título: Uso dos recursos hídricos na expansão sucro energética em áreas de bioma cerrado

Autor (es): Moura, Erika Ferreira.

Orientador: Zullo Junior, Jurandir.

Resumo: A pesquisa identificou impactos sobre os recursos hídricos ocorridos devido à expansão da cultura de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol no bioma Cerrado, onde a prática de irrigação se faz necessária em períodos de déficit hídrico. Essa expansão ocorre devido à maior demanda mundial por etanol, que hoje assume posição de alternativa aos combustíveis fósseis, um dos possíveis responsáveis pelo aquecimento global. Como os critérios relacionados ao uso da água e pressões sobre recursos hídricos são incipientes, sobretudo na fase agrícola da produção de etanol, e cenários futuros sobre mudanças climáticas para a região já apontam aumento de temperatura e variação no regime de chuvas na região, há uma grande necessidade de mensurar e discutir a questão do uso da água na expansão do setor sucroalcooleiro. Para isso, utilizou-se a metodologia da “Pegada Hídrica”, tendo como estudo de caso dois municípios do estado de Goiás: Jataí e Quirinópolis. Esses dois municípios, por serem bastante representativos na dinâmica da expansão da cana, fornecem informações importantes sobre a pressão que esta cultura agrícola vem exercendo no uso da água. Os resultados demonstram que o uso da água para irrigação ainda não compromete os recursos hídricos da região. Porém a expansão da área de cultivo, de acordo com os cenários de mudanças climáticas, afetará esse recurso nos próximos 20 anos devido ao aumento expressivo da demanda.Tais informações podem contribuir para a avaliação de critérios de gestão ambiental relacionados ao uso da água na produção de biocombustíveis, na avaliação da pressão da produção de etanol de cana-de-açúcar sobre os recursos hídricos e na proposição de medidas para redução de impactos sobre esses recursos

TESE COMPLETA: Uso dos recursos hídricos na expansão sucro energética em áreas de bioma cerrado

[REPORTAGEM] Sob tensão, Amazônia se curva à linha tênue entre a preservação ambiental e a expansão agrícola

Titulo: Sob tensão, Amazônia se curva à linha tênue entre a preservação ambiental e a expansão agrícola

Autora: Marina Rosso – Corresponsal do JORNAL PAIS.

Ano: 2018

Terras indígenas e unidades de conservação localizadas no pulmão do mundo estão na mira das eleições deste domingo. A bordo de uma caminhonete robusta, Almir Narayamoga Suruí, acelerou. “Segura, tá?”, disse ele à repórter do EL PAÍS, enquanto o veículo atravessava parte da selva amazônica, rumo à Terra Indígena Sete de Setembro. É ali que mora seu povo, que lhe dá o sobrenome, a etnia Suruí Paiter. “Temos medo”, diz Almir, ao mencionar o candidato Jair Bolsonaro, que pode ser o próximo presidente do Brasil. Durante a campanha, o ultradireitista repetiu seguidas vezes que acabará com o “ativismo ambiental xiita” e com a “indústria de demarcação de terras indígenas”. As falas soam descoladas de um país que diminuiu o registro oficial de terras dos povos originais já no Governo de Dilma Rousseff, por pressão de ruralistas, e onde notícias de assassinatos de ativistas têm se multiplicado. “Suas palavras de ódio podem representar um retrocesso para nós”, sentencia.

Fronteira entre uma fazenda, à esquerda, e o Território Indígena Suruí.

                                                                         Fronteira entre uma fazenda, à esquerda, e o Território Indígena Suruí.VICTOR MORIYAMA

As aldeias da Sete de Setembro – entre os municípios de Cacoal (RO) e Rondolândia (MT), — já convivem com esses sinais de retrocessos na disputa para preservar seu território, cada vez mais cercado por invasores. Há um mês, a área foi alvo de uma operação da Polícia Federal em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) na região, deflagrada para frear exploração ilegal de madeira nas terras indígenas locais. Segundo a PF, toras de árvores nobres, como mogno e ipê, eram derrubadas das terras dos índios e cortadas em serrarias próximas às reservas indígenas dos Suruí Patier, e também da reserva Igarapé Lourdes, do povo indígena Gavião. O EL PAÍS visitou a região na última semana e encontrou serrarias no entorno das reservas funcionando a todo vapor.  A madeira roubada dali era levada a um depósito na região, que regularizava as toras com documentação falsa. A ação da polícia havia afastado os madeireiros temporariamente. Mas eles voltaram, como sempre voltam. “Eu só não achei que seria tão rápido”, lamenta Almir Suruí, em meio a imensos troncos derrubados. Muitos acampamentos ilegais sequer foram desfeitos, e o rastro de lixo e até de roupas no meio da floresta evidenciava a presença recente dos exploradores na mata.

A terra Sete de Setembro é onde o desmatamento ilegal mais cresce entre os dois Estados. De 2015 até maio deste ano, a devastação aumentou 77% na reserva, segundo estudo do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) feito em Rondônia e Mato Grosso. Além da exploração madeireira há registros de invasões e atividades ligadas ao garimpo de ouro e diamante, muito presentes na região.

“A extração de madeira vai aumentar drasticamente porque quem é pego nessa atividade é tido como trabalhador, diferentemente do tráfico. Mas tem um lucro tão alto quanto o tráfico e ainda recebe apoio político”

Embora seja crime, o assalto de terras indígenas conta com uma certa aceitação pela falta de controles. “A atividade [de exploração] é intensa, porque compensa financeiramente. O lucro é muito alto e o risco é baixo, porque os órgãos ambientais estão sucateados”, afirma uma fonte que acompanha ações de fiscalização do meio ambiente. Nos últimos cinco anos, o Orçamento do ministério do Meio Ambiente, que sustenta órgãos fiscalizadores como o Ibama e o Instituto Chico Mendes para a Biodiversidade (ICMBio), diminuiu mais de 1,3 bilhão de reais, segundo levantamento da ONG Contas Abertas e a WWF-Brasil, divulgados em março deste ano.

 

Foto aérea de uma serraria à margem do Território Indígena Suruí.

Foto aérea de uma serraria à margem do Território Indígena Suruí.VICTOR MORIYAMA

Sem dinheiro para fiscalizar e punir, o quadro futuro é muito preocupante. “A extração de madeira vai aumentar drasticamente porque quem é pego nessa atividade é tido como trabalhador, diferentemente do tráfico. Mas tem um lucro tão alto quanto o tráfico e ainda recebe apoio político”, afirma a mesma fonte. Bolsonaro já desdenhou de órgãos, como o Ibama. Quando passou para o segundo turno, ele declarou suas intenções para o órgão. “Vamos acabar com a indústria de multas do Ibama”. Já prometeu também fundir os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Acabou recuando dizendo que está aberto a negociar.

Ainda que recue, as palavras do candidato acertam em cheio o já incerto direitos dos indígenas. Arildo Gapane Suruí teme as ameaças proferidas pelo capitão. “Com essas palavras, ele subsidia as ações de quem tem interesses sobre a Amazônia”, diz. “Os interesses vão aumentar e as ameaças também. E para qual órgão nós vamos denunciar essas ações, se ele quer acabar com o Ibama e o ICMBio?”, questiona.

Ao redor da terra dos Suruí Patier há muitas igrejas —a imensa maioria evangélicas— e pastos para o gado. Parecem reproduzir a sociedade das bancadas da bíblia e do boi no Congresso – deputados que defendem interesses religiosos e dos ruralistas, respectivamente –. A tensão na região, gerada pelos conflitos de terra, ganham força com a representatividade da bancada da bala, formando a tríplice BBB, a ala mais conservadora do Congresso. Com pouca representatividade em Brasília, os interesses de quem defende a mata são deixados de lado.

Nos últimos 30 anos, o desmatamento na Amazônia totalizou uma área equivalente à da Suécia. Somente entre agosto do ano passado e agosto deste ano, a derrubada da floresta cresceu 40%, impulsionada por invasões, caça e pesca, grilagem de terras e queimadas. O estrago só não foi maior porque raramente a derrubada massiva de árvores acontece em territórios indígenas, que pertencem por lei ao ao Governo Federal. Essas áreas costumam ser vigiadas também por órgãos de proteção ao meio ambiente e encontram na cultura nativa, baseada em plantio e caça de subsistência, uma agressão ambiental menor. Mais virgens, e ricos em minério, esses territórios são fortemente cobiçados e estão em constante risco.

Link: Sob tensão, Amazônia se curva à linha tênue entre a preservação ambiental e a expansão agrícola

[TESE] A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E A DITADURA DA FLORESTA

Titulo: A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E A DITADURA DA FLORESTA

Autor (a): Rolf Bateman

Orientador (a): Thomas Michael Lewinsohn

Data de defesa: 29/03/2016

Resumo: Embora o conhecimento para a restauração ecológica tenha se ampliado consideravelmente nos últimos 30 anos, a ciência e as práticas relacionadas ainda são bastante incipientes. No Brasil a restauração se iniciou em ecossistemas florestais na Mata Atlântica, há cerca de 150 anos. A atividade se estendeu a outros biomas conforme cresceram o interesse social, as exigências legais e os estudos científicos relacionados. A fim de identificar diferenças entre projetos de restauração de ecossistemas florestais e não-florestais desenvolvidos na atualidade, examinamos 75 projetos de restauração ecológica. Métodos aplicados por diferentes instituições (empresas, ONGs, entidades governamentais e proprietários de terra) e com diferentes motivações (pesquisa, exigências legais e voluntariado) foram examinados nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Campos Sulinos através de entrevistas, atividades de campo e análise documental. De forma geral, os métodos usados por restauradores de ecossistemas nos três biomas são semelhantes, apesar das diferentes características ecológicas entre seus ambientes. Diferentes motivações também não determinaram a aplicação de métodos de restauração distintos. Quanto às instituições, no entanto, a diversidade e inovação das técnicas aplicadas são maiores quando universidades e centros de pesquisa estão envolvidos. O plantio de mudas arbóreas, embora mais oneroso do que outras técnicas aplicáveis e nem sempre o mais adequado, é o método mais utilizado e recomendado. A preferência pelas árvores em detrimento a outros organismos impõe o estabelecimento das florestas mesmo nos biomas onde os ecossistemas de vegetação aberta prevalecem. Sugerimos que a repetição de procedimentos em circunstâncias distintas é fruto de problemas no fluxo de informações entre instituições, da força das tradições e tem origens históricas e econômicas

Palavras Chave: Ecologia de restauração Biodiversidade – Brasil, Sul Cerrados – Brasil Mata Atlantica – Aspectos ambientais

Link: Bateman_Rolf_D

[TESE] VELHOS CAMINHOS, NOVAS NARRATIVAS: A ROTA PEDESTRE PASSOS DOS JESUÍTAS – ANCHIETA, NATUREZA E SOCIEDADE NO LITORAL DE SÃO PAULO.

Título: VELHOS CAMINHOS, NOVAS NARRATIVAS: A ROTA PEDESTRE PASSOS DOS JESUÍTAS – ANCHIETA, NATUREZA E SOCIEDADE NO LITORAL DE SÃO PAULO.

Autor (a): Patrícia Nunes da Silva Mariuzzo

Orientador (a): Aline Vieira de Carvalho

Data de defesa: 16/11/2016

Resumo: Em diálogo com o campo história cultural e história ambiental, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, essa pesquisa teve como objetivo analisar a construção de narrativas oficiais sobre determinadas materialidades urbanas; arquitetadas com finalidade explícita de criar o patrimônio cultural e rotas turísticas específicas (dentro do contexto de mercantilizarão da cultura e do próprio patrimônio cultural). A metodologia se baseou em uma abordagem qualitativa, com opção pelo estudo de caso e pesquisa de campo. Nosso ponto de partida foi a crença de que o patrimônio ¿ seja ele cultural ou natural ¿ é uma construção discursiva que tem efeitos concretos que podem ser vivenciados pelos indivíduos, sejam eles da comunidade local ou turistas.

Palavras Chave: Turismo cultural Ecoturismo Peregrinos e peregrinações Narrativas Interpretação do patrimônio natural e cultural.

Link: Mariuzzo_PatriciaNunesdaSilva1972-_D

[TESE] MICRORREALIDADES TRANSFORMADAS PELO TURISMO EM SÃO MIGUEL DO GOSTOSO – RN

Titulo: MICRORREALIDADES TRANSFORMADAS PELO TURISMO EM SÃO MIGUEL DO GOSTOSO – RN

Autor (a): Esdras Matheus Silva Matias

Orientador (a): Aline Vieira de Carvalho

Coorientador: Benjamin OretizEspejel

Data de defesa: 01/02/2017

Resumo: O Turismo é uma área essencialmente interdisciplinar, que busca suporte em outras ciências para consolidação dos seus estudos. Nesta pesquisa, alinhamos a Micro-História e a Teoria de Sistemas Complexos para entender as transformações das microrrealidades do município de São Miguel do Gostoso (Rio Grande do Norte). Microrrealidades são histórias de pessoas comuns que traduzem e elucidam aspectos microscópicos de uma realidade. Objetivou-se analisar como o contexto sociocultural, ambiental e econômico de uma localidade, pode ser transformado pelo fenômeno turístico. Como pilar metodológico optou-se pela pesquisa qualitativa. Realizou-se 52 entrevistas semiestruturadas com quatro grupos de atores (Donos de escolas e/ou guardarias de esporte à vela; constituintes do poder público municipal; integrantes de associações, ONG e/ou comitês; representação religiosa e grupo de moradores com representatividade na história local). As imersões de campo ocorreram entre 2014 e 2016. Além disso, utilizou-se de observação direta participante, análise documental e material audiovisual. Os resultados da pesquisa ressaltam que houve transformações relevantes nas microrrealidades dos entrevistados. Dois fatos foram importantes para entender essas mudanças: a emancipação do município em 1993 e a chegada da primeira escola de kite surf nos anos 2000, que fomentou o turismo náutico. Os impactos mais proeminentes foram: esvaziamento das tradições culturais, aumento da especulação imobiliária e do custo de vida, poluição sonora, problemas de coleta de lixo e gestão dos recursos hídricos. Por outro lado, contribuições positivas foram enumeradas quanto à pluralidade de culturas, sensibilização e educação ambiental, visibilidade da cidade, conscientização política e engajamento socioambiental. Concluiu-se que as questões de ordem macro, como as políticas públicas de turismo no Nordeste, foram determinantes na reconfiguração das microrrealidades dos moradores locais. As microrrealidades socioculturais, econômicas e ambientais foram transformadas pelo fluxo turístico, definindo o turismo como a principal atividade econômica da região, relocando as forças de trabalho e projetando o município para o mundo.

Link: Matias_E.M.S_D

http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/321763

[TESE – DIGITAL] UM LUGAR NA CAATINGA: CONSUMO, MOBILIDADE E PAISAGEM NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO.

Titulo: UM LUGAR NA CAATINGA: CONSUMO, MOBILIDADE E PAISAGEM NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO.

Autor (a): Rafael Abreu de Souza

Orientador (a): Aline Vieira de Carvalho

Coorientador: Célia Regina Tomiko Futemma

Data de defesa: 29/03/2017

Resumo: A região Nordeste do Brasil tem sido vista, ao menos desde finais do século XIX, ora como zona pobre, com base em visões deterministas sustentadas por abordagens simplistas nas quais a desertificação, a seca, a fome e a pobreza são encontradas invariavelmente juntas, ora como região diaspórica, argumentação pautada no fato de incidir, em parte, sob ambiente com características áridas marcado por episódios de seca. Estas tratativas deram forma a um rígido e poderoso corpo discursivo no qual o chamado “sertão” é apresentado como homogêneo, materialmente estático, isolado e degradado. Esta tese busca construir uma narrativa crítica à idéia de estaticidade, pobreza e isolamento dos camponeses do sertão, a partir da análise da materialidade das casas de barro localizadas nos estados de Pernambuco, Piauí e Ceará. Foco é dado às características materiais cotidianas das populações sertanejas ao longo do século XX, ressaltando aspectos relacionados ao consumo, a mobilidade e a paisagem recorrendo a ferramentas da arqueologia do passado contemporâneo, da antropologia rural e da ecologia histórica para mostrar como mudar e continuar o mesmo pode inverter lógicas capitalistas e ter papel fundamental no mundo globalizado.

Palavras Chave:  casa, camponeses, sertão, consumo, mobilidade.

Link: Souza_RafaelDeAbreuE_D

http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/324280

[TESE – DIGITAL] – COM O TIME EM CAMPO:: MEGAEVENTOS ESPORTIVOS, COPA VERDE E OS CONFLITOS DE UMA AGENDA AMBIENTAL GLOBAL

Titulo: COM O TIME EM CAMPO:: MEGAEVENTOS ESPORTIVOS, COPA VERDE E OS CONFLITOS DE UMA AGENDA AMBIENTAL GLOBAL

Autor (a): Michelle da Costa Portela

Orientador (a): Lúcia da Costa Ferreira

Data de defesa: 30/05/2017

Resumo: Este estudo versa sobre os conflitos sociais na arena ambiental da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, no contexto da inclusão do Brasil e do BRIC’s no roteiro de megaeventos de abrangência global, e os sentidos sobre sustentabilidade desencadeados nesse processo. Se por um lado, o projeto desenvolvimentista soube incorporar esse elemento na centralidade da realização do evento, como força legitimadora do país hospedeiro às expectativas de países middle-class, a compreensão sobre os movimentos sociais que se organizaram em torno dos megaeventos corrobora estudos recentes sobre coalizões de grupos que, embora ainda de fundo de resistência neoliberal e mantendo uma grande variedade de objetivos, valores e modelos de organização, têm sido capazes de obter a convergência ideológica e compartilha formas de ação, enfatizadas pelas oportunidades oferecidas pelos eventos internacionais, tais como megaeventos.

Palavras Chave: Copa do Mundo (Futebol) (2014: Brasil), Conflito social, Comunicação, Sustentabilidade.

Link: Portela_MichelleDaCosta_D

[ARTIGO] Meio Ambiente no Brasil – mma.gov.br

Titulo: MEIO AMBIENTE NO BRASIL – 2019 – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA): 

Autor: Ministério do Meio Ambiente – Esplanada dos Ministérios, Bloco B –  Brasília-DF Brasil

Ano:

Contato: Assessoria Internacional – Tels: (55.61) 317.1146, 317. 1236, 317.1259 Fax: (55.61) 322.8939
correio eletrônico: asin@mma.gov.br

Introdução: Nosso país é conhecido por suas proporções continentais, uma enorme variedade climática, um gigantesco patrimônio ambiental e a maior diversidade biológica do planeta. A conservação de tais recursos às portas do novo milênio é, todavia, cada vez mais desafiadora. À medida que se consolidam demandas direcionadas ao resgate da enorme dívida social existente em nosso país, cresce proporcionalmente a pressão sobre a utilização dos recursos naturais disponíveis, tais como a expansão da fronteira agrícola e o extrativismo. Garantir, pois, que a utilização dos recursos naturais seja feita de forma apropriada, de acordo com os pressupostos fundamentais do desenvolvimento sustentável, é nossa missão e desafio. Em um país que se destaca pela marcada interação com o meio ambiente e mais de 16% do território correspondem a áreas de proteção ambiental, o Ministério do Meio Ambiente luta para garantir que o uso desta herança natural seja feito de forma racional, em atenção às gerações atual e futura, visando à completa realização das potencialidades do homem, seu bem-estar e harmonia com a natureza.

Palavras Chaves: IBAMA. Patrimonio Ambiental e Miniisterio do Meio Ambiente

Link: Meio Ambiente no Brasil

http://www.mma.gov.br

[ARTIGO] Desenvolvimento Sustentável: uma discussão ambiental e social

Titulo: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL : uma discussão ambiental e social

Autor: Carla Montefusco de Oliveira – Depto. Serviço Social –UFRN.

Ano: 2007

Paginas: 07

 

Resumo: As discussões em torno da temática da sustentabilidade surgem a partir da necessidade de se repensar uma interação fundamental à existência humana – a relação homem/ natureza. O descompasso existente entre a utilização e a preservação do meio-ambiente gera um modelo de “desenvolvimento” econômico que reflete em problemas sócio-ambientais de grande magnitude. Na busca pela construção de rumos alternativos para a história, a dimensão de sustentabilidade deve estar presente nas diversas esferas da sociedade, indo desde a preservação ambiental,passando pela defesa da democracia e pela garantia da vida humana.

INTRODUÇÃO. As discussões em torno da temática da sustentabilidade surgem a partir da necessidade de se repensar uma interação fundamental à existência humana – a relação homem/ natureza – e fazendo isso sob bases distintas daquelas que se valem da idéia de que o crescimento econômico é sinônimo de progresso social. Nesse sentido, já na década de 1960, faziam-se visíveis as desastrosas conseqüências de um modelo de desenvolvimento balizado por uma racionalidade exclusivamente econômica, de modo que, notava-se desde esse período

Link: Desenvolvimento Sustentavel_Carla Montefusco de Oliveira_III JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS São Luís – MA, 28 a 30 de agosto 2007.

III JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS São Luís – MA, 28 a 30 de agosto 2007.

[ARTIGO] Temas ambientais relevantes

Titulo: TEMAS AMBIENTAIS RELEVANTES

Autor: Eneas Salati, Ângelo Augusto dos Santos e Israel Klabin

Ano: 2006

Paginas: 21

Introdução: Este trabalho, apresentado originalmente no seminário “Brasil: O País no Futuro – 2022”, é uma contribuição específica para que a modelagem proposta de uma previsão do Brasil nos próximos dezessete anos possa ser pensada e enriquecida com os temas da agenda ambiental, cujo impacto, a nosso ver, é crucial e determinante para o futuro. Em nossa análise, o projeto prospectivo deve levar em conta as conseqüências políticas, econômicas e sociais das transformações globais e dos biomas brasileiros, as quais fatalmente modificarão os vetores de uma análise simplesmente geopolítica. Quais seriam os temas ambientais mais relevantes para o Brasil? A rigor, todo ser humano (para não generalizar, todo “ser vivo”) relaciona-se inexoravelmente com o ambiente, alterando-o de alguma forma. Demonstrar as interações coevolutivas entre o ser humano e o ambiente seria uma abordagem interessante para traçar as rupturas num cenário futuro, mas se afastaria do objetivo deste trabalho. Os temas ambientais mais relevantes para o Brasil foram escolhidos de acordo com o ponto de vista e a experiência dos autores e analisados, segundo seus impactos para a natureza.

Palavas Chaves: Mudanças Climáticas Globais, Biomas Brasileiros, Hábitats e Desmatamento.

Link: Texto de Apoio. – Temas Ambientais Relevantes. – Eneas Salati, Angelo Augusto dos Santos e Israel Klabin

revista – ESTUDOS AVANÇADOS 20 (56), 2006

[DOCUMENTO] A DEFESA E OS RECURSOS NATURAIS NA AMÉRICA DO SUL – Contribuições para uma Estratégia Regional

 Titulo: A DEFESA E OS RECURSOS NATURAIS NA AMÉRICA DO SUL – Contribuições para uma Estratégia Regional

Autor: Alfredo W. Forti – Diretor CEED

Ano: 2014

Paginas: 22

Apresentação: Este documento foi preparado como uma contribuição à Conferência de “Defesa e Recursos Naturais”, que será realizada em Buenos Aires de 9 a 11 de Junho de 2014. Seus conteúdos e propostas baseiam-se nos principais objetivos de integração da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) e as posições, princípios e definições acordadas no âmbito do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) e outros Conselhos setoriais da União. No entanto, as recomendações descritas aqui representam propostas do autor a fim de gerar insumos para a discussão desta importante Conferência, que tem como objetivo “identificar as linhas orientadoras que poderia adotar o setor de defesa para a preservação e proteção dos recursos estratégicos,
como contribuição deste sector para uma estratégia sul-americana integral sobre os recursos naturais”; e “fazer recomendações e propostas de alcance regional para a defesa dos recursos naturais estratégicos na UNASUL”.

Alfredo W. Forti, Diretor do CEED

INTRODUÇÃO: Uma apreciação do cenário global internacional leva inevitavelmente, a partir de qualquer perspectiva, a prever uma tendência irreversível para as próximas décadas: a demanda crescente pelos recursos naturais. Esta tendência é identificada em inúmeros relatos de agências especializadas da Organização das Nações Unidas (ONU), estudos prospectivos de agências governamentais nos principais países industrializados, organizações não governamentais e fóruns internacionais, como o Fórum Econômico Mundial em Davos. Eles monitoram sistematicamente a política e a economia global e, a partir disso, tanto os governos como as empresas, fazem estratégias para garantir o acesso, controle e o aproveitamento dos cada vez mais escassos recursos, muitos dos quais são –e serão cada vez mais– fontes vitais para sustentar suas economias e as necessidades da população.

Link: Documento – A defesa e os recursos naturais na America do Sul – Alfredo W. Forti

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